Noite de chuva fez um morto e provocou centenas de inundações
O mau tempo que se fez sentir esta noite e madrugada um pouco por todo o país provocou quase 700 inundações, dezenas de deslizamentos de terras e desabamentos e derrubou centenas de árvores. Para além dos prejuízos materiais e dos cortes de estradas e ferrovias, a situação mais dramática ocorreu em Pombal, onde uma idosa morreu na sequência de uma inundação.
Entre os distritos mais afectados estão os de Lisboa, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Coimbra e Guarda.
Um autocarro com cerca de 50 crianças foi arrastado esta manhã pelas águas de um rio no concelho de Soure, sem causar vítimas. As crianças foram todas retiradas e não sofreram qualquer ferimento.
O vendaval que assolou a zona de Coimbra causou dezenas de inundações, mas não há notícia de vítimas. De acordo com os bombeiros, na cidade do Centro do país vive-se uma situação de "verdadeiro caos". O trânsito no IC2, a Norte de Coimbra, continua interrompido no sentido Sul-Norte.
Prejuízos em Pombal "são incalculáveis"
Vários concelhos do distrito de Leiria registaram inundações, sendo a cidade de Pombal a mais afectada. A chuva intensa que caiu em Pombal provocou a inundação do centro da cidade, tendo submergido a zona do jardim municipal.
A Câmara de Pombal accionou o Plano Municipal de Emergência para fazer face à situação causada pelo mau tempo no concelho, onde uma mulher com cerca de 80 anos de idade, que sofria de problemas cardíacos, morreu hohe de madrugada ao ver a sua casa inundada.
Segundo o presidente da autarquia, Narciso Mota, "os prejuízos são incalculáveis". O acesso rodoviário ao centro da cidade de Pombal vai estar fechado nas próximas horas para permitir as operações de limpeza das vias.
Foram registadas dezenas de inundações nos distritos de Leiria e Santarém, especialmente nos concelhos de Ourém, Leiria, Pombal e Porto de Mós, de acordo com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
O plano distrital de cheias de Santarém foi activado esta manhã, depois de uma das barragens do rio Tejo ter atingido a sua capacidade máxima.
Tempo melhorou ao início da manhã
A par da diminuição das chuvas fortes e persistentes que se abateram sobre aquela zona, também a acção dos bombeiros permitiu uma melhoria da situação.
Cinco pessoas tiveram de ser retiradas de madrugada no concelho de Porto de Mós, no distrito de Leiria, devido a inundações nas suas residências.
Os concelhos de Coimbra, Condeixa, Souselas e Montemor, no distrito de Coimbra, também registaram muitas inundações, especialmente de carácter urbano, embora em menor grau.
A escola básica do 1º ciclo de Porto da Lage, em Tomar, foi evacuada ao final da manhã devido à subida do nível das águas da ribeira da Bezelga, afluente do rio Nabão.
O mau tempo provocou também inundações em Aveiro, Albergaria-a-Velha, Anadia e Mealhada.
A subida do caudal do rio Mondego inundou várias habitações da zona do Vale do Mondego, próximo da Guarda.
Duas estradas estavam cortadas na Serra da Estrela, às 09h00, devido ao desabamento de terras.
Bombeiros de Lisboa receberam 230 pedidos de ajuda
Os Sapadores Bombeiros de Lisboa registaram, entre as 20h00 de ontem e as 11h00 de hoje, 230 pedidos de auxílio, a maioria relacionados com algerozes entupidos, inundações e quedas de árvores, mas por volta das 12h30 a situação estava normalizada.
Os locais mais problemáticos foram a Calçada de Carriche, à entrada de Lisboa; a zona do Estádio da Tapadinha, em Alcântara; e as ruas Vítor Cunha Rego e Eduardo Covas.
Todas as 25 viaturas dos Sapadores de Lisboa saíram para as ruas para acorrer a inundações e quedas de árvores.
Fonte da corporação disse à Lusa que se registaram inundações em habitações e na via pública, mas sem nota de danos materiais.
O trânsito na Calçada de Carriche, no sentido Odivelas-Lisboa, foi reaberto às 02h15, depois de ter estado encerrado desde as 23h45 de ontem devido às chuvas.
O mau tempo que fustigou a área da Grande Lisboa durante a noite causou também inundações em vários pontos do concelho de Odivelas e provocou cortes de energia eléctrica em várias zonas de Lisboa, que entretanto já foram resolvidos.
A queda de mais de uma centena de árvores ocupou durante toda a noite os bombeiros dos distritos a Sul do Tejo, onde o vento soprou com intensidade.
Circulação nas linhas do Algarve e do Norte já está normalizada
A chuva e o vento forte que fustigaram de madrugada a região do Alentejo causaram a queda de dezenas de árvores e inundações em habitações e vias públicas.
A circulação ferroviária na Linha do Algarve, entre Tunes e Faro, foi restabelecida às 09h00, após a resolução da queda de uma catenária, enquanto a Linha do Norte, entre Souselas e Coimbra B, foi normalizada às 12h30, depois de ter sido cortada devido a acumulação de água.
Um aluimento de terras na Estrada Nacional 220, em Moncorvo, e inundações em garagens foram as principais consequências do mau tempo ao longo da noite nos distritos de Porto, Bragança, Viana do Castelo e Vila Real.
A quantidade de chuva registada desde o início do mês em Portugal continental já excedeu a média mensal para Outubro, à excepção de Faro.