Madrid - 15 de agosto de 2023

"Charneca" Mundial

Super Célula
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28 Nov 2018
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Corroios (cota 26); Aroeira (cota 59)
Boa tarde,

No regresso a casa a partir do Algarve no dia 15/8/2023 decidi fazer um passeio até Madrid. Nunca tinha ido à capital de Espanha mas já tinha ido a cidades históricas em redor (Toledo, Segóvia, Ávila, etc.). Parti de Cabanas de Tavira por volta das três e meia da manhã e ainda parei numa gasolineira na autoestrada perto de Huelva para atestar o carro pela primeira vez, por volta das cinco da manhã espanholas. Apanhei o nascer do sol perto de Écija, por volta das sete da manhã, e às nove da manhã lá cheguei à passagem de Despañaperros. :)

Esta passagem tem uma história bastante longa já que é um vale entre a Meseta Meridional e o vale do Guadalquivir. É das poucas zonas onde é possível atravessar da região central de Espanha para a Andaluzia sem ter que fazer a travessia longa pela Serra Morena e/ou os Montes de Toledo, e por essa razão foi o local onde a estrada principal que liga Madrid ao sul do país foi construída. Durante a Exposição Universal de 1992 em Sevilha, praticamente toda a antiga estrada nacional foi convertida em estrada duplicada (posteriormente renomeada para "autovía"), tendo a única exceção sido esta travessia de Despañaperros. A travessia da serra continuou a ser feita através da estrada antiga e duma variante que tinha sido construída em 1982 até 2011, altura em que foram inaugurados os túneis de Despañaperros. A variante de 1982 está entretanto em desuso, sendo que houve zonas onde foi completamente demolida pelas autoridades do Parque Natural e outras onde são usadas para ações dos serviços de emergência e que, portanto, foram preservadas. Num dos miradouros ao longo da estrada original dá para ver um trecho da tal variante em desuso que não foi demolido, bem como a linha ferroviária ao lado (inclusive cheguei a ver passar um comboio) e a paisagem impressionante do local: :surprise:
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Depois dum pequeno-almoço, de mais uma ida à gasolineira para atestar o carro e de duas horas de caminho, lá cheguei aos arredores de Madrid. Como há bastantes restrições ao trânsito automóvel dentro da cidade em si acabei por estacionar o carro num bairro nos subúrbios da cidade, perto de Getafe, no parque de estacionamento da estação ferroviária e de metro. À ida fui de comboio e posso dizer que a experiência de andar em comboio em Espanha é talvez a experiência mais estranha que alguma vez tive na vida. Estão a ver como os espanhóis se comportam nos restaurantes ou em grupos em geral? É a mesma coisa dentro da carruagem, com berraria por todo o lado. Já vi coisas a acontecerem nos comboios portugueses relacionadas com o ruído por muito menos do que aquela barulheira... :hmm:
O contraste entre o comboio cheio de espanhóis à ida e o metro cheio de imigrantes latino-americanos no regresso é bastante visível: enquanto os espanhóis à ida, por volta da uma da tarde, iam todos a falar alto dentro do comboio, o regresso com uma maioria de imigrantes foi bem calmíssimo. Claramente há uma questão cultural bem forte em Espanha, ou pelo menos em grande parte do país, que faz com que as pessoas falem demasiado alto e que tal seja aceite socialmente, coisa que não seria certamente em Portugal...
Tirando essas questões de base cultural, o serviço da Renfe e do Metro de Madrid bate muitos pontos à CP e ao Metro de Lisboa, respetivamente. Todas as estações estavam limpíssimas, o comboio chegou pontualíssimo e as frequências e a abrangência do Metro de Madrid dão 10 a zero ao Metro de Lisboa. A única coisa que diria que nos transportes na AML é melhor que em Madrid é que o sistema de pagamento dos transportes em Lisboa é bem simples, enquanto que em Madrid é extremamente confuso e caro.
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Acabei por não fotografar grande coisa dentro de Madrid porque estava com fome e o calor era intenso (penso que estiveram uns 36ºC nessa tarde), mas aquilo que é a minha opinião pessoal é que, se uma pessoa sai das zonas mais turísticas e históricas da cidade, com os famosos palácios, museus e praças abertas, Madrid é uma cidade fraquinha e com muito pouca coisa para ver. Também dificilmente voltaria no dia 15 de agosto, visto que parece que é a época baixa da cidade e a larga maioria dos restaurantes estava fechada, bem como todos os locais históricos por onde passei. Acabei por almoçar no Burger King, visto que a alternativa era o típico restaurante turístico onde eu certamente iria ser mal servido e extorquido. :facepalm:
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Ainda assim consegui visitar arranha-céus a sério e que não estão abandonados (os arranha-céus de Benidorm, quando visitei Benidorm em abril de 2019, estavam abandonados - não tenho a certeza se entretanto já foram reabilitados). A sensação de estar perante quatro estruturas com pelo menos 250 m de altura é impressionante e é algo que nunca me irei esquecer: :nicephoto:
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Há muitos anos que eu tinha a intenção de fotografar esta placa relacionada com as estradas espanholas. Historicamente este era o local de onde partiam as seis estradas radiais do país vizinho, para Donostia (1), Girona (2), Valência (3), Cádis (4), Badajoz (5) e a Corunha (6). Todas as outras estradas nacionais são definidas a partir do local em que surgem - se surgem entre a estrada radial 1 e 2 têm uma nomenclatura de três algarismos que vai do 100 ao 199, entre a radial 2 e 3 do 200 ao 299, e assim sucessivamente. Hoje em dia nenhuma das tais estradas radiais, maioritariamente duplicadas e convertidas em autoestradas, parte desta placa central, mas o quilómetro zero destas continua a ser definido a partir deste sítio (uma situação bem caricata, digamos).
A placa é um local em que muita gente gosta de fotografar. Eu bem me esforcei para não ter que fotografar pés de pessoas, mas ainda assim não consegui superar o objetivo: :angry:
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Regressando ao carro, fui até à vila de Mejorada del Campo, onde fui dar uma vista de olhos à Catedral de Justo Gallego. A história da catedral é impressionante e merece toda uma leitura. Podia ter ficado um bocado mais de tempo a visitar a catedral mas, porque já eram cinco da tarde espanholas e tinha de vir para casa e por razões de segurança, acabei por apenas fotografar a catedral e abalar imediatamente:
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Depois de uma paragem para um lanche perto de Oropesa, duas idas à gasolineira para atestar o carro - uma em Oropesa e outra em Badajoz -, 20€ de portagem e seis horas de condução, lá cheguei a casa aqui à Charneca de Caparica pouco antes das onze da noite. Foi a maior viagem de carro que fiz até ao momento num só dia, com 1200 km de condução e muitas horas ao volante. :shocking:
 
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