Aqui vai um texto bem interessante que revela o quanto era normal ao longo dos tempos a queda de neve em Guimarães
"No extraordinário diário vimaranense que o paleógrafo João Lopes de Faria nos legou, encontram-se diversas notícias de nevões em terras de Guimarães. Por exemplo:
03 de Fevereiro 1684: Cai extraordinária quantidade de neve, que atingiu grande altura, levantando-se também furiosa ventania que causou enormes estragos, destruiu e lançou por terra corpulentas árvores.
11 de Fevereiro 1695: Na capa de pergaminho de uma nota do tabelião Nicolau de Abreu, pela parte de dentro, está escrito o seguinte: "A 11 de Fevereiro de 1695 foi o ano (deveria dizer o dia?) da maior neve que houve há muitos anos e assim o afirmam homens de muita idade e entanto que desceram muitos lobos cá para baixo e um chegou à Madrôa e viu muita gente e foi pelo campo da Honra às Lameiras do Palhares e aí o viu Francisco Borges Peixoto da quinta de Laços.”
14 de Janeiro 1830: "Apareceu, logo de manhã, tudo coberto de folheca." P. L.
26 de Dezembro 1836 "Ao amanhecer apareceu tudo coberto de neve, de maneira que estavam os telhados das casas, as ruas, terreiros e montes todos brancos. Não havia exemplo de uma camada de neve tão grande desde Janeiro de 1829 em que houve uma igual, e da qual se supôs a quase extinção da ferrugem (bicho) das oliveiras, tendo desde então dado as oliveiras bastante azeite, o que há muitos anos não tinha acontecido, muito principalmente nesta província do Minho, onde muitos lavradores tinham cortado os seus olivais por lhe não darem azeite". P. L.
11 de Abril 1837: Caiu por espaço de algumas horas uma tão grande quantidade de neve, a que chamam folheca, que cobriu todos os montes e se não fosse a chuva que se lhe seguiu custaria muito a derreter, fazendo um frio intensíssimo. As pessoas que tinham sido atacadas de gripe continuavam a passar incomodadas por causa do frio, o qual tinha sido tão continuado, que só apenas no fim de Março é que tinham havido alguns dias em que o tempo esteve mais macio. Por este tempo ainda estavam, uma parte das vides por arrebentar e as que tinham arrebentado ou eram de casta ou eram das que estavam abrigadas. Os poucos gomos de vide que haviam estavam amarelos. Os poucos centeios que tinham espigado, tinham sido queimados pela neve e, em geral, havia poucas ervas porque o Inverno tinha sido muito seco e tinha havido muitas neves. PL
3 de Abril 1847: De manhã apareceu tudo coberto de neve, levando bastante tempo a derreter e havendo um intensíssimo frio. Toda a gente se admirou de haver tanta neve e tão tarde. Em algumas partes a neve subiu acima de 2 palmos de altura.
24 de Agosto 1850: Neste dia caiu neve em Guimarães e nos dias seguintes houve calor.
13 de Fevereiro 1853: Neste dia e nos dois seguintes caiu no concelho grande quantidade de neve, que atingiu altura de 2 palmos.
17 de Fevereiro 1853: Lê-se no Braz Tisana - Guimarães, 17 de Fevereiro. Hoje está um dia muito lindo; mas a neve por enquanto vai resistindo ao sol. Os males que a neve tem causado são muito graves. Em Basto está o povo fechado nas casas, pois consta que a neve ali tem a altura de homem: é certo que nem o correio tem vindo. Para os sítios de Barroso parece que morreram três almocreves, bem como as cavalgaduras, todos gelados. Para os lados de Fafe foi a neve tanta que três dias se não pôde sair para fora das casas, muitas das quais se alagaram e caíram, bem como oliveiras, laranjeiras e outras árvores que não puderam com o peso da neve. Em Pentieiros (Guimarães) consta que morreu um almocreve com as cavalgaduras enterradas na neve. Para os sítios da Serra de Santa Catarina os vizinhos tiveram de fazer buracos nas casas para puderem passar o comer uns dos outros e o mesmo aconteceu para os lados de Abação. Do Marão ainda nada se sabe, só sim dos lobos virem de lá fugindo. Enfim, não obstante o dia lindo de hoje, os montes, os campos e os telhados estão cobertos de neve. Teme-se muito que morra o gado com fome por não poder pastar. - Há já bastantes acções de 1.000$000 réis cada uma para a construção do novo teatro.
25 de Janeiro 1880: Desde o meio-dia à meia hora da tarde caiu folheca abundantemente. A Penha ficou toda branca de neve, o termómetro marcava dentro, em casa, 10 graus centígrados.
8 de Janeiro 1889: Das 3 às 4 e meia da tarde caiu tanta folheca que chegou nas ruas a ter 4 dedos de altura, e depois choveu muito que a derreteu toda.
7 de Janeiro 1895: Caiu muita folheca: a Penha ficou toda branca.
8 de Fevereiro 1898: Às 8 horas da manhã caiu tanta folheca que cobriu o monte da Penha até S. Roque.
2 de Fevereiro 1902: Domingo. - De manhã houve grande nevada que caindo em pequenos flocos e com a atmosfera seca, deu causa a um fenómeno deslumbrante. Às 11 horas da manhã o regimento nº 20 de infantaria, com mais de 200 homens, saía da missa na igreja de S. Francisco e seguia para o quartel pelo Toural, produziu-se um destes quadros que poucas e raras vezes se presenciam, marchando o regimento sobre uma chuva de flores brancas que em grande quantidade atapetava o chão e se penduravam dos bonés, ombros e fardas dos militares produzindo um efeito fantástico. Na 2ª feira de manhã e durante a noite novas quedas de neve se produziram em tamanha abundância que os telhados pareciam todos enormes, cobrindo por completo as casas; a Penha esteve encantadora. Alguns carros das carreiras de Braga e Basto não saíram e os que de lá vieram chegaram muito mais tarde e os cavalos cansadíssimos. Tiraram-se algumas vistas fotográficas da cidade. Dizia-se que desde 1854 não houvera igual. Em algumas ruas atingiu 5 centímetros.
11 de Fevereiro 1906: A Penha esteve coberta de neve.
1 de Março 1908: Neste dia, de manhã, e também no dia seguinte de manhã, apareceu a Penha coberta de neve, desde o Senhor dos Serôdios até à Fonte Santa.
27 de Janeiro 1915: Desde as 6 até às 7 da manhã caiu neve em abundância que atingiu 5 centímetros de altura; era uma delícia ver os montes, nos quais se conservou 8 dias, árvores e telhados tudo coberto de neve. As serras do Gerês, Marão, Lameira cobertas com grande altura.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento"
tirado de http://sarmento.weblog.com.pt/arquivo/2006/01/_em_guimaraes_t.html
essa da neve em Agosto é que me deixou


"No extraordinário diário vimaranense que o paleógrafo João Lopes de Faria nos legou, encontram-se diversas notícias de nevões em terras de Guimarães. Por exemplo:
03 de Fevereiro 1684: Cai extraordinária quantidade de neve, que atingiu grande altura, levantando-se também furiosa ventania que causou enormes estragos, destruiu e lançou por terra corpulentas árvores.
11 de Fevereiro 1695: Na capa de pergaminho de uma nota do tabelião Nicolau de Abreu, pela parte de dentro, está escrito o seguinte: "A 11 de Fevereiro de 1695 foi o ano (deveria dizer o dia?) da maior neve que houve há muitos anos e assim o afirmam homens de muita idade e entanto que desceram muitos lobos cá para baixo e um chegou à Madrôa e viu muita gente e foi pelo campo da Honra às Lameiras do Palhares e aí o viu Francisco Borges Peixoto da quinta de Laços.”
14 de Janeiro 1830: "Apareceu, logo de manhã, tudo coberto de folheca." P. L.
26 de Dezembro 1836 "Ao amanhecer apareceu tudo coberto de neve, de maneira que estavam os telhados das casas, as ruas, terreiros e montes todos brancos. Não havia exemplo de uma camada de neve tão grande desde Janeiro de 1829 em que houve uma igual, e da qual se supôs a quase extinção da ferrugem (bicho) das oliveiras, tendo desde então dado as oliveiras bastante azeite, o que há muitos anos não tinha acontecido, muito principalmente nesta província do Minho, onde muitos lavradores tinham cortado os seus olivais por lhe não darem azeite". P. L.
11 de Abril 1837: Caiu por espaço de algumas horas uma tão grande quantidade de neve, a que chamam folheca, que cobriu todos os montes e se não fosse a chuva que se lhe seguiu custaria muito a derreter, fazendo um frio intensíssimo. As pessoas que tinham sido atacadas de gripe continuavam a passar incomodadas por causa do frio, o qual tinha sido tão continuado, que só apenas no fim de Março é que tinham havido alguns dias em que o tempo esteve mais macio. Por este tempo ainda estavam, uma parte das vides por arrebentar e as que tinham arrebentado ou eram de casta ou eram das que estavam abrigadas. Os poucos gomos de vide que haviam estavam amarelos. Os poucos centeios que tinham espigado, tinham sido queimados pela neve e, em geral, havia poucas ervas porque o Inverno tinha sido muito seco e tinha havido muitas neves. PL
3 de Abril 1847: De manhã apareceu tudo coberto de neve, levando bastante tempo a derreter e havendo um intensíssimo frio. Toda a gente se admirou de haver tanta neve e tão tarde. Em algumas partes a neve subiu acima de 2 palmos de altura.
24 de Agosto 1850: Neste dia caiu neve em Guimarães e nos dias seguintes houve calor.
13 de Fevereiro 1853: Neste dia e nos dois seguintes caiu no concelho grande quantidade de neve, que atingiu altura de 2 palmos.
17 de Fevereiro 1853: Lê-se no Braz Tisana - Guimarães, 17 de Fevereiro. Hoje está um dia muito lindo; mas a neve por enquanto vai resistindo ao sol. Os males que a neve tem causado são muito graves. Em Basto está o povo fechado nas casas, pois consta que a neve ali tem a altura de homem: é certo que nem o correio tem vindo. Para os sítios de Barroso parece que morreram três almocreves, bem como as cavalgaduras, todos gelados. Para os lados de Fafe foi a neve tanta que três dias se não pôde sair para fora das casas, muitas das quais se alagaram e caíram, bem como oliveiras, laranjeiras e outras árvores que não puderam com o peso da neve. Em Pentieiros (Guimarães) consta que morreu um almocreve com as cavalgaduras enterradas na neve. Para os sítios da Serra de Santa Catarina os vizinhos tiveram de fazer buracos nas casas para puderem passar o comer uns dos outros e o mesmo aconteceu para os lados de Abação. Do Marão ainda nada se sabe, só sim dos lobos virem de lá fugindo. Enfim, não obstante o dia lindo de hoje, os montes, os campos e os telhados estão cobertos de neve. Teme-se muito que morra o gado com fome por não poder pastar. - Há já bastantes acções de 1.000$000 réis cada uma para a construção do novo teatro.
25 de Janeiro 1880: Desde o meio-dia à meia hora da tarde caiu folheca abundantemente. A Penha ficou toda branca de neve, o termómetro marcava dentro, em casa, 10 graus centígrados.
8 de Janeiro 1889: Das 3 às 4 e meia da tarde caiu tanta folheca que chegou nas ruas a ter 4 dedos de altura, e depois choveu muito que a derreteu toda.
7 de Janeiro 1895: Caiu muita folheca: a Penha ficou toda branca.
8 de Fevereiro 1898: Às 8 horas da manhã caiu tanta folheca que cobriu o monte da Penha até S. Roque.
2 de Fevereiro 1902: Domingo. - De manhã houve grande nevada que caindo em pequenos flocos e com a atmosfera seca, deu causa a um fenómeno deslumbrante. Às 11 horas da manhã o regimento nº 20 de infantaria, com mais de 200 homens, saía da missa na igreja de S. Francisco e seguia para o quartel pelo Toural, produziu-se um destes quadros que poucas e raras vezes se presenciam, marchando o regimento sobre uma chuva de flores brancas que em grande quantidade atapetava o chão e se penduravam dos bonés, ombros e fardas dos militares produzindo um efeito fantástico. Na 2ª feira de manhã e durante a noite novas quedas de neve se produziram em tamanha abundância que os telhados pareciam todos enormes, cobrindo por completo as casas; a Penha esteve encantadora. Alguns carros das carreiras de Braga e Basto não saíram e os que de lá vieram chegaram muito mais tarde e os cavalos cansadíssimos. Tiraram-se algumas vistas fotográficas da cidade. Dizia-se que desde 1854 não houvera igual. Em algumas ruas atingiu 5 centímetros.
11 de Fevereiro 1906: A Penha esteve coberta de neve.
1 de Março 1908: Neste dia, de manhã, e também no dia seguinte de manhã, apareceu a Penha coberta de neve, desde o Senhor dos Serôdios até à Fonte Santa.
27 de Janeiro 1915: Desde as 6 até às 7 da manhã caiu neve em abundância que atingiu 5 centímetros de altura; era uma delícia ver os montes, nos quais se conservou 8 dias, árvores e telhados tudo coberto de neve. As serras do Gerês, Marão, Lameira cobertas com grande altura.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento"
tirado de http://sarmento.weblog.com.pt/arquivo/2006/01/_em_guimaraes_t.html
essa da neve em Agosto é que me deixou




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