A saída das 12 do GFS está quase a sair mas vou fazer desde já uma atualização das condições do tempo para os Açores nas próximas 72 horas (mais do que isso não vale a pena porque os modelos podem mudar)...
A oeste do arquipélago vários núcleos depressionários, incluindo uma depressão aberta em dissipação, continuarão a originar um fluxo meridional de sul com ar tropical rico em água precipitável. Este evento não terá muita intensidade, sendo no geral fraco a moderado, e será mais pronunciado nos níveis baixos. O cisalhamento será fraco a moderado (<20 m/s). O SB/MLCAPE mais elevado estará geralmente a sul do arquipélago (não faço referência ao MUCAPE do Arpége porque no Meteociel estão 3 saídas diferentes ao mesmo tempo). Não me parece que vá haver um grande arrefecimento ao longo da atmosfera, tendo isto consequência na instabilidade geral.
Resumidamente, parece-me que o G. Ocidental deve esperar chuva miúda e e persistente no início do rio atmosférico. A chuva aumentará de intensidade, passando a ser fraca a moderada, à medida que o ar saturado em altitude chega às ilhas. Deve ser esperada a ocorrência de chuva ocasionalmente moderada a forte devido à presença da referida depressão aberta e ao conteúdo moderado a elevado de água precipitável (>20 mms). O rio atmosférico move-se com pouca velocidade, podendo os acumulados ser interessantes. Mas em altitude não há assim tanto ar saturado. Portanto, haverá uma certa incerteza que só será resolvida com o
nowcasting.
Quanto à possibilidade de trovoada, o transporte do SB/MLCAPE de sul (onde há menos convecção) para norte certamente aumentará a força convectiva das eventuais células. Apesar de os gradientes térmicos não serem muito favoráveis, podem surgir algumas células interessantes. Mas não há grandes condições para a sua sustentabilidade. Trovoada, assim, é algo pouco provável. Também não vejo grandes condições para eventos meteorológicos severos.
As condições no G. Central deverão ser eventualmente semelhantes às do G. Ocidental. A gradual diminuição das forças convectivas implicará uma equivalente redução na intensidade e duração da precipitação.
No final das 72 horas, o GFS modela que a chuva decorrente do rio atmosférico fica parada no G. Central (diminuindo gradualmente de intensidade). Lá para a 6ª feira formar-se-á no longínquo Atlântico oeste uma ciclogénese explosiva que afetará indiretamente o arquipélago. Prefiro esperar para que haja um cenário mais claro acerca dos efeitos no arquipélago.
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Estimativa da chuva para os próximos 5 dias (GFS, 6Z):