E, mais uma vez, as previsões dos meteogramas GFS falham redondamente...
Basicamente, choveu mais num dia do que aquilo que tinham previsto para a semana inteira.
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O GFS falha mais golos do que uma dupla de pontas de lança que jogou no Penafiel dos anos 80, Wasagandia Kaki, conhecido como Wassan, e Gringo. Estes "craques" partilharam o ataque penafidelense durante um ano e em conjunto conseguiram atingir a maravilhosa marca de um golo! Um excelente golo, com toda a certeza...
E assim termina o momento "Bolão de Cultura" do Fórum Meteopt.com
Então vamos a um pouco mais de cultura. O GFS é um modelo global com uma resolução de apenas 0.5º, sensivelmente uma malha de 40km nas nossas latitudes/longitudes. Ilhas como as dos Açores ou Madeira básicamente não existem no modelo pelo que processos como os orográficos por exemplo não são modelados por falta de resolução.
Acresce ainda a incerteza convectiva, extremamente difícil de acertar em qualquer modelo, num local podem cair 50mm e noutro não muito longe pode cair quase nada.
Um modelo global serve de orientação, cabe depois a cada um com base nos seus conhecimentos, quer de modelos, quer das especificidades locais, analisar por exemplo se existe instabilidade associada, água precipitável, forçamentos, etc,etc.
Há modelos de mesoescala com melhor resolução, por exemplo está disponível um domínio do WRF para os Açores:
http://www.gisclimaat.angra.uac.pt/previsao/cwrf.php?dia=20130301_00&var=PREC&dom=3
http://climetua.fis.ua.pt/fields/acores/precip
Mas mesmo estes modelos de mesoescala também não são infalíveis, tem muitas vantagens, mas por outro lado também é preciso entender como funcionam, por exemplo um mesoescala pode ampliar imenso os erros dum modelo global que o alimentou, pode por exemplo modelar bastante bem uma zona convectiva com imensa precipitação mas ela ocorrer depois completamente ao lado de onde veio efectivamente a ocorrer. É um pouco como uma lupa ou um microscópio, vemos as coisas melhor, mas se estivermos a ver um pouco ao lado do que interessa, estamos a ver tudo mal. Isto numa ilha com orografia relevante (e outros locais) tem muito que se diga, pode por exemplo haver muita água precipitável conjugada com outras condições que um mesoescala passa ao lado modelando, mero exemplo, 20mm/h no mar, que se passasse por erro essas mesmas condições numa zona com serra a pouca distância, modelaria 50 ou 100mm/h.
Em resumo, convém perceber as potencialidades dos modelos numéricos mas também as suas limitações, limitações que existem em todo o lado, mas que em pequenas ilhas no meio de um Oceano são ainda maiores.