Tornado castiga zona rural de Limeira(SP)
Um tornado se formou no céu de Limeira, no final da tarde de anteontem, e assustou os moradores que presenciaram o fenômeno meteorológico. O professor Fernando Bryan Frizzarim estava na sacada de sua casa, próxima ao Limeirão, quando percebeu algo incomum no céu - uma nuvem em formato de cone apareceu em vendaval no lado leste. "O fenômeno todo durou quinze minutos e era imenso. Medindo a distância, dava dez vezes a altura da caixa d'água da empresa TRW", relatou.
O aposentado Rubens Maaz teve o rancho de sua propriedade destruído parcialmente no bairro dos Pires, na zona rural. "Quando a nuvem tocou o chão, foi como um choque e fez um estouro. Todos os vizinhos ficaram assustados", relatou. "Em 71 anos, nunca vi nada assim. Não fez muito estrago, mas levou 30 telhas e duas vigas de madeira", disse. As vigas pesam cerca de 30 quilos e foram lançadas a 15 metros de distância.
Segundo o pesquisador do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp, Jurandir Zullo Júnior, o fenômeno foi considerado um tornado porque a nuvem em forma de cone tocou o solo, mas foi de uma categoria mais fraca. "O funil estreito o caracteriza como de menor classe. Por isso não trouxe tantos problemas. Em Indaiatuba, tivemos um caso de tornado, mas com funil mais largo, que fez muito estrago", explica.
A nuvem em formato de cone, e, consequentemente, o tornado, acontece quando há o choque de massas de ar quente e frio. De acordo com o professor de Hidrologia e Drenagem da FT (Faculdade de Tecnologia) da Unicamp, Hiroshi Paulo Yoshizane, um tornado é um ciclone pontual, com raio máximo de 600 metros de abrangência. O fenômeno de domingo foi pontual e ocorreu devido à superfície topográfica favorável do município. "O que permitiu uma rápida ascensão de ar quente que encontrou uma massa de ar frio", elucida.
Edson Geraldo Janoski também estava em casa no momento do fenômeno. "Vi a formação do que parecia ser um tornado. A nuvem foi ficando cada vez maior e, depois, foi se dissipando do mesmo jeito que se formou", falou. Segundo Hiroshi, as imagens que as pessoas viram do tornado da cidade já eram parte do fenômeno perdendo a força.
Para Zullo Júnior, é possível que um novo tornado seja formado, principalmente nesta época - final da primavera ou no início do outono -, porque a nuvem em cone é associada às de tempestades, chamadas nimbus. Segundo ele, não há como prever a ocorrência de um tornado, porque não há monitoramento adequado. "Mas a orientação é sempre fugir do fenômeno e nunca enfrentá-lo. Ele muda muito de direção e tem que tomar muito cuidado com os destroços, que podem ser jogados com força e a grande distância", recomenda.
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