A notícia aparece na 1ª página e os esclarecimentos no meio do jornal (num cantinho bem pequenino). Continua-se na mesma:
A PJ desde o fim de semana defende a origem do incêndio como natural. Se a PJ mudar isso a culpa vai ser da imprensa.
O embuste não vai consistir na cobertura das alegações absurdas de um indivíduo que falou certamente com base em conjeturas que fez das notícias que leu (o Marta Soares há muito que devia ter esclarecido a situação mas por razões óbvias duvido que o vá). É o encobrimento dos problemas crónicos usando a excecionalidade do evento:
Pedrógão Grande. SIRESP não funcionou durante mais de 14 horas
De que forma é que as falhas (já conhecidas e não resolvidas) afetaram a operacionalidade do aparato de segurança? Durante o tempo em que os operacionais estiveram a falar para o boneco nos rádios o que é que não foi feito? Quantas mortes ou danos podem ser ligados às falhas do sistema principal (enquanto os operacionais usavam os meios alternativos)?
Infelizmente não guardei a reportagem mas há um vídeo (na RTP se não me engano) por aí em que o Secretário de Estado diz que ninguém sabia o que passava no Sábado (estava tudo à nora). Isso não é propriamente novidade mas quais foram as falhas?
De facto a imprensa serve mal o público mas não é
pelos motivos que estão a dizer. Em qualquer país do mundo a imprensa cobre exaustivamente os desastres. No 11 de Setembro até se viu a malta a cair de cabeça para o chão e no incêndio de Londres teria acontecido o mesmo. Para os ingénuos, acrescento que hoje em dia há de tudo na 'net. Está tudo a reagir com base na emocionalidade desmesurada mas há que ser um pouco mais racional.
Novamente, e as 2 horas que a Proteção Civil demorou a confirmar que não tinha caído um avião? Na altura até se desculpa já que pode estar tudo assustado. Mas já passaram dias e os comentadores indígenas de má qualidade ainda não se lembraram disso. Continuam-se a entreter com a informação trivial e a substância passa ao lado. É o que há.