Sismo no Haiti causa inúmeras vítimas e destrói edifícios
Um sismo de magnitude 7,0 abalou o Haiti ontem à noite, seguido de fortes réplicas, matando dezenas e fazendo ruir inúmeros edifícios, incluindo os das autoridades públicas. O embaixador do Haiti nos EUA fala em "grande catástrofe". O alerta de 'tsunami' foi entretanto retirado, mas ainda há perigo para barcos e estruturas junto da costa. As Nações Unidas preparam já uma operação maciça de auxílio internacional, para coordenar os esforços de países que mostraram disponibilidade para ajudar o Haiti.
Um repórter da AFP contou que o abalo se prolongou durante um minuto e que os carros saltaram da estrada. Um jornalista da AP disse que a capital Port-au-Prince estava envolva numa nuvem de pó e que se ouviam gritos.
Um responsável do Departamento de Agricultura dos EUA em visita à região contou que viu algumas casas caírem de uma ravina. "Ouvi um estrondo e muitos gritos à distância", descreveu Henry Bahn. "As pessoas estão descontroladas, em pânico. Eu só consegui encostar-me a uma parede", acrescentou.
Testemunhas dão conta de dezenas de mortos, feridos e desaparecidos entre os escombros. Familiares contactados por uma funcionária da CNN referem que viram edifícios destruídos e corpos de vítimas.
Um jornalista de uma televisão haitiana, Haitipal, que emite através da Internet, relatou a ocorrência de desmoronamento de numerosos edifícios públicos da capital, incluindo “o Palácio Nacional, o Ministério das Finanças, o Ministério do Trabalho Público, o Ministério da Comunicação e da Cultura, o Palácio de Justiça, a Escola Superior”, o Parlamento e a Catedral de Port-au-Prince.
A AFP reporta que o sismo destruiu um hospital na capital e que há também edifícios desmoronados em outras localidades do Haiti.
O embaixador haitiano nos EUA anunciou uma "grande catástrofe", no país mais pobre do continente americano e que tem sido devastado por furacões.
O primeiro abalo fez-se sentir às 16.53 (21.53 em Lisboa) e foi seguido potentes réplicas. Para já, até às 01:12, hora de Lisboa, o US Geological Center contabilizava oito, quatro acima de 5,0 graus de magnitude, as restantes perto desse registo. A réplica mais forte foi a primeira registada, às 17:00 locais (22:00 em Lisboa), e chegou aos 5,9, seguida de outra de 5,5 doze minutos depois e uma terceira, de magnitude 5,1, às 18:27 locais, mais cinco horas em Lisboa. Os abalos continuam e às 0:43 (hora de Lisboa) uma das réplicas chegou ao grau 5,0.
O Centro de Alerta de Tsunamis dos EUA avisou para o perigo de uma onda gigante atingir as ilhas num raio de cem quilómetros. A República Dominicana - que divide Hispaniola com o Haiti -, as Bahamas e Cuba soaram o alerta. Horas depois o alerta foi retirado, tendo-se registado apenas um pequeno maremoto local, mas o Pacific Tasunami Warning Center avisa que os riscos para barcos e estruturas costeiras manter-se-á “durante várias horas devido a correntes rápidas”.
Este organismo adianta ainda que foram registados pequenos tsunamis em Santo Domingo, República Dominicana, e em outras áreas das Caraíbas, mas, “com base nestes dados, poderão ter havido ondas de maremoto destruidoras nas zonas junto ao epicentro”.
O epicentro do sismo foi no mar 16 quilómetros ao largo de Port-au-Prince e a dez quilómetros de profundidade. O abalo foi sentido na prisão americana de Guantánamo, na ilha de Cuba.
A população encheu as ruas, as comunicações na região foram seriamente afectadas e as operações de salvamento prometiam continuar pela noite dentro.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, lamentou a tragédia e prometeu que o seu país vai enviar ajuda para o Haiti. Também a França tomou a mesma iniciativa. A Venezuela anunciou que vai enviar uma equipa de 50 peritos em operações de socorro e as Nações Unidas preparam já uma operação maciça de auxílio internacional.
Um país devastado pelos furacões
O terramoto de ontem é apenas o último de uma série de desastres naturais que têm devastado o Haiti. O pequeno país das Caraíbas resistiu mal à passagem dos furacões, nos últimos anos. No Verão de 2008, as enormes cheias fizeram perto de 800 mortos. Meses depois, o balanço tornou-se mais negro quando uma escola de Port-au-Prince ruiu e esmagou 500 crianças e professores. A maioria dos que sobreviveram ficaram sem casa e tiveram de começar do zero. A ONU apelou à ajuda internacional e em 2009 o FMI perdoou 80% da dívida do país.
O Haiti ocupa o terço ocidental da ilha Hispaniola e faz fronteira com a República Dominicana. É um país extremamente pobre, tendo sido considerado como o mais pobre de todo o continente Americano.
DN Globo