A ideia que tenho é que é tudo muito relativo, depende do conhecimento que temos do que se passa lá em baixo, etc, e do qual vamos sabendo algumas coisas mas ainda poucas pois isto são ramos da ciência ainda na pré-infância em termos de conhecimento, não porque seja assunto a que se dedique pouco estudo ou pouca importância, antes pelo contrário, mas porque é realmente uma área muito dificil de estudar e investigar, onde as dúvidas são muito mais que as certezas.
Se temos duas ou mais placas, enormes e irregulares, em fricção uma com a outra ao longo de centenas ou milhares de quilometros (e não é dificil visualizarmos em pensamento essas situações) a forma como a certa altura há uma ruptura num determinado ponto depende de como tudo se está a passar. São forças monstruosas em jogo, que ergueram bem alto os Himalaias e os Andes, moldaram ao longo de milhões de anos o mundo e os continentes tal como o conhecemos. Haverá alturas onde uma série de sismos pequenos pode ser bom sinal, placas em stress que atingem um ponto de ruptura e a coisa fica por ali mais algum tempo (horas, dias, meses, anos, décadas ou séculos) ou até acaba por ser de muito mais tempo, séculos ou milénios por exemplo. Tudo depende dos movimentos, massas e direcções em jogo. Nalguns locais temos uma ideia geral do que se está a passar, mas não de forma pormenorizada, pois é impossível ir lá ver o que se passa.
Em termos genéricos não é difícil de aceitar que pequenos ou médios sismos sejam um bom sinal, a tal libertação de energia de forma gradual. Imaginemos duas pessoas a disputar uma com a outra um pedaço de tecido. Cada uma puxa para o seu lado. Se o tecido se for rompendo de forma gradual ambos ficam de pé quando quebrar. Se por acaso o tecido rompe de forma abrupta ambos os oponentes caem estrondosamente no chão, cada qual para o seu lado. E se se sabe que existem determinadas placas e respectivos movimentos, e dali não sai nenhum sismo, isso pode ser um pouco preocupante, pode estar a ocorrer uma situação de acumulação de tensão em que dum lado e outro há grande resistência mas que quando quebrar é de forma brutal. Mas haverá outras situações/locais onde uma serie de pequenos sismos pode ser indicador do contrário, do início de uma crise que não existia e que tende a piorar.
O conhecimento que se tem, e que é limitado, depende sobretudo das diversas movimentações que estão a decorrer. Para além disso, mesmo imaginando placas que se estão a afastar, teoricamente sujeitas a menos stress, mesmo nessas situações pode haver pontual e localmente ao longo de milhares de quilometros de fricções pequenos choques e rupturas que para as placas são uns meros encontrões menores do tipo "chega para lá" mas que cá em cima podem acabar por ser sismos devastadores.
Por isso tudo tenho a impressão que depende muito de local para local, do tipo de estudos e registos que se fazem, por exemplo na Califórnia e Japão que são das áreas mais monitorizadas do mundo, nestes locais prestam atenção a tudo, se ocorrerem muitos ou poucos sismos, se há mudanças de padrões, etc, e a partir daí vão tirando conclusões e com relativo sucesso percebem mais ou menos o que se está a passar. Mas é sempre um conhecimento muito limitado.
E o muito que sabemos é sobre as movimentações e choques de placas, que dizer então dos sismos intra placa que vão ocorrendo de vez em quando como parece que foi o sismo agora registado no Brasil que ocorreu no meio da Placa Sul-Americana. Desses sabemos ainda menos do que se passa lá por baixo e a mecânica que os gera. Só sabemos que vão ocorrendo um pouco por todo o mundo (cerca de 5% dos sismos são deste tipo) mas não sabemos quase nada sobre as suas causas que podem ser diversificadas (falhas desconhecidas, subducção, actvidade vulcânica/magma, etc,etc).