Tal como prometido, e com um ligeiro atraso, pelo qual peço desculpa, deixo-vos aqui a primeira parte (foto-reportagem) da viagem que fiz até aos EUA com o Alberto Lunas, entre os dias 21 de Abril e 1 de Maio, com os objectivos de documentar tornados e a vida diária de um stormchaser.
Comprometo-me a referir desde já que as fotos abaixo apenas foram alteradas nos seguintes aspectos: aumento de nitidez e diminuição do ruído, ajustes de contraste e brilho, e ferramenta de cortar e colar para eliminar o lixo visual das fotos.
Caso tenham alguma dúvida sobre a reportagem ou queiram colocar questões pessoais, não hesitem em fazê-lo.
A 2ª parte da reportagem irá agora começar a ser tratada (reportagem em formato de vídeo, mini-documentário) e será também publicada mais tarde.
Dias 18 a 20 de Abril
No dia 18 viajei até Madrid para me encontrar com um membro do fórum de meteorologia Tiempo.com, Alberto Lunas, que participou comigo nesta viagem, e fui muito bem recebido por alguns amigos dele que também se reuniram connosco ao jantar.
Deslocámo-nos até o aeroporto de Barajas, onde tivemos que fazer tempo até chegar a hora de embarque para o voo de Madrid para Londres, da companhia Iberia. Não dormimos quase nada, e mais tarde viríamos a aproveitar para fazê-lo no avião.
A viagem correu bem e após termos chegado a Londres, tínhamos novamente que queimar tempo até ao próximo voo com destino a Dallas, Este voo foi bastante mais cansativo, com uma duração de 9:50 horas até ao destino.
Com as diferenças de fuso-horário e com todas estas horas de viagem, o avião aterrou em Dallas já na tarde do dia 19. Fomos até Arlington, a cidade-base onde iríamos mais tarde reunir-nos com a equipa da Tour.
O tempo que sobrou dava para mais de um dia para descansar e explorar a cidade, os seus pontos de interesse e as principais atracções. À chegada o tempo estava já encoberto e apresentava alguma instabilidade, tendo diminuído gradualmente de nebulosidade ao longo da tarde. A sensação térmica era de bastante calor, mesmo às 20h locais, e o vento soprava com algumas rajadas, entre 20 a 30 km/h.
No final da noite existiam já alguns avisos/alertas de possibilidade de tempo severo para as próximas horas, sendo que a madrugada do dia 20 foi marcada por aguaceiros e trovoadas, acompanhados também de algum vento. Os avisos/alertas eram emitidos no canal “The Weather Channel”, que consultávamos com alguma frequência.
De manhã o céu continuava muito nublado essencialmente por nuvens de baixa e média altitude, devido a uma linha de instabilidade que se tinha formado e que foi passando ao longo do dia. Chovia de forma fraca e a temperatura tinha baixado de maneira considerável.
Dia 21
Sábado dia 21, na parte da manhã, por volta das 10h, reunimos com a equipa numa pequena sala no hotel onde durante aproximadamente 1 hora se fez uma pequena apresentação pessoal de cada um dos participantes e se discutiram as regras mais importantes que teríamos que respeitar para nossa segurança. Os responsáveis pela Tour, Martin Lisius (presidente da empresa Tempest Tours), o condutor, Roberto, e o guia, Bill Reid, contaram-nos algumas das suas melhores experiências em stormchasing.
Foi estipulada uma rotina que consistia em reunir a equipa todos os dias de manhã para uma posterior avaliação das condições meteorológicas previstas para o dia presente, e para estudarmos qual ou quais as melhores áreas para onde ir em busca de tempo severo.
Depois de avaliarmos as condições, chegámos à conclusão de que não eram as melhores e que não estava previsto nada que merecesse uma especial atenção. Concluindo isto, não tínhamos nenhum “objectivo” em concreto.
Arrumada a bagagem na carrinha, era hora de partir do hotel (em Arlington, Texas), por volta das 13h, e lançarmo-nos à estrada. Pouco tempo depois parámos para almoçar.
A meio da tarde fizemos uma nova paragem em Albany, no Texas, onde existia uma exposição/competição de carros típicos americanos, que deu para nos entreter durante mais de uma hora e fazer tempo até ao jantar. Os vários membros da equipa estavam espalhados um pouco por toda a cidade, registando em fotografia e vídeo aquela pequena comunidade e as suas características.
Após termos jantado (ainda em Albany), partimos desta vez para a cidade que iria servir de base para o próximo dia. Poucos quilómetros à frente fomos brindados com um por do sol lindíssimo, que aproveitámos para registar.
Para primeiro dia de viagem, e porque ainda não estávamos habituados a tanto tempo na estrada, este dia pôde ser considerado como uma primeira fase para habituar o corpo ao que iria ser a nossa rotina durante a próxima semana – centenas de quilómetros por dia, horas e horas de viagem, e um cansaço bem notável ao fim do dia. Com a excepção de algumas pequenas interrupções, estivemos sempre em viagem entre as 13h e as 23:40h, hora em que chegámos ao hotel onde permanecemos até ao dia seguinte.
Dia 22
O dia 22 amanheceu com céu limpo e era altura de, depois do pequeno-almoço e mais uma vez, avaliarmos as condições. Os modelos diziam que existia uma remota probabilidade de termos algumas situações de interesse a partir da tarde, altura a partir da qual em que começaram a aparecer os primeiros desenvolvimentos verticais no horizonte (nuvens do tipo Cumulus), o que nos deu alguma esperança para o resto do dia.
Pelo caminho começámos a subir até chegar a Caprock (que fica a 1500 metros de altitude), local onde parámos para fotografar um parque eólico que se encontrava estendido por vários quilómetros.
O céu apresentava cada vez mais Cumulus e alguma nebulosidade alta, e o calor apertava. Com isto tudo formou-se uma célula perto de nós, que se aguentou pouco tempo até se dissipar.
Novamente mais uma paragem, desta vez numa zona montanhosa, com uma vista para quase todos os quadrantes. O por do sol, a sul de Abbot, Novo México, viria a revelar-se mais tarde o ponto alto do dia. Os restos de nebulosidade pertencentes à célula que se dissipou, eram ainda visíveis no horizonte e proporcionaram um enquadramento perfeito para qualquer fotógrafo. O sol espreitava por entre as nuvens, iluminando os campos, e ao mesmo tempo fazendo contraste com as tonalidades muito escuras do céu.
Uns minutos de viagem mais tarde voltámos a encostar na berma, para registar o mesmo evento mas desta vez de outra posição. O silêncio do campo era quebrado por quase uma dezena de máquinas fotográficas a disparar dezenas de fotografias.
Terminado o dia era agora hora de partir para o hotel que ficava em Ratón, ainda no estado do Novo México.
Dia 23
Segunda-feira de manhã podiam já observar-se alguns Cumulus, não muito longe do hotel, por cima das montanhas rochosas. Os modelos diziam para termos algumas esperanças especialmente no final do dia e com o calor acumulado durante a tarde, era possível que estes pequenos desenvolvimentos verticais se intensificassem.
Viajámos até às montanhas rochosas, onde fizemos várias paragens para fotografar as paisagens e a vida selvagem. No caminho fomos surpreendidos por precipitação, de fraca intensidade, de uma célula que entretanto se tinha formado na zona.
Já em Eagle's Nest, Novo México, abastecemos numa bomba de gasolina, a aproximadamente 2600 metros de altitude, e pudemos observar algumas montanhas que ainda apresentavam neve no seu topo.
A observação de radar era uma constante e este apresentava alguma instabilidade que nos fez rumar para outras direcções. O almoço foi servido na cidade de Taos, onde fomos bem recebidos e reconfortámos os nossos incansáveis estômagos…
Durante a tarde conseguimos interceptar uma célula com formações bastante interessantes, perto de Wagon Mound. Para nossa surpresa, fomos brindados com formações do tipo “Mammatus”, bastante definidos e que reflectiam a luz solar, destacando-se de todas as outras nuvens que existiam.
Depois de jantar, e considerando as condições de iluminação existentes nas planícies dos Estados Unidos (praticamente nulas), pensámos em fazer uma observação às estrelas e fotografar as mesmas.
Tornou-se um pouco difícil trabalhar em condições de iluminação inexistente, e era necessário por vezes acender a luz do telemóvel para sabermos onde estávamos e para ver o caminho.
Depois deste dia mais "atarefado", voltámos ao hotel-base, de novo em Ratón, onde tínhamos pernoitado na noite anterior.
Dia 24
Dia 24, Terça-feira, de manhã o céu encontrava-se já nublado com nuvens dispersas do tipo “Cumulus”.
Depois de almoço parámos algumas vezes para ver o que o tempo nos queria dar. Encontrámos, montada num edifício, uma estação meteorológica que nos chamou a atenção.
Mais tarde e já partir da cidade de Model eram bastantes as cortinas de precipitação que se viam. Os moinhos de vento, tradicionais dos Estados Unidos, faziam parte dos principais elementos da paisagem.
Pusemo-nos em posição, uns quilómetros mais à frente, perto de uma pequena célula. Por cima de nós estavam algumas nuvens bastante escuras que pareciam apresentar alguma rotação.
Ao longo do tempo a situação veio a melhorar e já ao final da tarde pudemos registar outro sistema, a Norte de Kim, Colorado, com uma estrutura bem formada e desenvolvida, com o topo a uma altitude muito elevada.
Enquanto estávamos a registar o evento, o vento soprava com algumas rajadas fortes na direcção da célula, um fenómeno chamado de “Inflow Jet” (que costuma verificar-se muitas vezes em situações como esta), e de repente fomos surpreendidos por rajadas, desta vez fortíssimas, que arrastaram muita poeira consigo. Tudo isto durou apenas alguns segundos, não dando tempo sequer para filmar.
O que também começava a fazer parte da rotina era neste momento o por do sol, que voltou a ter o seu destaque especial.
Numa rápida consulta dos modelos, já no hotel em La Junta, estado do Colorado, as notícias para os dias seguintes eram bastante positivas, informação que também se verificava no site do Centro de Previsões dos EUA. Estava prevista bastante energia na atmosfera, e maior probabilidade de tempo severo.
Dia 25
Embora na última noite tivéssemos ficado com maiores expectativas de conseguir observar tornados, o dia 25 deixou-nos um pouco “de pé atrás”.
Nada de significativo aconteceu, algumas nuvens encobriam o céu mas nenhuma delas dava sinais de desenvolvimento. Estava bastante calor, cerca de 31ºC às 13:18h locais, quando estávamos parados em Arlington, Colorado (nome curioso, pois também existe a cidade de Arlington, no Texas), a 1300 metros de altitude. Esta foi fundada em 1881 e era actualmente constituída por poucas dezenas de habitantes.
Durante esta paragem foi possível ver um abrigo usado em caso de tornado, que estava perto de uma casa. Este estava em más condições e soterrado com areia, provavelmente porque já ninguém habitava a casa pertencente ao abrigo.
O tempo ia passando e finalmente surgiu algo que nos chamou a atenção: uma célula que cresceu em Otis, fazendo com que nos deslocássemos até lá para observá-la mais de perto. A precipitação, visível no horizonte e proveniente da mesma era intensa. Não chovia na zona onde tínhamos parado.
Sem mais nada no radar, Yuma, Colorado, foi a localização escolhida como base para o próximo dia.
Dia 26
A análise de rotina indicava um dia de sorte e todos queríamos acreditar nisso. O fim da madrugada e o início manhã tinham sido marcadas por aguaceiros e trovoadas, com algumas descargas perto e rajadas de vento fortes. Quando nos fizemos à estrada estava a chover e trovejar, mas um pouco depois o tempo mudou e o sol começou a espreitar por entre as nuvens.
O almoço foi servido em Lamar, Colorado. O grupo mostrava-se um pouco receoso, pelo facto de os dias anteriores terem sido relativamente calmos para a época.
A meio da tarde, a sorte parecia estar do nosso lado, e fomos ao encontro de uma célula que produzia bastantes descargas eléctricas. Era possível observar relâmpagos com alguma frequência no horizonte. O vento, que soprava com rajadas fortes, assobiava nas linhas de electricidade.
O radar mostrava uma super-célula (tipo de sistema que gera tornados) a desenvolver-se e seguimos para uma localização a Norte de Springfield. Finalmente, e pela primeira vez, estávamos diante de uma massa nebulosa com rotação, com dezenas de quilómetros de altura e um aspecto “de meter respeito”, dadas as tonalidades muitíssimo escuras das nuvens. Em plena tarde, parecia que estava a anoitecer.
Era impressionante a rotação existente mesmo por cima das nossas cabeças, o céu estava todo em movimento. A dada altura começámos a sentir um dos efeitos do poder de uma super-célula, com um aumento rápido da intensidade do vento, que se tornou muito forte, arrastando novamente grandes quantidades de areia (fenómeno chamado de Inflow Jet e que já tinha acontecido no dia 24).
Fomos logo obrigados a abandonar o local e a mudar de posição. Seguimos pela cidade de Two Buttes, e o radar mostrava agora outra super-célula a caminho, prevendo que esta iria “colidir” com a primeira. Algumas pedras de granizo de tamanho considerável atingiam a carrinha à medida que nos aproximávamos de um núcleo de precipitação intensa. Passámos por Reed Timmer, um aficionado de stormchasing que costuma aparecer no Discovery Channel, com o seu veículo “Dominator”. Lá estava ele a observar a célula, parado na berma da estrada, com a equipa de filmagem.
Já a Este da cidade, não havia palavras para descrever o contraste entre o céu e a terra. Sempre com vento forte, a quantidade de raios era impressionante. Uma das descargas provocou um pequeno incêndio a alguns quilómetros de nós. Quando as duas super-células colidiram, o “Inflow Jet” provocado foi intenso, e com ventos de mais de 70 km/h (medidos por radar), manter-me na mesma posição enquanto filmava era completamente impossível. A areia que batia no corpo, transportada pelo vento, dava uma sensação como se estivessem a espetar-se agulhas na pele.
Numa rápida paragem numa bomba de gasolina, onde várias pessoas se abrigavam do vento forte, abastecemos. A pressão era bastante, nem observando as imagens de satélite sabíamos o que fazer porque a situação estava bastante confusa. Toda a estrutura da bomba de gasolina abanava e o vento assobiava em todo o lado.
Altura de voltar à estrada e desta vez andámos apenas alguns minutos até voltar a encostar. Uma das super-células começou a ter uma rotação cada vez mais perto do solo, tendo-se formado uma “Wall Cloud” – nuvem que se forma na base de uma super-célula e que indica a possibilidade de formação de um tornado. Esta apresentava bastante rotação, mas alguns minutos após ter surgido, dissipou-se.
Ficámos durante mais algum tempo na mesma localização, procurando nos céus outros sinais que indicassem a possibilidade de formação de tornados, mas nada mais aconteceu. Restou-nos um espectáculo em primeira fila de relâmpagos que constantemente rasgavam o céu, até que toda a energia presente na atmosfera se esgotasse e acabasse tudo.
Dia 27
O dia 27 começou da melhor maneira. Entre a meia-noite e as duas da manhã, chuva, trovoada e vento fortíssimo fizeram com que eu fosse praticamente a única pessoa acordada a essa hora na rua a registar tudo o que se passava. Fiquei um pouco surpreendido pois na verdade a pouca energia que ainda restava , do dia anterior, na atmosfera, estava a gerar toda aquela instabilidade.
Às 7:45h da manhã o Bill acordou-nos dizendo que era altura de saltar da cama e começar mais um dia de stormchasing, desta vez muito mais cedo. Isto aconteceu devido a uma actualização de modelos de última hora que previam riscos elevados de tornados para a tarde e noite. A área de interesse ficava a centenas de quilómetros e tínhamos que chegar mais ou menos ao início da tarde. Não tivemos tempo para pequeno-almoço nem para nada, foi vestir e ir embora.
Às 8:35h deixámos o hotel e eram já bem visíveis as primeiras torres (nuvens com topo a elevada altitude) no horizonte. Como o dia anterior nos tinha trazido boas experiências, que normalmente fazem as delícias dos stormchasers, notava-se mais ânimo na equipa.
Curiosamente, nesta data (27 de Abril), fazia um ano que tinha acontecido um violento tornado na cidade de Tuscaloosa, que matou dezenas de pessoas e deixou um milhar sem casa.
Parámos em Dodge City, no estado do Kansas, para um abastecimento muito rápido. Mais à frente, almoçámos na cidade de Newton.
O veículo onde nos deslocávamos estava equipado com tecnologia que nos indicava para onde ir e os caminhos mais rápidos, um radar de precipitação, reflectividade da nebulosidade, e que também indicava indícios de rotação nas células, descargas eléctricas, tornados, entre muitas outras funcionalidades. Estavam ainda presentes no mapa, em tempo real, os outros stormchasers como nós, e na tarde deste dia eram mais de 300, concentrados numa área bastante curta. Tínhamos ainda à nossa disposição um rádio que estava sintonizado na estação da NOAA (organização que lança avisos/alertas de tempo severo) e começámos a ouvir os primeiros avisos de tempo severo.
Uma super-célula obrigou-nos a parar a Sul de Council Grove, para uma observação em busca de algo que chamasse a atenção no céu. Mais uma vez o vento estava sempre presente, e a dada altura começou a cair granizo, fazendo-nos abrigar na carrinha. Durante alguns minutos vento e granizo reduziram bastante a visibilidade.
Após um período de acalmia, pusemo-nos em movimento até outra estrada um pouco mais abaixo. Cada um de nós perscrutava calmamente o céu até alguém gritar “FUNNEL CLOUD!” e olharmos para o horizonte e vermos, muito ao fundo, rotação muito baixa, quase a tocar no solo e em rápida deslocação. Sem palavras para mais, altura de entrar na carrinha e começar alguma acção “a sério”.
A cereja no topo do bolo foi mesmo um aviso de tornado, que foi lançado na rádio, para a zona onde estávamos.
Numa área que estava repleta de árvores que dificultavam a visibilidade, conduzimos um pouco “às cegas” até chegar a uma zona com mais visibilidade. Mais uns quilómetros e avistámos novamente uma Funnel Cloud à nossa direita, desta vez a descer lentamente. Numa questão de segundos saímos a correr e observámos um tornado, de fraca intensidade, que estava numa zona de mato, com rotação bastante definida junto ao solo, arrancando bocados de arbustos e árvores. O funil não era visível, pois este tornado de fraca intensidade durou apenas alguns segundos e não deu tempo para levantar poeira e outros detritos que pudessem tornar o funil visível.
Foi um momento de bastante adrenalina, toda a gente filmava e fotografava, até o tornado se dissipar por entre as nuvens. Novamente em viagem, consultávamos constantemente o radar que continuava a mostrar boas condições para tornados. Vimos mais algumas nuvens baixas, mas que não tinham qualquer rotação.
Os avisos de tornado continuavam a passar na rádio e fomos até à pequena cidade de Burlingames, Kansas. À chegada ouvimos pela primeira vez as sirenes a avisar as pessoas de que um tornado se aproximava, e víamos as pessoas a procurar abrigo e a fechar as lojas. Mais tarde não se verificou qualquer tornado e voltou tudo ao normal.
O dia acabou sem mais nada a registar. Faltavam 3 dias para acabar a Tour.
Comprometo-me a referir desde já que as fotos abaixo apenas foram alteradas nos seguintes aspectos: aumento de nitidez e diminuição do ruído, ajustes de contraste e brilho, e ferramenta de cortar e colar para eliminar o lixo visual das fotos.
Caso tenham alguma dúvida sobre a reportagem ou queiram colocar questões pessoais, não hesitem em fazê-lo.
A 2ª parte da reportagem irá agora começar a ser tratada (reportagem em formato de vídeo, mini-documentário) e será também publicada mais tarde.
Dias 18 a 20 de Abril
No dia 18 viajei até Madrid para me encontrar com um membro do fórum de meteorologia Tiempo.com, Alberto Lunas, que participou comigo nesta viagem, e fui muito bem recebido por alguns amigos dele que também se reuniram connosco ao jantar.
Deslocámo-nos até o aeroporto de Barajas, onde tivemos que fazer tempo até chegar a hora de embarque para o voo de Madrid para Londres, da companhia Iberia. Não dormimos quase nada, e mais tarde viríamos a aproveitar para fazê-lo no avião.
A viagem correu bem e após termos chegado a Londres, tínhamos novamente que queimar tempo até ao próximo voo com destino a Dallas, Este voo foi bastante mais cansativo, com uma duração de 9:50 horas até ao destino.
Com as diferenças de fuso-horário e com todas estas horas de viagem, o avião aterrou em Dallas já na tarde do dia 19. Fomos até Arlington, a cidade-base onde iríamos mais tarde reunir-nos com a equipa da Tour.
O tempo que sobrou dava para mais de um dia para descansar e explorar a cidade, os seus pontos de interesse e as principais atracções. À chegada o tempo estava já encoberto e apresentava alguma instabilidade, tendo diminuído gradualmente de nebulosidade ao longo da tarde. A sensação térmica era de bastante calor, mesmo às 20h locais, e o vento soprava com algumas rajadas, entre 20 a 30 km/h.
No final da noite existiam já alguns avisos/alertas de possibilidade de tempo severo para as próximas horas, sendo que a madrugada do dia 20 foi marcada por aguaceiros e trovoadas, acompanhados também de algum vento. Os avisos/alertas eram emitidos no canal “The Weather Channel”, que consultávamos com alguma frequência.
De manhã o céu continuava muito nublado essencialmente por nuvens de baixa e média altitude, devido a uma linha de instabilidade que se tinha formado e que foi passando ao longo do dia. Chovia de forma fraca e a temperatura tinha baixado de maneira considerável.
Dia 21
Sábado dia 21, na parte da manhã, por volta das 10h, reunimos com a equipa numa pequena sala no hotel onde durante aproximadamente 1 hora se fez uma pequena apresentação pessoal de cada um dos participantes e se discutiram as regras mais importantes que teríamos que respeitar para nossa segurança. Os responsáveis pela Tour, Martin Lisius (presidente da empresa Tempest Tours), o condutor, Roberto, e o guia, Bill Reid, contaram-nos algumas das suas melhores experiências em stormchasing.
Foi estipulada uma rotina que consistia em reunir a equipa todos os dias de manhã para uma posterior avaliação das condições meteorológicas previstas para o dia presente, e para estudarmos qual ou quais as melhores áreas para onde ir em busca de tempo severo.
Depois de avaliarmos as condições, chegámos à conclusão de que não eram as melhores e que não estava previsto nada que merecesse uma especial atenção. Concluindo isto, não tínhamos nenhum “objectivo” em concreto.
Arrumada a bagagem na carrinha, era hora de partir do hotel (em Arlington, Texas), por volta das 13h, e lançarmo-nos à estrada. Pouco tempo depois parámos para almoçar.
A meio da tarde fizemos uma nova paragem em Albany, no Texas, onde existia uma exposição/competição de carros típicos americanos, que deu para nos entreter durante mais de uma hora e fazer tempo até ao jantar. Os vários membros da equipa estavam espalhados um pouco por toda a cidade, registando em fotografia e vídeo aquela pequena comunidade e as suas características.
Após termos jantado (ainda em Albany), partimos desta vez para a cidade que iria servir de base para o próximo dia. Poucos quilómetros à frente fomos brindados com um por do sol lindíssimo, que aproveitámos para registar.
Para primeiro dia de viagem, e porque ainda não estávamos habituados a tanto tempo na estrada, este dia pôde ser considerado como uma primeira fase para habituar o corpo ao que iria ser a nossa rotina durante a próxima semana – centenas de quilómetros por dia, horas e horas de viagem, e um cansaço bem notável ao fim do dia. Com a excepção de algumas pequenas interrupções, estivemos sempre em viagem entre as 13h e as 23:40h, hora em que chegámos ao hotel onde permanecemos até ao dia seguinte.
Dia 22
O dia 22 amanheceu com céu limpo e era altura de, depois do pequeno-almoço e mais uma vez, avaliarmos as condições. Os modelos diziam que existia uma remota probabilidade de termos algumas situações de interesse a partir da tarde, altura a partir da qual em que começaram a aparecer os primeiros desenvolvimentos verticais no horizonte (nuvens do tipo Cumulus), o que nos deu alguma esperança para o resto do dia.
Pelo caminho começámos a subir até chegar a Caprock (que fica a 1500 metros de altitude), local onde parámos para fotografar um parque eólico que se encontrava estendido por vários quilómetros.
O céu apresentava cada vez mais Cumulus e alguma nebulosidade alta, e o calor apertava. Com isto tudo formou-se uma célula perto de nós, que se aguentou pouco tempo até se dissipar.
Novamente mais uma paragem, desta vez numa zona montanhosa, com uma vista para quase todos os quadrantes. O por do sol, a sul de Abbot, Novo México, viria a revelar-se mais tarde o ponto alto do dia. Os restos de nebulosidade pertencentes à célula que se dissipou, eram ainda visíveis no horizonte e proporcionaram um enquadramento perfeito para qualquer fotógrafo. O sol espreitava por entre as nuvens, iluminando os campos, e ao mesmo tempo fazendo contraste com as tonalidades muito escuras do céu.
Uns minutos de viagem mais tarde voltámos a encostar na berma, para registar o mesmo evento mas desta vez de outra posição. O silêncio do campo era quebrado por quase uma dezena de máquinas fotográficas a disparar dezenas de fotografias.
Terminado o dia era agora hora de partir para o hotel que ficava em Ratón, ainda no estado do Novo México.
Dia 23
Segunda-feira de manhã podiam já observar-se alguns Cumulus, não muito longe do hotel, por cima das montanhas rochosas. Os modelos diziam para termos algumas esperanças especialmente no final do dia e com o calor acumulado durante a tarde, era possível que estes pequenos desenvolvimentos verticais se intensificassem.
Viajámos até às montanhas rochosas, onde fizemos várias paragens para fotografar as paisagens e a vida selvagem. No caminho fomos surpreendidos por precipitação, de fraca intensidade, de uma célula que entretanto se tinha formado na zona.
Já em Eagle's Nest, Novo México, abastecemos numa bomba de gasolina, a aproximadamente 2600 metros de altitude, e pudemos observar algumas montanhas que ainda apresentavam neve no seu topo.
A observação de radar era uma constante e este apresentava alguma instabilidade que nos fez rumar para outras direcções. O almoço foi servido na cidade de Taos, onde fomos bem recebidos e reconfortámos os nossos incansáveis estômagos…
Durante a tarde conseguimos interceptar uma célula com formações bastante interessantes, perto de Wagon Mound. Para nossa surpresa, fomos brindados com formações do tipo “Mammatus”, bastante definidos e que reflectiam a luz solar, destacando-se de todas as outras nuvens que existiam.
Depois de jantar, e considerando as condições de iluminação existentes nas planícies dos Estados Unidos (praticamente nulas), pensámos em fazer uma observação às estrelas e fotografar as mesmas.
Tornou-se um pouco difícil trabalhar em condições de iluminação inexistente, e era necessário por vezes acender a luz do telemóvel para sabermos onde estávamos e para ver o caminho.
Depois deste dia mais "atarefado", voltámos ao hotel-base, de novo em Ratón, onde tínhamos pernoitado na noite anterior.
Dia 24
Dia 24, Terça-feira, de manhã o céu encontrava-se já nublado com nuvens dispersas do tipo “Cumulus”.
Depois de almoço parámos algumas vezes para ver o que o tempo nos queria dar. Encontrámos, montada num edifício, uma estação meteorológica que nos chamou a atenção.
Mais tarde e já partir da cidade de Model eram bastantes as cortinas de precipitação que se viam. Os moinhos de vento, tradicionais dos Estados Unidos, faziam parte dos principais elementos da paisagem.
Pusemo-nos em posição, uns quilómetros mais à frente, perto de uma pequena célula. Por cima de nós estavam algumas nuvens bastante escuras que pareciam apresentar alguma rotação.
Ao longo do tempo a situação veio a melhorar e já ao final da tarde pudemos registar outro sistema, a Norte de Kim, Colorado, com uma estrutura bem formada e desenvolvida, com o topo a uma altitude muito elevada.
Enquanto estávamos a registar o evento, o vento soprava com algumas rajadas fortes na direcção da célula, um fenómeno chamado de “Inflow Jet” (que costuma verificar-se muitas vezes em situações como esta), e de repente fomos surpreendidos por rajadas, desta vez fortíssimas, que arrastaram muita poeira consigo. Tudo isto durou apenas alguns segundos, não dando tempo sequer para filmar.
O que também começava a fazer parte da rotina era neste momento o por do sol, que voltou a ter o seu destaque especial.
Numa rápida consulta dos modelos, já no hotel em La Junta, estado do Colorado, as notícias para os dias seguintes eram bastante positivas, informação que também se verificava no site do Centro de Previsões dos EUA. Estava prevista bastante energia na atmosfera, e maior probabilidade de tempo severo.
Dia 25
Embora na última noite tivéssemos ficado com maiores expectativas de conseguir observar tornados, o dia 25 deixou-nos um pouco “de pé atrás”.
Nada de significativo aconteceu, algumas nuvens encobriam o céu mas nenhuma delas dava sinais de desenvolvimento. Estava bastante calor, cerca de 31ºC às 13:18h locais, quando estávamos parados em Arlington, Colorado (nome curioso, pois também existe a cidade de Arlington, no Texas), a 1300 metros de altitude. Esta foi fundada em 1881 e era actualmente constituída por poucas dezenas de habitantes.
Durante esta paragem foi possível ver um abrigo usado em caso de tornado, que estava perto de uma casa. Este estava em más condições e soterrado com areia, provavelmente porque já ninguém habitava a casa pertencente ao abrigo.
O tempo ia passando e finalmente surgiu algo que nos chamou a atenção: uma célula que cresceu em Otis, fazendo com que nos deslocássemos até lá para observá-la mais de perto. A precipitação, visível no horizonte e proveniente da mesma era intensa. Não chovia na zona onde tínhamos parado.
Sem mais nada no radar, Yuma, Colorado, foi a localização escolhida como base para o próximo dia.
Dia 26
A análise de rotina indicava um dia de sorte e todos queríamos acreditar nisso. O fim da madrugada e o início manhã tinham sido marcadas por aguaceiros e trovoadas, com algumas descargas perto e rajadas de vento fortes. Quando nos fizemos à estrada estava a chover e trovejar, mas um pouco depois o tempo mudou e o sol começou a espreitar por entre as nuvens.
O almoço foi servido em Lamar, Colorado. O grupo mostrava-se um pouco receoso, pelo facto de os dias anteriores terem sido relativamente calmos para a época.
A meio da tarde, a sorte parecia estar do nosso lado, e fomos ao encontro de uma célula que produzia bastantes descargas eléctricas. Era possível observar relâmpagos com alguma frequência no horizonte. O vento, que soprava com rajadas fortes, assobiava nas linhas de electricidade.
O radar mostrava uma super-célula (tipo de sistema que gera tornados) a desenvolver-se e seguimos para uma localização a Norte de Springfield. Finalmente, e pela primeira vez, estávamos diante de uma massa nebulosa com rotação, com dezenas de quilómetros de altura e um aspecto “de meter respeito”, dadas as tonalidades muitíssimo escuras das nuvens. Em plena tarde, parecia que estava a anoitecer.
Era impressionante a rotação existente mesmo por cima das nossas cabeças, o céu estava todo em movimento. A dada altura começámos a sentir um dos efeitos do poder de uma super-célula, com um aumento rápido da intensidade do vento, que se tornou muito forte, arrastando novamente grandes quantidades de areia (fenómeno chamado de Inflow Jet e que já tinha acontecido no dia 24).
Fomos logo obrigados a abandonar o local e a mudar de posição. Seguimos pela cidade de Two Buttes, e o radar mostrava agora outra super-célula a caminho, prevendo que esta iria “colidir” com a primeira. Algumas pedras de granizo de tamanho considerável atingiam a carrinha à medida que nos aproximávamos de um núcleo de precipitação intensa. Passámos por Reed Timmer, um aficionado de stormchasing que costuma aparecer no Discovery Channel, com o seu veículo “Dominator”. Lá estava ele a observar a célula, parado na berma da estrada, com a equipa de filmagem.
Já a Este da cidade, não havia palavras para descrever o contraste entre o céu e a terra. Sempre com vento forte, a quantidade de raios era impressionante. Uma das descargas provocou um pequeno incêndio a alguns quilómetros de nós. Quando as duas super-células colidiram, o “Inflow Jet” provocado foi intenso, e com ventos de mais de 70 km/h (medidos por radar), manter-me na mesma posição enquanto filmava era completamente impossível. A areia que batia no corpo, transportada pelo vento, dava uma sensação como se estivessem a espetar-se agulhas na pele.
Numa rápida paragem numa bomba de gasolina, onde várias pessoas se abrigavam do vento forte, abastecemos. A pressão era bastante, nem observando as imagens de satélite sabíamos o que fazer porque a situação estava bastante confusa. Toda a estrutura da bomba de gasolina abanava e o vento assobiava em todo o lado.
Altura de voltar à estrada e desta vez andámos apenas alguns minutos até voltar a encostar. Uma das super-células começou a ter uma rotação cada vez mais perto do solo, tendo-se formado uma “Wall Cloud” – nuvem que se forma na base de uma super-célula e que indica a possibilidade de formação de um tornado. Esta apresentava bastante rotação, mas alguns minutos após ter surgido, dissipou-se.
Ficámos durante mais algum tempo na mesma localização, procurando nos céus outros sinais que indicassem a possibilidade de formação de tornados, mas nada mais aconteceu. Restou-nos um espectáculo em primeira fila de relâmpagos que constantemente rasgavam o céu, até que toda a energia presente na atmosfera se esgotasse e acabasse tudo.
Dia 27
O dia 27 começou da melhor maneira. Entre a meia-noite e as duas da manhã, chuva, trovoada e vento fortíssimo fizeram com que eu fosse praticamente a única pessoa acordada a essa hora na rua a registar tudo o que se passava. Fiquei um pouco surpreendido pois na verdade a pouca energia que ainda restava , do dia anterior, na atmosfera, estava a gerar toda aquela instabilidade.
Às 7:45h da manhã o Bill acordou-nos dizendo que era altura de saltar da cama e começar mais um dia de stormchasing, desta vez muito mais cedo. Isto aconteceu devido a uma actualização de modelos de última hora que previam riscos elevados de tornados para a tarde e noite. A área de interesse ficava a centenas de quilómetros e tínhamos que chegar mais ou menos ao início da tarde. Não tivemos tempo para pequeno-almoço nem para nada, foi vestir e ir embora.
Às 8:35h deixámos o hotel e eram já bem visíveis as primeiras torres (nuvens com topo a elevada altitude) no horizonte. Como o dia anterior nos tinha trazido boas experiências, que normalmente fazem as delícias dos stormchasers, notava-se mais ânimo na equipa.
Curiosamente, nesta data (27 de Abril), fazia um ano que tinha acontecido um violento tornado na cidade de Tuscaloosa, que matou dezenas de pessoas e deixou um milhar sem casa.
Parámos em Dodge City, no estado do Kansas, para um abastecimento muito rápido. Mais à frente, almoçámos na cidade de Newton.
O veículo onde nos deslocávamos estava equipado com tecnologia que nos indicava para onde ir e os caminhos mais rápidos, um radar de precipitação, reflectividade da nebulosidade, e que também indicava indícios de rotação nas células, descargas eléctricas, tornados, entre muitas outras funcionalidades. Estavam ainda presentes no mapa, em tempo real, os outros stormchasers como nós, e na tarde deste dia eram mais de 300, concentrados numa área bastante curta. Tínhamos ainda à nossa disposição um rádio que estava sintonizado na estação da NOAA (organização que lança avisos/alertas de tempo severo) e começámos a ouvir os primeiros avisos de tempo severo.
Uma super-célula obrigou-nos a parar a Sul de Council Grove, para uma observação em busca de algo que chamasse a atenção no céu. Mais uma vez o vento estava sempre presente, e a dada altura começou a cair granizo, fazendo-nos abrigar na carrinha. Durante alguns minutos vento e granizo reduziram bastante a visibilidade.
Após um período de acalmia, pusemo-nos em movimento até outra estrada um pouco mais abaixo. Cada um de nós perscrutava calmamente o céu até alguém gritar “FUNNEL CLOUD!” e olharmos para o horizonte e vermos, muito ao fundo, rotação muito baixa, quase a tocar no solo e em rápida deslocação. Sem palavras para mais, altura de entrar na carrinha e começar alguma acção “a sério”.
A cereja no topo do bolo foi mesmo um aviso de tornado, que foi lançado na rádio, para a zona onde estávamos.
Numa área que estava repleta de árvores que dificultavam a visibilidade, conduzimos um pouco “às cegas” até chegar a uma zona com mais visibilidade. Mais uns quilómetros e avistámos novamente uma Funnel Cloud à nossa direita, desta vez a descer lentamente. Numa questão de segundos saímos a correr e observámos um tornado, de fraca intensidade, que estava numa zona de mato, com rotação bastante definida junto ao solo, arrancando bocados de arbustos e árvores. O funil não era visível, pois este tornado de fraca intensidade durou apenas alguns segundos e não deu tempo para levantar poeira e outros detritos que pudessem tornar o funil visível.
Foi um momento de bastante adrenalina, toda a gente filmava e fotografava, até o tornado se dissipar por entre as nuvens. Novamente em viagem, consultávamos constantemente o radar que continuava a mostrar boas condições para tornados. Vimos mais algumas nuvens baixas, mas que não tinham qualquer rotação.
Os avisos de tornado continuavam a passar na rádio e fomos até à pequena cidade de Burlingames, Kansas. À chegada ouvimos pela primeira vez as sirenes a avisar as pessoas de que um tornado se aproximava, e víamos as pessoas a procurar abrigo e a fechar as lojas. Mais tarde não se verificou qualquer tornado e voltou tudo ao normal.
O dia acabou sem mais nada a registar. Faltavam 3 dias para acabar a Tour.