Não deve haver ninguém que não se sinta atraído por algumas das variadíssimas e diferentes paisagens que constituem os EUA. Afinal, as cidades, Parques Naturais, desertos e aldeias americanas entram-nos regularmente casa adentro através da indústria cinematográfica e televisiva, onde os americanos dominam totalmente.
Pessoalmente, nunca me senti, e esta viagem veio confirmar isso, atraído pelas cidades americanas. A única cidade que faço questão de visitar pelo menos uma vez é Washington DC, e mais pelo seu simbolismo do que pela sua beleza. Por outro lado, a paisagem rural americana sempre me fascinou. Vários locais que sempre conheci dos westerns que via quando era miúdo (o meu pai adora), outros que via nos programas de documentário da National Geographic à hora de almoço dos fins-de-semana e localizações mais específicas do universo de várias séries (os locais de gravação de Twin Peaks estão na lista para a próxima viagem) colocaram durante anos os EUA na lista de destinos pensados para as férias, constantemente adiados pelo enorme custo do turismo neste país, principalmente o alojamento.
Mas chegou o ano em que as condições económicas já me permitiram gastar um pouco mais de dinheiro e lá fui eu concretizar o primeiro “pack” de locais a visitar nos EUA. E comecei pelo Sudoeste do país.
O momento da viagem foi o ideal, embora a maior parte das pessoas achasse que não. As maluquices do presidente americano, por um lado desvalorizaram o dólar em mais de 10% face ao Euro, por outro lado afoguentaram muitos turistas europeus, reduzindo o custo das viagens aéreas e do aluguer de carros. Dos motivos que afoguentaram os turistas europeus, não vi qualquer vestígio, bem pelo contrário, como explicarei adiante.
O objectivo era visitar os estados do Colorado, Utah, Arizona e New Mexico. O itinerário foi condicionado pela disponibilidade de voos a preços mais acessíveis e pelo custo de aluguer de carro. A ideia inicial seria começar e terminar em Phoenix, mas encontrei uma viagem a custo bastante favorável para Denver e verifiquei que alugar carro no Texas ficaria muito mais em conta.
Deste modo, optei por voar da Europa para Denver, daí para El Paso, onde aluguei carro, que devolvi 3 semanas depois em Phoenix, de onde voei de volta a casa:
Ida: Lisboa – Londres – Denver 7:10 – 16:30, ambos pela British Airways;
Dia seguinte: Denver – El Paso 9:35-11:20, Southwest Airlines (45€);
Regresso: Phoenix – Londres – Lisboa 18:50 – 23:20 (+1), o primeiro pela American Airlines, o segundo pela British Airways. O custo dos 4 voos foi de 827€.
Aluguei o carro na Alamo, a um preço fabuloso para os standards europeus, 1126€ por 22 dias com franquia zero e entrega a mais de 700km de distância do local de recolha. O carro era um Jeep Compass, ideal para o percurso que fiz que incluía várias estradas em terra.
Percorri um total de 6800km. Conduzir nesta região é simples, a maior parte das estradas têm muito pouco tráfego, são largas e estão em bom estado. Contudo, há certos pormenores que quem está habituado a conduzir na Europa tem de se recordar:
Os americanos conduzem depressa. O limite de velocidade numa estrada ser de 75 mph, significa que ninguém anda abaixo dessa velocidade, inclusive pesados (75 mps são 120 km/h), mas também ninguém circula muito acima desse valor.
Também dependem do carro para tudo. Não se vê pessoas nas ruas, se é necessário atravessar a estrada para ir ao supermercado, tira-se o carro do passeio à porta de casa, circula-se por 10 metros e estaciona-se à porta do supermercado.
A gasolina é extremamente barata, fiz média de 0,80€ por litro, varia bastante por estado, no Colorado anda por volta de 1,00€, no New Mexico anda pelos 0,60€.
Por outro lado, os alojamentos são extremamente caros, um quarto individual num motel fraco de beira de estrada e cheio de viciados em Fentanyl pode custar cerca de 100€ e um hotel banal ir aos 200€. Em muitos locais alojamentos locais são a solução mais em conta.
A comida também é geralmente bastante cara, mas é relativamente fácil contornar este problema. As grandes superfícies comerciais vendem comida pré-cozinhada a preços mais em conta e praticamente todos os hotéis, motéis e AirBnB dispõem de micro-ondas. A qualidade da comida é razoável, usam excessivamente os molhos e a variedade não é muita.
No Sudoeste do país, a comida mexicana é uma alternativa de maior qualidade e a preço mais reduzido.
O taco Navajo, variação da tribo homónima do taco, é uma opção mais saudável, com tomate, alface e outros vegetais frescos acompanhados de pão frito e carne picada. Os molhos vêm à parte, logo dá para fugir deles.
Outra receita que abunda no território Navajo é o pão frito, geralmente comido com mel.
As doses são industriais, o que é chato para quem como eu viaja sozinho. O exemplo de um pequeno-almoço comum:
E uma pizza “pequena”, que deu para o jantar e para o pequeno-almoço do dia seguinte. Na mesa ao lado um americano comia uma pizza “média” inteira. As doses são industriais, mas eles comem tudo.

Nesta região do país há duas particularidades que são muito relevantes. Grande parte do território pertence a várias tribos nativas, constituindo reservas, regiões administradas por governos autónomos, poder judicial autónomo e onde a polícia federal apenas pode actuar contra crimes federais e a polícia estadual não tem qualquer poder.
As várias reservas na região do Four Corners (fronteira dos 4 estados que visitei):
Em muitas destas reservas é proibido consumir álcool. No entanto, o alcoolismo é um problema sério em muitas destas comunidades, é comum encontrar no limite das reservas várias lojas de venda de álcool, que estão sempre com os parques de estacionamento muito bem composto.
Acabam por ser também uma “reserva”, mas são uma instituição dentro do governo federal e um orgulho do americano patriota, refiro-me aos Parques Nacionais, cuja concentração é a maior do país nesta região. O governo americano faz um trabalho excepcional nestes parques (e também em monumentos nacionais e reservas florestais), com centros explicativos à entrada, excelente informação em todos os locais, delimitação de trilhos, e principalmente na preservação das condições naturais destes locais. São enormes áreas onde não há qualquer construção, onde a maior parte dos locais não são acessíveis por carro e onde, por muita visitante que haja, é possível estar em harmonia com a natureza.
Para aceder a estes parques é necessário pagar, e o custo é elevado. A maior parte dos parques exige o pagamento de 25 a 35 USD por veículo. A alternativa, muito mais em conta, é adquirir o cartão America The Beautiful por 80 USD, que permite aceder a todos os parques durante um ano. São excepção os parques geridos pela nação Navajo, Monument Valley e Antelope Canyon por exemplo.
Entrada no Zion NP:
Alguns de muitos Visitor Centers, acolhedores e muito informativos:
A informação sempre presente:
A “luta” por manter um ambiente natural passa por todos os pormenores, como o tipo de iluminação nocturna e a limitação de espécies invasoras:
E depois, as paisagens… Deixo os parques naturais que mais gostei:
Monument Valley:
Canyonlands NP:
Bryce Canyon NP:
E mesmo fora dos parques naturais, circular pela América rural é sempre muito relaxante. São as paisagens típicas dos Westerns:
Pessoalmente, nunca me senti, e esta viagem veio confirmar isso, atraído pelas cidades americanas. A única cidade que faço questão de visitar pelo menos uma vez é Washington DC, e mais pelo seu simbolismo do que pela sua beleza. Por outro lado, a paisagem rural americana sempre me fascinou. Vários locais que sempre conheci dos westerns que via quando era miúdo (o meu pai adora), outros que via nos programas de documentário da National Geographic à hora de almoço dos fins-de-semana e localizações mais específicas do universo de várias séries (os locais de gravação de Twin Peaks estão na lista para a próxima viagem) colocaram durante anos os EUA na lista de destinos pensados para as férias, constantemente adiados pelo enorme custo do turismo neste país, principalmente o alojamento.
Mas chegou o ano em que as condições económicas já me permitiram gastar um pouco mais de dinheiro e lá fui eu concretizar o primeiro “pack” de locais a visitar nos EUA. E comecei pelo Sudoeste do país.
O momento da viagem foi o ideal, embora a maior parte das pessoas achasse que não. As maluquices do presidente americano, por um lado desvalorizaram o dólar em mais de 10% face ao Euro, por outro lado afoguentaram muitos turistas europeus, reduzindo o custo das viagens aéreas e do aluguer de carros. Dos motivos que afoguentaram os turistas europeus, não vi qualquer vestígio, bem pelo contrário, como explicarei adiante.
O objectivo era visitar os estados do Colorado, Utah, Arizona e New Mexico. O itinerário foi condicionado pela disponibilidade de voos a preços mais acessíveis e pelo custo de aluguer de carro. A ideia inicial seria começar e terminar em Phoenix, mas encontrei uma viagem a custo bastante favorável para Denver e verifiquei que alugar carro no Texas ficaria muito mais em conta.
Deste modo, optei por voar da Europa para Denver, daí para El Paso, onde aluguei carro, que devolvi 3 semanas depois em Phoenix, de onde voei de volta a casa:
Ida: Lisboa – Londres – Denver 7:10 – 16:30, ambos pela British Airways;
Dia seguinte: Denver – El Paso 9:35-11:20, Southwest Airlines (45€);
Regresso: Phoenix – Londres – Lisboa 18:50 – 23:20 (+1), o primeiro pela American Airlines, o segundo pela British Airways. O custo dos 4 voos foi de 827€.
Aluguei o carro na Alamo, a um preço fabuloso para os standards europeus, 1126€ por 22 dias com franquia zero e entrega a mais de 700km de distância do local de recolha. O carro era um Jeep Compass, ideal para o percurso que fiz que incluía várias estradas em terra.
Percorri um total de 6800km. Conduzir nesta região é simples, a maior parte das estradas têm muito pouco tráfego, são largas e estão em bom estado. Contudo, há certos pormenores que quem está habituado a conduzir na Europa tem de se recordar:
- Os semáforos estão sempre depois dos cruzamentos, pelo que se deve parar muito antes do semáforo;
- Em todos os Estados onde conduzi, é permitido cortar à direita mesmo com o semáforo vermelho, desde que se faça stop;
- Muitos entroncamentos têm STOP em todas as ruas. A regra é avançar por ordem de chegada.
Os americanos conduzem depressa. O limite de velocidade numa estrada ser de 75 mph, significa que ninguém anda abaixo dessa velocidade, inclusive pesados (75 mps são 120 km/h), mas também ninguém circula muito acima desse valor.
Também dependem do carro para tudo. Não se vê pessoas nas ruas, se é necessário atravessar a estrada para ir ao supermercado, tira-se o carro do passeio à porta de casa, circula-se por 10 metros e estaciona-se à porta do supermercado.
A gasolina é extremamente barata, fiz média de 0,80€ por litro, varia bastante por estado, no Colorado anda por volta de 1,00€, no New Mexico anda pelos 0,60€.
Por outro lado, os alojamentos são extremamente caros, um quarto individual num motel fraco de beira de estrada e cheio de viciados em Fentanyl pode custar cerca de 100€ e um hotel banal ir aos 200€. Em muitos locais alojamentos locais são a solução mais em conta.
A comida também é geralmente bastante cara, mas é relativamente fácil contornar este problema. As grandes superfícies comerciais vendem comida pré-cozinhada a preços mais em conta e praticamente todos os hotéis, motéis e AirBnB dispõem de micro-ondas. A qualidade da comida é razoável, usam excessivamente os molhos e a variedade não é muita.
No Sudoeste do país, a comida mexicana é uma alternativa de maior qualidade e a preço mais reduzido.
O taco Navajo, variação da tribo homónima do taco, é uma opção mais saudável, com tomate, alface e outros vegetais frescos acompanhados de pão frito e carne picada. Os molhos vêm à parte, logo dá para fugir deles.
Outra receita que abunda no território Navajo é o pão frito, geralmente comido com mel.
As doses são industriais, o que é chato para quem como eu viaja sozinho. O exemplo de um pequeno-almoço comum:
E uma pizza “pequena”, que deu para o jantar e para o pequeno-almoço do dia seguinte. Na mesa ao lado um americano comia uma pizza “média” inteira. As doses são industriais, mas eles comem tudo.
Nesta região do país há duas particularidades que são muito relevantes. Grande parte do território pertence a várias tribos nativas, constituindo reservas, regiões administradas por governos autónomos, poder judicial autónomo e onde a polícia federal apenas pode actuar contra crimes federais e a polícia estadual não tem qualquer poder.
As várias reservas na região do Four Corners (fronteira dos 4 estados que visitei):
Em muitas destas reservas é proibido consumir álcool. No entanto, o alcoolismo é um problema sério em muitas destas comunidades, é comum encontrar no limite das reservas várias lojas de venda de álcool, que estão sempre com os parques de estacionamento muito bem composto.
Acabam por ser também uma “reserva”, mas são uma instituição dentro do governo federal e um orgulho do americano patriota, refiro-me aos Parques Nacionais, cuja concentração é a maior do país nesta região. O governo americano faz um trabalho excepcional nestes parques (e também em monumentos nacionais e reservas florestais), com centros explicativos à entrada, excelente informação em todos os locais, delimitação de trilhos, e principalmente na preservação das condições naturais destes locais. São enormes áreas onde não há qualquer construção, onde a maior parte dos locais não são acessíveis por carro e onde, por muita visitante que haja, é possível estar em harmonia com a natureza.
Para aceder a estes parques é necessário pagar, e o custo é elevado. A maior parte dos parques exige o pagamento de 25 a 35 USD por veículo. A alternativa, muito mais em conta, é adquirir o cartão America The Beautiful por 80 USD, que permite aceder a todos os parques durante um ano. São excepção os parques geridos pela nação Navajo, Monument Valley e Antelope Canyon por exemplo.
Entrada no Zion NP:
Alguns de muitos Visitor Centers, acolhedores e muito informativos:
A informação sempre presente:
A “luta” por manter um ambiente natural passa por todos os pormenores, como o tipo de iluminação nocturna e a limitação de espécies invasoras:
E depois, as paisagens… Deixo os parques naturais que mais gostei:
Monument Valley:
Canyonlands NP:
Bryce Canyon NP:
E mesmo fora dos parques naturais, circular pela América rural é sempre muito relaxante. São as paisagens típicas dos Westerns: