Tragédia na Madeira - Entrevista com o Prof. Delgado Domingos

algarvio1980

Furacão
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21 Mai 2007
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Existe algum modelo no mundo em que se possa confiar minimamente que daqui a 7 dias vai haver uma catástrofe?

Todos nós temos acesso ao Hirlam e esse mostra a àrea da Madeira, esse mesmo modelo não colocava essa precipitação elevada na Madeira, acho que são fenómenos que acontecem sem que ninguém sabe que vão ocorrer, só mesmo em cima da hora. O IM reagiu bem, porque se todos nós aqui, falamos quando alguém coloca a previsão do GFS ou ECMWF a 7 dias de distância, dizem logo que isso é falso, é delírio, quantas vezes já não vimos comentários destes aqui. O IM tem colocado os alertas sempre com alguma antecedência, quando colocou em alerta vermelho no sábado dia 27 de Fevereiro a norte de Leiria, agiu correctamente, não venham criticar o IM. Tantas criticas ao IM, em Portugal tem sempre que vir alguém dizer que previu isto ou aquilo a uma determinada distância. Então se esse professor sabia dessa catastrofe porque não alertou as autoridades.:disgust: O IST o seu forte não é na área da meteorologia, mas sim em engenharia, agora se fosse a Universidade Nova de Lisboa aí acreditava mais.:unsure:

Quantas vezes os modelos não erram a poucas horas da ocorrência do fenómeno, a culpa é sempre do IM, claro são eles o bode expiatório sempre. O IM tem melhorado ao longo do tempo, ainda disponibiliza o ECMWF em mais nenhum site de instituição meteorológica europeia apresenta esses mesmos mapas. Isso há-de ser louvado, porque não criticam o Estado Português pela falta de verbas que disponibiliza ao IM, é que eles sem dinheiro não conseguem ter radar onde é preciso ter, ou vocês pensam que eles fazem milagres.

Depois de ocorrer o fenómeno é tudo muito bonito, eu previ isto, e aquilo e sei lá mais o quê, mas só depois é que vem para a comunicação social afirmar isso, tenham juízo.:disgust:
 


Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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Re: Temporal trágico na Madeira - 20 de Fevereiro 2010 (Evento «Eduarda»)

Tempestade na Madeira poderia ter sido prevista, avança professor do Instituto Superior Técnico

Para ouvir aqui

Delgado Domingos, Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico, tece fortes críticas ao Instituto de Meteorologia. Em entrevista à Antena 1, o professor catedrático que lidera o grupo de previsão numérica do tempo explica que se o Instituto de Meteorologia recorresse aos modelos de previsão mais modernos, o que aconteceu na Madeira podia ter sido previsto com uma semana de antecedência.

Professor do Técnico diz que Governo podia ter evitado mortes na Madeira

O coordenador do grupo de previsão numérica do tempo, do Instituto Superior Técnico faz fortes criticas ao Instituto de Meteorologia e avança que as mortes na Madeira poderiam ter sido evitadas se o Instituto de Meteorologia usasse esta tecnologia para fazer previsões. Em entrevista à Antena 1 Delgado Domingos acusa também o Governo de estar avisado e de nada fazer para minimizar as perdas da tempestade mortal no arquipélago.

Para ouvir aqui

Nesse conjunto de entrevistas na RTP 1, é importante a intervenção do Professor Carlos da Câmara, contrariando de forma clara algumas afirmações abusivas do Professor Delgado Domingos.
Considero abusivas:
..."as mortes na Madeira poderiam ter sido evitadas se..."
Um fenómeno natural adverso não corresponde necessariamente a perca de vidas e bens.
..."o que aconteceu na Madeira podia ter sido previsto com uma semana de antecedência"...
É falso, desestabilisa a opinião pùblica e em nenhuma parte do Mundo, hoje, isso é possível, infelizmente. Depois de um episódio que a todos enlutou, vir com discursos desta natureza é grave, quando se utiliza a credibilidade de Professor Catedrático do IST...
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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N
Golpe baixo, perfeitamente esperado e nós aqui a ver a orquestra a tocar.
Esta resposta do I.M. resumo numa palavra, ARROGÂNCIA.


Golpe baixo ? Arrogância ? Estás a falar de quem ? Presumo que de quem diz que tudo era previsível uma semana antes. O que pensarão as famílias das vitimas disso ? É difícil descer tão baixo. E não foi o IM que desceu.
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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O Prof. Pedro Miranda da FCT também falou do tema dos modelos de Mesoescala vs Madeira, mas sem cair nas leviandades do Prof. Delgado Domingos


Plataforma por criar há 7 anos
Projecto avançou nos Açores, mas na Madeira "faltaram interlocutores", diz Pedro Miranda


O Centro de Geofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa propôs, em 2003, ao Instituto de Meteorologia (IM), a criação de uma plataforma de previsão em alta resolução que permitiria conhecer com maior detalhe e antecedência de 48 horas, as condições do estado do tempo em vários pontos das ilhas. A ideia seria transferir para cá a tecnologia e monitorizar o conhecimento. O projecto vingou nos Açores, mas não passou de uma intenção na Madeira.

"O IM aceitou participar mas só houve participação efectiva da delegação dos Açores, visto que a delegação da Madeira [do IM] não fazia a previsão regional", refere ao DIÁRIO Pedro Miranda, investigador e professor responsável pelo Centro de Geofísica da Faculdade de Ciências de Lisboa, integrado no Instituto Dom Luiz, Faculdade de Ciências da UL.

Além do IM, foram equacionadas parcerias com a Universidade da Madeira. O Centro de Ciências Matemáticas seria uma hipótese, mas Pedro Miranda diz que, ao contrário dos Açores, na Madeira "faltaram os interlocutores". "Não identificámos, na altura, nenhuma parceria da UMa com interesse no projecto".

Financiado pelo INTERREG III para as ilhas da Macaronéia, o projecto previa desenvolver cá uma plataforma de previsão do estado do tempo idêntica à que se encontra nas páginas da Universidade de Lisboa (http://www.weather.ul.pt/) e que ainda hoje é mantida por universitários e investigadores.

Deste projecto, só é conhecida a aplicação na Madeira do projecto CLIMAAT2, por intermédio da Secretaria Regional do Ambiente, mas focada nas alterações climáticas. De resto, "ambos os projectos foram coordenados pelo professor Eduardo Brito de Azevedo, da Universidade dos Açores", nota Pedro Miranda.

O debate em torno da tecnologia ao serviço da meteorologia veio a lume com a notícia do DIÁRIO na última semana, em que confrontámos as previsões da precipitação para a Madeira, calculadas pelo Centro de Geofísica da Faculdade de Ciências [com base em modelos regionais de alta resolução], e pelo IM, que chamava a si a autoridade nacional para a meteorologia aeronáutica e a credibilidade de modelos "testadíssimos". Entre as reacções de investigadores e universitários, muitos pediam ao IM para que "fosse menos político e mais científico".

"Os modelos (MM5 e WRF) cujos resultados são apresentados na página do Instituto Dom Luiz são os modelos mais testados em termos mundiais, dado que são modelos desenvolvidos no National Center for Atmospheric Research (USA) e utilizados por centenas de grupos de investigação em todo o mundo", esclarece o investigador Pedro Miranda, autor de um rol de publicações na área das alterações climáticas, meteorologia e ambiente.

Modelo do IM "não tem resolução"

No caso da previsão para a região da Madeira, o IM utiliza o modelo global do ECMWF, que é "provavelmente o melhor modelo global de previsão do tempo". No entanto, esse modelo não tem resolução espacial suficiente para representar a topografia da ilha. "No nosso caso, utilizamos como modelo global o modelo GFS (modelo da meteorologia americana), mas adicionamos o modelo regional MM5 com 2 km de resolução", explica o especialista. Daí a melhor representação dos efeitos topográficos bem salientes.

"Deve salientar-se, no entanto, que os efeitos topográficos podem depender criticamente da posição relativa entre a depressão activa e a ilha, pelo que um erro na localização da depressão pode traduzir-se num erro elevado na precipitação gerada", adverte o especialista.

"A previsão meteorológica realizada pelos serviços de meteorologia inclui uma interpretação humana, geralmente baseada em resultados de vários modelos, com o objectivo de reduzir a incerteza associada a cada simulação individual. Naturalmente, o nosso sistema, oferecido gratuitamente ao público e mantido por estudantes de doutoramento da Universidade, não pode ir além da divulgação dos resultados directos dos modelos", explica. Ora, o IM é livre de incluir esses resultados no conjunto de elementos utilizados na previsão, acrescenta.

Para que conste, a instalação na Madeira da plataforma de previsão meteorológica de alta resolução não implicaria um custo superior a mais de "100 mil euros pelo sistema". O DIÁRIO contactou a direcção do IM em Lisboa para saber porque motivo o projecto não avançou através da delegação da Madeira. A resposta deverá ser dada até quinta-feira, transmitiu fonte do Instituto.

"Não há modelos perfeitos"

Pedro Miranda não partilha da opinião do professor do Instituto Técnico de Lisboa, Delgado Domingos que, em declarações à Antena 1, criticou o IM, considerando que o Governo poderia ter evitado mortes na Madeira se utilizasse a tecnologia dos pólos de investigação universitária (vide texto em baixo).

"Eu raramente concordo com o professor Delgado Domingos", docente ao qual não reconhece créditos científicos. "A formação dele é engenharia mecânica, não conheço nenhuma publicação sua e vejo-o como alguém que gosta de ter protagonismo e que tem a meteorologia como hobbie".

Pedro Miranda revela-se mais céptico: "Não há modelos perfeitos. Os modelos utilizados por nós correspondem, no entanto, ao estado da arte da modelação atmosférica".
http://www.netmadeira.com/noticias/madeira/2010/3/9/plataforma-por-criar-ha-7-anos
 

HotSpot

Cumulonimbus
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20 Nov 2006
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Moita, Setubal
Golpe baixo ? Arrogância ? Estás a falar de quem ? Presumo que de quem diz que tudo era previsível uma semana antes. O que pensarão as famílias das vitimas disso ? É difícil descer tão baixo. E não foi o IM que desceu.

Vince, a resposta do I.M., tenha ou não razão, foi arrogante. Se têm esta opinião sobre o trabalho desenvolvido no IST imagino então o que pensam deste fórum...

O Prof. Delgado Domingos falou muitas vezes bem, outras exagerou. Fui também dos que disse que não concordo com 2 coisas que ele falou. A questão do Alerta Vermelho e da previsão dos 7 dias para o que ia acontecer na Madeira.

Agora que ele toca na ferida, toca. Eu pelo menos, e também acredito que grande parte dos membros deste fórum, concorda com a generalidade das críticas que são feitas ao I.M.

Vince, ainda bem que tens esse Avatar, de que serviu o radar na previsão dos ventos fortes na Zona Oeste? De que forma avisavam a população em tão pouco tempo?

Todos sabemos que se esse evento na zona Oeste acontecesse durante o dia, o filme ia ser infelizmente muito mais grave...

Concordo que deva existir maior abertura do I.M., não pode continuar fechado sobre ele próprio. A preocupação financeira talvez seja reflexo da gestão (Presidente), e parece-me a mim que as pessoas da área sentem-se incomodadas que o presidente do I.M. seja um gestor. Talvez quisessem eles ser presidentes do I.M., sei lá.
 

PCorreia

Cirrus
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5 Jan 2009
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Pamplona
Eu trabalho na área da previsao numérica de tempo há 3 anos, e apesar de nao me reconhecer como nenhum especialista, penso que já possuo algum conhecimento sobre a matéria, devido aos muitos trabalhos já efectuados.

Em relação à entrevista do Dr. Domingos:

Concordo quando diz que o IM está muito fechado a outra instituições porque quando queremos dados das suas estaçoes, para tentar validar os nossos modelos, é sempre uma epopéia só para conseguir a resposta por parte de alguém do IM. Quando chega a resposta, chega-se à conclusão que o preço dos dados é algo proibitivo na maioria dos casos.
Dado que um dos maiores problemas no desenvolvimento dos modelos de previsão numérica é a falta de dados observados, nao se compreende muito bem que uma instituição pública nao forneça os seus dados a instituições sem fins comerciais, como é o caso das Universidades.


Quanto à previsão para sete dias que fala na entrevista já tenho as minhas dúvidas. Com os modelos de última geração que há neste momento (e o MM5 nao é um deles, porque já se encontra bastante ultrapassado) é muito difícil (para nao dizer impossível) ter uma boa previsão para mais de 4/5 dias, nos melhores dos casos. É verdade que o modelo de mesoescala que usa o IM nao é muito fiável, mas mesmo com um modelo como o WRF ou SKIRON é bastante difícil passar a barreira dos 4/5 dias.Isto acontece, entre outras razoes devido à diferença entre os modelos, porque ambos usam como dados de entrada as saídas do modelo global de previsão (GFS ou ECMWF), ou seja, se as condições de inicialização já possuem um erro alto é bastante difícil baixar esse erro apenas com a execução de um modelo regional.

Lamento a atitude tanto do IM como do Dr Domingos, porque como já foi dito aqui, chega a roçar a arrogância.
 

jotasetubal

Cumulus
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21 Fev 2010
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Setubal
Re: Análise de Modelos, Previsões e Alertas - Março 2010

Boas, andei um pouco à nora sobre onde colocar esta notícia, pois tinha curiosidade em saber a vossa opinião sobre esta notícia.
Se por acaso estiver mal colocada, peço aos moderadores que a movam para um local mais apropriado.
então aqui vai!
Esta noticia vem no Diário IOL de hoje e é muito interessante, atendendo a que, neste fórum, já se falava da possibilidade de temporal cerca de uma semana antes dos acontecimentos, pelo que acho que seria curioso alguns comentários vossos.
a noticia é esta:
"A tempestade na madeira foi prevista com 48 horas de antecedência pelo centro de geofísica da Faculdade de Ciências de Lisboa. Na altura, o Instituto de Meteorologia garantiu que um radar no arquipélago poderia ter feito a diferença, Mas para Pedro Miranda, investigador daquela faculdade, o problema é que os métodos de previsão utilizados pelo Instituto de Meteorologia estão desactualizados.

«As previsões realizadas dois dias antes já mostravam que ia existir uma precipitação muito intensa na Madeira. Ninguém olhou para isso com atenção suficiente», criticou o responsável em declarações à TVI.

O instituto de meteorologia colocou a madeira em alerta vermelho às 10:00 de 20 de Fevereiro, mas já foi tarde demais. Maria João Fraga, meteorologista do Instituto de Meteorologia (IM) afirma que «se houvesse um radar meteorológico na Madeira, a situação podia ter-se previsto com uma maior antecedência».

Opinião diferente tem Pedro Miranda. O investigador defende que o IM deveria actualizar os modelos de previsão que utiliza. «Aquilo que era preciso era ter-se utilizado tecnologia de previsão numérica com melhor resolução do que aquilo que o Instituto de Meteorologia está a usar. O IM tem é que instalar modelos de alta resolução. Esta tecnologia não é nova. Já existe há uns anos», afirmou.


Em entrevista à «Antena 1», o professor Delgado Domingos, que coordena o grupo de previsão numérica do tempo no Instituto Superior Técnico, denunciou que o temporal poderia ter sido previsto, caso fosse utilizado para a ilha o modelo usado no Instituto, e que o Governo há muito tempo que é alertado para este facto, mas que até hoje nada fez. «Nós poderíamos ter previsto as chuvas anormais na Madeira com uma semana de antecedência», garantiu.

Delgado Domingos explica que se tivessem sido utilizados na Madeira esses métodos, «seria evidente na previsão uma quantidade brutal de chuva com aquelas oscilações e num crescendo para o dia 20 às horas em que se verificou».

«Eu próprio avisei o ministro Mariano Gago mais do que uma vez porque esta situação é recorrente», garantiu. «Não só o ministro está informado, como o Secretário de Estado e o resultado foi zero».

Contactado pela TVI, o IM ainda não reagiu às críticas"
 

Geostrofico

Cirrus
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8 Jan 2007
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Concordo quando diz que o IM está muito fechado a outra instituições porque quando queremos dados das suas estaçoes, para tentar validar os nossos modelos, é sempre uma epopéia só para conseguir a resposta por parte de alguém do IM. Quando chega a resposta, chega-se à conclusão que o preço dos dados é algo proibitivo na maioria dos casos.
Dado que um dos maiores problemas no desenvolvimento dos modelos de previsão numérica é a falta de dados observados, nao se compreende muito bem que uma instituição pública nao forneça os seus dados a instituições sem fins comerciais, como é o caso das Universidades.


Diz se aqui que o IM está muito fechado em sí próprio, não acho que seja verdade, porque existem bastante parcerias entre o IM e algumas entidades nacionais e internacionais. O IM participa em consorcios cientificos a nivel internacional e alguns até lidera tal como é o caso da Landsaf. A nivel nacional basta ver a pagina do cgul(Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa) e olhar para os seus investigadores ou colaboradores e ver que alguns pertencem ao IM, o que prova que existe muitas trocas ao nivel cientifico.

Agora concordo certamente que na parte dos dados devia ser mais aberto, especialmente para a comunidade cientifica. Para estudantes de mestrados, doutoramento, ou bolseiros de investigação cientifica é extremamente complicado muita vezes terem acesso aos dados. Investigadores mais conceituados, como é o caso dos que pertencem ao Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa esse acesso é mais facilitado, graças a parcerias e contactos.
Na previsão, tambem deveriam ser mais abertos, pois nem sempre acho que a previsão seja a melhor ou seja mostrada da melhor forma.

Quantos aos modelos, o IM baseia se sobretudo no modelo do ECMF que é considerado o melhor modelo global, a nivel de area limitada tem o ALADIN e parece que em breve terá outro. Serão melhores que o MM5, parece que ha opiniões diferentes, mas uma previsão do mm5 a 7 dias de distancia é surreal, pois nem os modelos globais como o GFS ou ECMF acertam totalmente. Naquele caso teriam que ter uma precisão certeira para que o MM5 conseguisse acertar também.

Quanto á questao do Dr Delgado Domingos ainda só o vi a falar, não vi resultados concretos, ao menos na faculdade de ciências tem as previsões do dia 22 disponiveis.
 

Knyght

Cumulonimbus
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10 Mai 2009
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Madeira - Funchal
O IM está a brincar, aliás o nosso Portugal é sempre a mesma coisa uma total falta de responsabilidade e de sentido de assumir culpa.

As criticas são mesmo poucas. Eu volto a assumir palavras que já disse aqui:
"Os Azores só não estão também esquecidos porque tem as bases militares USA e França"

A componente militar é sempre um argumento muito forte, e que pode deixar muito mal o estado Português...

De resto se o IM não tem culpa e não quer melhorar o estado das coisas que se retire.

P.S:. Os dados dos Hirlam não tem a componente mesoescala para a Madeira, e são os últimos a terem culpa de coisa alguma!
P.S2:. O RUN da GFS 00h do dia 22/02 indicava 40mm/h ao nível do mar de precipitação logo havia previsão para algo muito anormal, mas sim o aviso vermelho foi lançado como reacção e não como previsão!
 

AnDré

Moderação
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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
Alguém se lembra desta previsão? (Previsão do dia 30/01/10 para o dia 31/01/10)


Run das 12h

gfspiprec024.png


Run das 18h

gfspiprec018.png



Previsões a menos de 24 horas do acontecimento, acompanhadas aqui, e aqui, neste fórum.

Precipitação acumulada no Funchal no dia 31 de Janeiro.

funchal.png



Como este exemplo, há outros aqui referidos no fórum. Quantidades de precipitação enormes que nunca chegaram a ocorrer. Ou ao contrário. E se por vezes é tão difícil modelar previsões de precipitação de um dia para o outro, prever com 7 dias de antecedência, só com uma bola de cristal.
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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O IM está a brincar, aliás o nosso Portugal é sempre a mesma coisa uma total falta de responsabilidade e de sentido de assumir culpa.

As criticas são mesmo poucas. Eu volto a assumir palavras que já disse aqui:
"Os Azores só não estão também esquecidos porque tem as bases militares USA e França"

A componente militar é sempre um argumento muito forte, e que pode deixar muito mal o estado Português...

De resto se o IM não tem culpa e não quer melhorar o estado das coisas que se retire.

P.S:. Os dados dos Hirlam não tem a componente mesoescala para a Madeira, e são os últimos a terem culpa de coisa alguma!
P.S2:. O RUN da GFS 00h do dia 22/02 indicava 40mm/h ao nível do mar de precipitação logo havia previsão para algo muito anormal, mas sim o aviso vermelho foi lançado como reacção e não como previsão!

A questão da culpa é algo que não entendo, não tenho que tomar partido por A ou por B, mas em termos de Meteorologia, de fenómenos meteorológicos adversos...culpa de quê ?
Quando muito como sociedade teremos a culpa de não sabermos mais...talvez, mas somos seres humanos e como tal, somos muito limitados e ignorantes....
Recuso, perante uma catástrofe com vitimas, "jogar" esse jogo da culpabilização...o que estiver mal deve ser corrigido, mas de forma civilizada e nunca com acusações gratuitas depois das ocorrências...e das consequências...
O treinador de bancada nunca dá proveito à equipe.
 

Lousano

Cumulonimbus
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12 Out 2008
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Lousã/Casais do Baleal
Foi necessário uma calamidade destas para se verem os podres que existem?

E o INM não está isento disso, ou pelo menos omite ao público em geral!

A forma como o INM utiliza é a do supra-sumo da razão, ou da extrema competência, sem qualquer objecto de crítica.

Se isso é arrogância?... é com certeza.
 

Rog

Cumulonimbus
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6 Set 2006
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Norte Madeira (500m)
A entrevista no geral foi interessante, mas como referido por alguns membros, peca por algumas afirmações exageradas.
O aviso vermelho foi correcto atentendo aos critérios utilizados e que vieram a confirmar com rajadas registadas acima dos 130 km/h.
Dificuldade em obter dados, é um facto, mas que tem melhorado nos últimos tempos. A própria disponibilização no site em gráfico e não em tabela dificulta a consulta de dados do histórico.

Os recursos financeiros disponibilizados ao IM são poucos, e de certa forma têm de obter financiamento de outra forma vendendo dados.. mas fica a pergunta, porque nao avança o IM com publicidade no site como faz a RTP, uma forma de obter retorno e que daria mais liberdade em facultar dados.

Retomando a entrevista, o professor criticou o Instituto por não possuir modelos de maior detalhe, tal como fazem no Instituto Superior Técnico e que disponibilizam a toda a gente no seu site...
Pois bem, para Portugal Continental até têm em grande detalhe, mas para as ilhas, nem a mínima referência.. http://meteo.ist.utl.pt/

A 7 dias não podemos dar previsões, mas os modelos não são de todo inúteis a essa distância. Indicam possíveis cenários de evolução do estado do tempo, tendências gerais tendo em conta factores como posição do anticiclone entre outros. Saídas isoladas valem 0 a estas distâncias, mas quando há insistência em várias runs do um evento é de seguir a evolução e ver até que ponto mantêm-se esta regularidade e tentando cruzar diferentes modelos numéricos.

As primeiras saídas do GFS a dar referência sobre precipitação forte para esse sábado trágico são do dia 14. Nada valeriam por si só numa ou duas runs isoladas, mas as saídas seguintes mantiveram sempre essa tendência, com maior ou menor intensidade dependendo da run. Com esta insistência de 3 saídas consecutivas, comecei a guardar o texto do gfs para comparação entre runs.
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Sei dar os descontos ao GFS pela sua parca resolução, e por isso, saídas que indicam 8mm na prática podem por vezes querer dizer 40mm somando a orografia da ilha.
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Quanto a outros modelos de alta resolução na Madeira há um estudo muito completo: "Distribuição de precipitação e vento na ilha da
Madeira: um estudo comparativo com vários modelos de alta resolução
"

citando do estudo acima as conclusões:

Os testes de sensibilidade realizados com o modelo de mesoscala MM5 revelam deficiências na previsão quantitativa da precipitação, subestimando a precipitação em todos os testes efectuados. Os
testes revelam uma resposta positiva do modelo ao aumento da resolução horizontal, apresentando máximos de correlação (77% para 1987 e 38% para 1994) e declive (0,75 para 1987 e 0,64 para 1994) para a resolução mais fina. O mesmo comportamento não se verificou quando se aumentou a resolução vertical do modelo uma vez que não se observou qualquer melhoria nos resultados (o aumento da resolução vertical não leva a um aumento da correlação). Os melhores resultados previstos foram obtidos com a resolução vertical mais grosseira (72% da precipitação ocorrida para 1987 e 60% para
1994).

Os resultados dos testes de sensibilidade aos esquemas de microfísica mostram que a sofisticação dos esquemas pode não conduzir a melhores resultados. Neste trabalho verificou-se que um dos esquemas de microfísica mais simples disponível no modelo apresenta os melhores resultados em termos de declive, em todos os testes realizados e em especial para o do ano de 1994.

Os esquemas da camada limite planetária não apresentam grandes diferenças nos resultados obtidos, excluindo o esquema de Gayno-Seaman que se destaca pela negativa. Para se verificar se a orografia da Madeira é
realmente importante nas taxas de precipitação ocorridas na região, realizou-se um teste onde a sua orografia foi reduzida a zero metros (-0,01 metros para o MM5 considerar o ponto como água). Este teste revelou que a orografia é responsável por grande parte da precipitação ocorrida na ilha.

Todos os outros testes revelaram que o modelo prevê precipitações muito baixas em condições secas. Uma comparação entre os quatro modelos, dois de mesoscala e dois de downscaling, revelou que
os modelos de downscaling produzem melhores resultados na previsão da precipitação ocorrida na Madeira. Os resultados mostram também uma extrema sensibilidade do WRF à orografia.

Ao contrário do que acontece com o MM5, o esquema de microfísica do WRF é muito mais eficiente na produção de precipitação. Todos os modelos produzem precipitação consistente com a orografia que os forçou,
apresentando o Cielo e o modelo de Smith & Barstad campos com grande detalhe. Os resultados mostram que os modelos de downscaling constituem uma alternativa a representação de campos obtidas com outros métodos onde a influência da orografia não é bem estimada.
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Retomando a entrevista, o professor criticou o Instituto por não possuir modelos de maior detalhe, tal como fazem no Instituto Superior Técnico e que disponibilizam a toda a gente no seu site...
Pois bem, para Portugal Continental até têm em grande detalhe, mas para as ilhas, nem a mínima referência.. http://meteo.ist.utl.pt/

Isso é a parte irónica disto tudo. Muita gente no fórum usa os mesoescala da FC/UL e o da UA, e raramente vi alguém referir o MM5 do IST por aqui. E dos três, ironicamente, o do IST é o único que não tem outputs para as ilhas :rolleyes:

IST
http://meteo.ist.utl.pt/

Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa
http://www.weather.ul.pt/

Univ.Aveiro/Dep.Física/CliM@UA®/CESAM
http://climetua.fis.ua.pt/main/otempo.php


Vince, a resposta do I.M., tenha ou não razão, foi arrogante. Se têm esta opinião sobre o trabalho desenvolvido no IST imagino então o que pensam deste fórum...

Eu não achei arrogante. Achei meiga. Se fosse comigo a receber um ataque daqueles, acredita que eu responderia de forma bem mais virulenta.

O Prof. acusa o Pres. IM de abordar questões técnicas não tendo competência técnica, que ele próprio também não tem da área.
O Prof acusa o Pres.IM de dizer disparates (que não eram) quando ele sim diz disparates, graves, roçando a demagogia.
O Prof. fala de disponibilizar dados de modelos que por acaso nem estão na página em questão, e estão nas de outras instituições universitárias.
O Prof. critica um aviso vermelho de vento quando o melhor modelo global previa 24 horas antes uma depressão de 968hPa em frente à costa portuguesa. Dois meses antes (23 Dezembro) uma depressão não prevista com essa pressão provocou enorme destruição na zona Oeste. Há uma terrível contradição neste e noutros assuntos em plena entrevista com coisas que diz pouco antes.
O Prof. na entrevista tenta passar a ideia de que o IM não usa modelos decentes, os "americanos", quando o IM é um membro do melhor centro/modelo global que existe, aliás, o presidente do IM é também o actual presidente do ECMWF desde 2006 se não estou em erro.
O Prof. diz que foi fazer queixinhas ao ministro do IM e dos dados, quando todos sabemos que é o ministro(s) o culpado do IM necessitar de vender dados que deveriam ser públicos pois o orçamento do IM depende da venda de dados. Se não me engano, a ideia do Instituto migrar do Ambiente para a Ciência nasceu também com este ministro. A fazer queixinhas, era do próprio ministro.


Caro Hotspot, muita coisa está mal no IM, o Prof disse muita coisa que tem toda a razão, e algumas já foram aqui bem referidas por muitos, bem como de outras vezes. A partilha de dados é uma coisa gritante, mete dó ver aqui no fórum sempre tanta gente a registar-se só para pedir dados para os seus pequenos ou grandes estudos e não os conseguir ficando logo com uma terrível impressão da ciência em Portugal. Mas não é com este tipo de ataques e demagogia, desacreditando uma Instituição, que se melhora alguma coisa ;)
 

rogers

Cumulus
Registo
2 Jan 2008
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Paços de Ferreira
Já leram a notícia do expresso?
Instituto de Meteorologia contesta previsões de Delgado Domingos
Instituto de Meteorologia critica afirmações de Delgado Domingos de que a catástrofe na Madeira podia ter sido prevista sete dias antes. Clique para visitar o dossiê Catástrofe na Madeira

O Instituto de Meteorologia (IM) critica em comunicado as afirmações feitas por Delgado Domingos numa entrevista à Antena 1, onde o coordenador do Grupo de Previsão Numérica do Tempo do Instituto Superior Técnico diz que, se o IM recorresse aos modelos de previsão mais modernos, a tragédia da Madeira podia ter sido prevista sete dias antes.

Esta notícia foi dada pelo Expresso na edição de 27 de Fevereiro, onde Delgado Domingos salientava que a precipitação acumulada da semana que antecedeu a catástrofe "era absolutamente excepcional, sendo previsível a completa saturação do solo em água, o que potenciaria deslizamentos de terras, derrocadas e grandes cheias".

O grupo do IST fez na altura uma simulação sobre a Madeira em exclusivo para o Expresso, porque só elabora previsões meteorológicas para o Continente, e provou que sete dias antes do dilúvio da manhã de 20 de Fevereiro era possível prever a enorme quantidade de chuva que iria cair na ilha, e tomar as medidas de prevenção necessárias para minimizar a destruição e o número de mortes (42) que se registaram.
"Falta de conhecimento sobre o Instituto de Meteorologia"

O comunicado do IM refere que "grande parte das afirmações efectuadas pelo Prof. Delgado Domingos à Antena 1 demonstram falta de conhecimento existente sobre o IM e as suas actividades, bem como sobre a evolução da meteorologia, quer em Portugal quer na Europa".

O instituto sublinha que "os modelos deterministas como o corrido no IST, têm limites que podem resultar em erros de previsão, devido fundamentalmente ao desconhecimento perfeito das condições iniciais (erros ou falta de observações) que se propagam e diminuem a qualidade da sua previsão ao longo do tempo".

Essa é a razão pela qual "se utilizam cada vez mais previsões probabilísticas", e para suprir "as falhas dos modelos numéricos, os institutos de meteorologia europeus mantêm vigilância permanente com meios de detecção remota" (radares, detectores de descargas eléctricas, satélites e observação local) que permitem "melhorar a previsão num período muito curto, entre uma e seis horas".

O IM recorda que "a grandeza mais difícil de prever de forma quantitativa em meteorologia é a precipitação", e quanto ao que se passou na Madeira diz que dos modelos disponíveis no instituto, apenas um "dava valores indicativos da quantidade de precipitação próxima da que se viria a verificar".
Delgado Domingos: "Temos o programa mais avançado que existe"

"Estamos a usar o programa mais avançado que existe em termos de previsão", contrapõe Delgado Domingos ao Expresso, "e a informação de base é americana, do Global Forecast System (GFS)".

A falta de "previsões adequadas" para a Madeira é proporcionada "pelo monopólio do IM em relação aos dados das estações meteorológicas, ao acesso aos dados europeus e à representação nacional em todos os organismos internacionais", prossegue o professor do IST.

"Por isso, a qualidade do IM degradou-se de uma forma chocante em termos de capacidade científica de previsão". E este é também um problema "que afecta os institutos meteorológicos agregados ao Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo".

Delgado Domingos argumenta ainda que, "como o trabalho de previsão destes institutos e de recolha de dados não é aberto, também não é escrutinado". E uma das consequências práticas desta situação é que "todas as grandes universidades europeias trabalham com dados americanos".


: http://aeiou.expresso.pt/instituto-de-meteorologia-contesta-previsoes-de-delgado-domingos=f569961


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