Àquelas que são segredos, longe da maior parte dos olhares, escondidas dos caminhos ou ali mesmo à beira mas para as quais não se levantam os olhos ou se não sente as raízes. E às que que morrem na paz rodeadas das que fizeram nascer e a quem oferecem a matéria do seu corpo, na terna decomposição micro-orgânica. Às derrubadas pelas intempéries e que esventram o solo, ao qual vão retornar; e às que são trazidas e levadas pelas mãos humanas. São poucas as anciãs filhas das verdadeiras ancestrais, quem as reconhece? Que as estrangeiras desde há séculos plantadas foram tão profundamente enraizadas e acolhidas pelo Monte que não mais as distinguimos. Vou aos poucos descobrindo, lugares ocultos, frágeis e que devem ser mantidos fora dos caminhos trilhados. Toda a visita pode ser uma inocente agressão e no pensamento devemos levar sempre esta ideia, os nossos pés se não forem colocados nos locais certos, esmagam, comprimem, asfixiam o solo e toda a vida construída em sistemas de uma complexidade inacreditavelmente maior que a das nossas cidades. É isso que temos debaixo dos nossos pés, um mundo imenso de organismos e conexões que depende das formidáveis fábricas de vida que são as árvores e os fungos, líquenes e musgos que com elas trabalham numa simbiose e parceria com a vida animal muito para além da nossa compreensão completa. Não vou dar localizações exactas, basta saber que todas as imagens foram recolhidas na Serra de Sintra, o Monte da Lua. Mas não serão todos os montes e serras e montanhas do mundo, também Montes da Lua? Nos domínios do Vento, à beira de um conhecido trilho: continua
Mais um "monte" de fotos deslumbrantes , por acaso tenho o cuidado de evitar ao máximo o pisoteio da vegetação, dado que ando muito nos sistemas dunares e estes são também muito sensíveis, o que até dificulta muito a minha progressão ( areia mole e grandes declives ), mas grandemente compensada para obter, ou tentar obter "aquela" fotografia.
As imagens da mensagem anterior foram obtidas no dia 4 de Agosto de 2011. Mesmo com a passagem do ciclone Gong em 19 de Janeiro de 2013 aquela zona não sofreu alteração notável o que mostra como a floresta estava adaptada aos ventos. A destruição começa com a proximidade das estradas e da intervenção feita com a intenção de eliminar e substituir as espécies invasoras. Zonas que também praticamente nada sofreram são sempre aquelas constituídas por árvores de baixo porte e que crescem nas encostas do Castelo, o Monte das Penhas. Os penedos servem-lhes de protecção e adaptaram-se através das suas formas retorcidas e limitadas em altura; Sintra na origem não era um lugar de árvores de grande porte pelos cimos e encostas desprotegidas. Mata do Castelo 25 de Outubro de 2009 18 de Setembro de 2010 13 de Novembro de 2010 Penedo da Amizade 7 de Janeiro de 2011 20 de Fevereiro de 2011 Cruz Alta 25 de Fevereiro de 2011 continua
Tenho andado desatento por estes lados, e ainda por cima com maravilhas destas aqui à minha espera! Fotos maravilhosas, especialmente as dos cedros cobertos de musgo e imersos no nevoeiro! Fantástico!
(continuação de 4 de Agosto de 2011) Completo aqui a primeira descoberta da floresta como ela é, embora plantada, entregue a si própria. Nas imagens seguintes deste dia, esta mesma floresta agora perto dos trilhos e dos caminhos, onde se sente o espírito humano a modelar segundo a lógica da homogeneidade. Aqui já na floresta das Pedras Irmãs, como ela era, pois agora está a desaparecer, a periferia foi fragilizada pelo desbaste das espécies invasoras, depois veio a tempestade Gong e desde então as árvores continuam a cair uma a uma ou arrastando-se umas às outras. E como é uma área de lazer frequentada, os desbastes por questões de segurança continuam a tornar a densidade arbórea cada vez menor, permitindo ao vento infiltrar-se, num processo imparável de destruição. Já voltarei aqui, ainda durante o antes, inevitavelmente aparecerão algumas imagens do depois.