Veado-Vermelho (Cervus elaphus)

Paulo H

Cumulonimbus
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Penso que 5 coelhos bravos por ha, já é mais que bom. Mais que isso já é praga, se pensarmos que 1ha é como um quadrado com 100m de lado! Se existem por lá, tantos coelhos, deverá ser por falta de predadores.. No limite urbano de castelo branco assim como na zona industrial encontro com frequência coelhos bravos e até lebres, assim como perdizes! No limite do meu bairro há moradores que se queixavam há uns anos atrás de passagem de javalis pelas suas hortas. Para ver veados por aqui basta passar o rio ponsul em direcção a monforte da beira ou malpica do tejo, linha recta a 15km da cidade. Também observo na cidade bastantes aves de rapina (peneireiros, milhafres, águia de asa redonda ou de bonelli não as distingo bem). Existem ainda aves que passam pela cidade de manhã e ao fim da tarde, bandos de carraceiros - uma espécie de garça branca pequena. Se por aqui existe tal diversidade, porque não na malcata onde apenas restam uns 2 lugarejos com poucos habitantes?
 


belem

Cumulonimbus
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Muito interessante o seu testemunho, PauloH.
Mas não me parece que exista uma correlação de elevada densidade de coelhos com falta de predadores. Aliás, pelo menos para o caso do lince-ibérico (espécie ainda presente na Malcata), em Andujar, por exemplo, não tem impacto directo na densidade de coelhos, que se mantém até bem elevada.
 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Ou talvez haja raposas a menos.. Relativamente aos linces talvez hajam outras razões para que não prosperem como seria desejável, como sejam doenças naturais ou até indirectamente induzidas (já por aqui se falou da diabetes dos linces), outra razão poderá ser a já muito escassa diversidade genética (também é importante)!

Uma praga de coelhos só se combate com predadores naturais, ou caçando-os. Apenas por curiosidade, os coelhos já foram praga na austrália, foi necessária uma verdadeira batalha contra os coelhos.
 

belem

Cumulonimbus
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Ou talvez haja raposas a menos.. Relativamente aos linces talvez hajam outras razões para que não prosperem como seria desejável, como sejam doenças naturais ou até indirectamente induzidas (já por aqui se falou da diabetes dos linces), outra razão poderá ser a já muito escassa diversidade genética (também é importante)!

Uma praga de coelhos só se combate com predadores naturais, ou caçando-os. Apenas por curiosidade, os coelhos já foram praga na austrália, foi necessária uma verdadeira batalha contra os coelhos.

E dessa batalha resultou uma doença gravíssima ( mixomatose) desenvolvida para combater a praga de coelhos na Austrália mas que acabou por chegar à Península Ibérica e colocar o coelho-bravo nativo e toda a cadeia alimentar em colapso.
Onde há lince, há menos raposa, mangusto, gineto, gato-bravo e outros tantos pequenos predadores, porque o grande felino controla os seus números sempre que tem a oportunidade.
Uma vez que o lince é um animal que mesmo em situação ideal não apresenta uma densidade elevada, dificilmente terá um efeito crucial no número de coelhos.
Normalmente até produz um aumento, pois elimina facilmente os animais mais fracos ou doentes, que poderiam contagiar ou propagar maus genes a outros.
 

Seattle92

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Estudo populacional do veado (Cervus elaphus L.) no Nordeste Transmontano
João Pedro
Valente e Santos
2009

resumo
O ressurgimento do veado (Cervus elaphus L.) no Nordeste Transmontano, decorrente dos repovoamentos efectuados na Reserva Regional de Caza “Sierra de la Culebra” (Zamora, Espanha) durante a década de 1970, bem como o progressivo aumento do número de efectivos e expansão geográfica verificados ao longo dos anos na região, têm conduzido a uma crescente preocupação no que se refere à conservação, gestão e aproveitamento cinegético deste recurso natural, visto ser uma espécie de inegável valor ecológico e sócio-económico. A definição de estratégias que visem a manutenção e a gestão sustentada da população de veados na Zona de Caça Nacional da Lombada/Parque Natural de Montesinho (Distrito de Bragança, Portugal) deve passar necessariamente por um conhecimento prévio e continuado da situação populacional e das relações da espécie com o meio em que se insere. Neste sentido, os objectivos deste estudo foram: estimar as densidades de veado na área norte (12.000 ha) da ZCN da Lombada através da aplicação de duas metodologias de observação directa (transectos lineares e pontos fixos); caracterizar a estrutura/composição da população; estudar e analisar os padrões de uso do habitat e actualizar a informação referente à área de distribuição da espécie na região. Os resultados obtidos durante as diferentes fases deste estudo confirmaram um crescimento populacional e um aumento da distribuição espacial da espécie no nordeste português relativamente aos dados conhecidos para a última década. Apesar da baixa precisão de algumas estimativas e da discrepância verificada nos valores de densidade média obtidos nas diferentes fases de amostragem realizadas, poder-se-á afirmar que a densidade média real para a área de estudo deverá aproximar-se da estimativa obtida no Inverno de 2009 mediante a aplicação da amostragem de distâncias (Distance sampling) nos transectos lineares, mais precisamente 3,26 veados/100 ha (IC 95% = 2,27 – 4,70). Relativamente a outros parâmetros populacionais, foi possível determinar, para um conjunto de três períodos, um rácio macho/fêmea médio de 0,74 (IC 95% = 0,64 – 0,84), o qual evidencia uma boa situação geral na relação entre sexos, e uma taxa média de recrutamento de crias de 0,37 (IC 95% = 0,29 – 0,44), valor este que reflecte uma produtividade que se pode considerar entre baixa a moderada, quando comparada com outros valores ao nível europeu. No que diz respeito à expansão geográfica da espécie no Parque Natural de Montesinho, verificou-se um incremento na ordem dos 30% da área de distribuição entre os anos de 2002 e de 2008. Tendo em consideração a composição da paisagem na área da ZCN da Lombada/Parque Natural de Montesinho e a importância relativa dos diferentes tipos de habitat para a espécie, pode dizer-se que a região, em termos globais, reúne as condições necessárias para a manutenção e proliferação do veado.

http://biblioteca.sinbad.ua.pt/Teses/2009001237
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Ainda do mesmo estudo:

Em Portugal, o veado ocorre em várias regiões do país, em diferentes tipos de regime (liberdade e cativeiro), embora as maiores populações deste cervídeo em estado selvagem se encontrem em áreas confinantes a Espanha, mais precisamente, nas zonas de Moura/Barrancos, Castelo Branco/Idanha-a-Nova e Bragança, existindo ainda uma população numerosa na região centro, na Serra da Lousã (Barroso e Rosa, 1999;Salazar, 2009; Vingada et al., in press).

5.5. Área de distribuição
Segundo os dados apresentados por Rosa (2006), a área de distribuição do veado tem vindo a aumentar progressivamente no PNM, tendo-se verificado que, no período de uma década (1992-2002), a espécie expandiu a sua área de ocorrência em cerca de 15.500 ha (Figura 16).

Para o ano de 2008, os dados obtidos durante a realização dos percursos para identificação e registo de indícios de presença continuaram a confirmar a expansão geográfica da espécie na região. Os resultados alcançados permitem afirmar que o veado se encontra distribuído por uma área mínima equivalente a cerca de 31.125 ha. A área de distribuição confirmada para a espécie engloba grande parte da ZCN da Lombada e zonas localizadas mais a oeste, situadas nas freguesias de Baçal, Rabal, França, Carragosa e Meixedo (Figura 17). Comparando o valor actual com o valor apresentado por Rosa (2006) para o ano de 2002 (aproximadamente 24.000 ha), pode dizer-se que se verificou um incremento da área de distribuição deste cervídeo na ordem dos 30%. Muito provavelmente a expansão do veado na região continuará a ser uma realidade, uma vez que a constituição da paisagem parece oferecer boas condições de sobrevivência, devendo, no entanto, a referida expansão acontecer principalmente em áreas onde existe menor pressão humana.


Pensava que neste momento já estariam distribuídos por todo o parque, afinal ainda estão concentrados apenas na metade leste.
 

Seattle92

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Seguindo a minha busca pelos veados de Portugal (isto soa muito mal se dito por um brasileiro :lol:), encontrei algumas boas referências.

Parece que a população da serra da Lousã (apesar de já ser caçada) está a expandir-se para leste, o que significa estar cada vez mais próxima da serra da Estrela :thumbsup:

Um exemplo de 2008, apesar de não ser muito cientifico:

A noite de Arganil, pródiga que é em acontecimentos, registou na noite de 20 de Outubro, sábado, um acontecimento inesperado.
A passear-se pela avenida andou, calculamos nós que terrivelmente impressionado, um animal raro na vila, nem mais nem menos do que um veado.
O animal, de quatro patas, deve ter vindo da Serra da Lousã até Arganil passear e foi também visto perto do Nova Vaga. Minutos depois da aparição, eram aos magotes os carros com fotógrafos de pijama à procura para disparar a máquina contra o animal.
Mas ninguém o viu mais.
Era veado mas não era estúpido, ou então, foi uma aparição colectiva.
Dizem os jornais de Coimbra que “Neste momento, a Universidade de Aveiro diz que há à volta de 650 na Serra da Lousã”. A Universidade contra-ataca e diz que não são tantos. Coisas lá da vida deles. Mas que os há, há. E até vão a Arganil.
http://arganil.blogspot.com/2007/10/algum-viu-o-veado.html
 

Seattle92

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22 Set 2010
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Em relação à zona do Gerês, encontrei no site da câmara de Cabeceiras de Basto esta referencia

Encontra-se, ainda, instituída na área de Moinhos de Rei, uma reserva de caça integral, com uma área aproximada de 200 hectares, que inclui um posto de fomento cinegético, local onde se procede à criação de perdizes e coelhos, e um cercado de veados. O cercado de veados foi construído em 1990, com o objectivo de fomentar a reintrodução do veado na Serra da Cabreira
http://www.cm-cabeceiras-basto.pt/145


Devem ter desistido da ideia, passados estes anos todos não se encontram nenhuns sinais que andem veados em estado selvagem na serra da Cabreira ou em qualquer outro local perto do parque do Peneda-Gerês
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Seguindo a minha busca pelos veados de Portugal (isto soa muito mal se dito por um brasileiro :lol:), encontrei algumas boas referências.

Parece que a população da serra da Lousã (apesar de já ser caçada) está a expandir-se para leste, o que significa estar cada vez mais próxima da serra da Estrela :thumbsup:

A semana passada fiz uma viagem de avião que voou sempre ao lado da "cordilheira" que vai desde a serra da Lousã até à serra da Estrela. Realmente todas essas serras fazem parte da mesma cordilheira.

Claro que lá de cima era um bocado difícil perceber por que serras é que estava a passar (a serra da Estrela era a única óbvia :)). Mas foi fácil de perceber que toda aquela zona forma uma continuo de vários km quadrados que pode manter uma boa população de fauna selvagem.

Realmente é apenas uma questão de tempo até termos os corços e veados da Lousã a ocupar todas aquelas serras do centro de Portugal. Para quando lobos? ;)
 

belem

Cumulonimbus
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A semana passada fiz uma viagem de avião que voou sempre ao lado da "cordilheira" que vai desde a serra da Lousã até à serra da Estrela. Realmente todas essas serras fazem parte da mesma cordilheira.

Claro que lá de cima era um bocado difícil perceber por que serras é que estava a passar (a serra da Estrela era a única óbvia :)). Mas foi fácil de perceber que toda aquela zona forma uma continuo de vários km quadrados que pode manter uma boa população de fauna selvagem.

Realmente é apenas uma questão de tempo até termos os corços e veados da Lousã a ocupar todas aquelas serras do centro de Portugal. Para quando lobos? ;)

Excelente essa reportagem! :D
Quanto aos lobos logo se vê...
Eu ainda não tomei muita atenção em relação à população de lobos do Sul do Douro, mas vou começar a estar mais atento.
 

DRC

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Sei que existem lobos na zona raiana do concelho do Sabugal, nomeadamente junto á Serra das Mesas (serra onde nasce o rio Côa) tendo ocorrido um ataque há não muitos meses de um lobo ao rebanho de um pastor não me recordo se em Vale de Espinho ou nos Fóios.

Quanto á presença de veados naquela zona, sei de um acidente também á relativamente pouco tempo na zona de Caria (Belmonte). Um veado atravessou-se na estrada e um carro atropelou-o tendo a viatura ficado bastante amolgada.
 

Seattle92

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Sei que existem lobos na zona raiana do concelho do Sabugal, nomeadamente junto á Serra das Mesas (serra onde nasce o rio Côa) tendo ocorrido um ataque há não muitos meses de um lobo ao rebanho de um pastor não me recordo se em Vale de Espinho ou nos Fóios.

Quanto á presença de veados naquela zona, sei de um acidente também á relativamente pouco tempo na zona de Caria (Belmonte). Um veado atravessou-se na estrada e um carro atropelou-o tendo a viatura ficado bastante amolgada.

Belas notícias DRC :)

Caria fica já na base da serra da Estrela, mas seria mesmo um veado ou apenas um corço? Sei de uma reintrodução de corços na Caria, mas desconhecia que já por lá andavam veados. Melhor assim ;)
 

DRC

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Belas notícias DRC :)

Caria fica já na base da serra da Estrela, mas seria mesmo um veado ou apenas um corço? Sei de uma reintrodução de corços na Caria, mas desconhecia que já por lá andavam veados. Melhor assim ;)

Pelo que me disseram foi mesmo um veado.
O acidente ocorreu na estrada que liga Caria ao Sabugal (não muito longe da localidade cariense numa zona de vegetação relativamente densa).
 

Seattle92

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Sim, é bem capaz de ter sido. Afinal em Penamacor e na Malcata já começam a ser mais numerosos (apesar de não tanto como os corços).

Nessa zona a A23 tem muitos viadutos ou túneis, ou forma mesmo uma barreira difícil de passar? Neste momento as autoestradas são um dos principais factores de isolamento das populações selvagens de diferentes espécies.
 

DRC

Nimbostratus
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Sim, é bem capaz de ter sido. Afinal em Penamacor e na Malcata já começam a ser mais numerosos (apesar de não tanto como os corços).

Nessa zona a A23 tem muitos viadutos ou túneis, ou forma mesmo uma barreira difícil de passar? Neste momento as autoestradas são um dos principais factores de isolamento das populações selvagens de diferentes espécies.

De acordo com o que me disseram o veado saltou para a estrada na estrada municipal, mas muito perto de zonas habitadas, julgo que foi perto da vila de Caria ou de alguma pequena quinta.