Há uns tempos vi um documentário sobre um milionário australiano que compra grandes propriedades, veda-as e depois reintroduz animais autócnes para ajudar a prevenir a sua extinção.Também já li uma reportagem sobre milionários que compram florestas ou outras áreas com interesse do ponto de vista ambiental e fundam reservas ecológicas privadas.
Sim, já soube disso.
Foi pena, que não tivesse sido feito algo semelhante em relação ao lince-ibérico.
O Frederico, não sei se tem conhecimento, mas desde a década de 80, que as escolas primárias recebem cartazes de sensibilização sobre o lince-ibérico ( entre outros animais). Criou-se a Reserva da Malcata e pronto, está feito.
Mas o mais importante, não foi feito, que seria averiguar em Portugal, onde é que realmente o lince ainda subsistia e onde era mais numeroso.
Quando o estudo do Palma foi publicado ( década de 90) e falava da importância que o Sul do país tinha para o lince, nem assim o governo fez alguma coisa. Trabalhos do Roma, também ninguém ligou... A única coisa que faziam era semear searas para o coelho-bravo na Malcata, trabalhando com uma área de cerca de 20.000 hectares, como que achando que isso era o garante e o futuro para uma população inteira de lince-ibérico em Portugal.
Mas o problema é que o lince-ibérico no mundo inteiro só existe em Portugal e Espanha...
Quando o ICN, foi pôr um colar a um dos últimos linces da Malcata em 1992 e encontrar 2 provas genéticas em 1997 ( basicamente andar atrás de linces moribundos que andavam entre Espanha e Portugal) os linces das Serras Algarvias e Baixo Alentejo esquecidos por tudo e todos, passavam por dificuldades tremendas, tornando-se de viáveis para inviáveis ( sem retorno...) durante essa fase.
Não percebo, como é que antes de andarem a usar dinheiros públicos em torno de um caso sem grande viabilidade ( embora também exigisse atenção), não souberam definir prioridades com linhas mestras simples de actuação e incidir os maiores esforços nas zonas mais importantes...
É que foi mesmo por pouco... Se me perguntarem se ainda há linces no Algarve, eu diria que não sei, talvez com boa vontade, diria que é possível, mas já estão numa espiral sem saída. Foi pena, porque os avisos foram tantos e feitos atempadamente...
Agora só com ajuda artificial e é se esta for feita a tempo... E até aqui, só com muito optimismo.
Nós não temos tradição de mecenato, e a causa ambiental, em boa verdade, ainda mobiliza pouca gente no nosso país.
Basicamente, muitos portugueses acham que o futuro, em matéria ambiental, são só as barragens e os parques eólicos. Acham que os seus filhos no futuro, vão respirar dióxido de carbono, viver sem água, em caixotes empilhados nos outros e mendigar outros países para ver as suas necessidades básicas resolvidas. E acham que por serem cépticos a mudanças importantes, são muito honestos com eles próprios e com os outros.
Ainda bem que Portugal nunca teve muito dinheiro para estragar uma vez de todas o país que tem e a sua população praticamente não cresce, pelo menos «taxativamente»... Porque muitas pessoas acham que ser sempre céptico é uma atitude muito científica, sensata e sincera, mas na verdade não passa tudo de um disparate. Não se misturem com os cépticos honestos que têm um interesse legítimo pela verdade e pelo direito
Sejamos honestos com nós próprios, a viver como vivemos não duramos muito mais. Chega de caprichos e mentiras.
Não sei como isto seria feito, mas com arte e engenho algo se conseguiria. Por exemplo, há tanta gente sem herdeiros... não poderiam doar as terras para a causa ambiental? Melhor isso que ficarem para o Estado construir pavilhões ou rotundas
Pavilhões, estradas atrás de estradas, iluminação artificial em recantos selvagens para iluminar o chão ( e quando não é o céu!), barragens em locais sem viabilidade futura, parques eólicos em zonas sensíveis de protecção... Como disse, se não fossem certos factores acima, estaríamos muito pior. A nossa sorte, são certas ironias extraordinárias do destino que nos quiseram impedir de fazer mais asneira.
Querer algo de novo, que nem tem nada de novo, pois foi sempre o nosso país, como um projecto baseado na nossa fauna nativa, é algo bastante interessante, útil, justificável e exequível a meu ver.
Mas aqui não se faz nem um estudo, para apurar a verdadeira origem dos animais e quais as possibilidades de salvar algumas espécies da extinção.
Certas raças de bovinos, não são mais que auroques com algumas alterações, baseadas em cruzamentos com outros auroques com outras alterações ( sendo estas normalmente determinadas pela selecção que o Homem impôs a estes animais), sendo para certos casos, possível a reconstituição de um auroque.
É portanto, aqui que mais uma vez, a ironia do destino, ajudou-nos imenso, pois temos raças na Ibéria, sem cruzamentos despropositados, com genótipos e fenótipos bastante interessantes, mas que são malbaratados, desaproveitados e esquecidos...
Mais uma vez, espera-se que algum particular faça alguma coisa... *
* Edit: Vejam a True Nature Foundation (
http://www.truenaturefoundation.org/)