Seg. Previsão do Tempo e Modelos - Janeiro 2011

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David sf

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8 Jan 2009
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Oeiras / VN Poiares
Deixa-me discordar da tua opinião...
Primeiro porque apenas terás temperaturas em superfície (2m) inferiores às relativas às isos (a 850hPa, cerca de 1500m) nos dias de inversão térmica...fora isso é impossível, a não ser um "microclima"...
Por exemplo hoje às 13h temos a iso 8ºC a cruzar a cidade do Porto, e é mais ou menos esse o valor que temos a 850hPa...
O fluxo de leste influencia-te na temperatura, mas não é por aí que terás uma temperatura à superfície inferior à que tens a 850hPa...
Para termos inversão é preciso humidade relativamente baixa, temperaturas baixas e pouco vento...a entrada de leste será relativamente menos humidade que de norte, mas nada mais que isso...

Relativamente às saídas com injecção de massa fria, foram novamente "reciclados" e adiados não sei para quando...:mad:

A discussão já vai um pouco à frente, hoje em Lisboa foi um exemplo, com a máxima perto dos 10 graus, que foi a temperatura que se registou a 850 hpa, mas eu referia-me no meu post às temperaturas mínimas. A zona de Lisboa é muito vulnerável ao vento de leste. Provavelmente porque é a região do litoral que tem menos obstáculos montanhosos a leste, portanto a advecção do frio que se acumulou durante a noite no interior chega a Lisboa com maior facilidade. Portanto não se trata de uma inversão típica, com movimentos de verticais de massas de ar, mas sim do transporte de ar frio nas camadas mais baixas da atmosfera. Também acontece muito, durante as primeiras horas do dia, o fenómeno inverso ao das brisas marítimas durante o verão, com o vento a soprar de terra para o mar. Portanto mesmo em dias sem vento, no centro do anticiclone ou de pântano barométrico, há sempre uma advecção de leste que faz baixar as mínimas no litoral. Sem ser necessário haver uma inversão térmica comum.
 


MarioCabral

Cumulonimbus
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14 Jan 2010
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A discussão já vai um pouco à frente, hoje em Lisboa foi um exemplo, com a máxima perto dos 10 graus, que foi a temperatura que se registou a 850 hpa, mas eu referia-me no meu post às temperaturas mínimas. A zona de Lisboa é muito vulnerável ao vento de leste. Provavelmente porque é a região do litoral que tem menos obstáculos montanhosos a leste, portanto a advecção do frio que se acumulou durante a noite no interior chega a Lisboa com maior facilidade. Portanto não se trata de uma inversão típica, com movimentos de verticais de massas de ar, mas sim do transporte de ar frio nas camadas mais baixas da atmosfera. Também acontece muito, durante as primeiras horas do dia, o fenómeno inverso ao das brisas marítimas durante o verão, com o vento a soprar de terra para o mar. Portanto mesmo em dias sem vento, no centro do anticiclone ou de pântano barométrico, há sempre uma advecção de leste que faz baixar as mínimas no litoral. Sem ser necessário haver uma inversão térmica comum.

A questão que estás a levantar é a partir de que altitude podemos considerar inversão térmica...
 

David sf

Moderação
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8 Jan 2009
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Oeiras / VN Poiares
A questão que estás a levantar é a partir de que altitude podemos considerar inversão térmica...

Não tem a ver com altitude. O que eu quis dizer é que quando o vento sopra de leste, ou NE ou SE, a temperatura mínima é baixa na zona de Lisboa, não devido à inversão térmica tradicional, caracterizada por subida do ar quente mais leve e consequente descida do ar frio mais pesado quando não há vento e a humidade não é muito elevada, mas sim devido ao transporte do ar mais frio vindo do interior. Aí ocorre uma inversão térmica suave, ou então uma constância térmica com valores muito semelhantes a todos os níveis abaixo dos 850 hpa, por transporte de ar mais frio junto à superfície. É um fenómeno simétrico àquele que o Rozzo referiu, aquando da chegada de uma frente quente, com o ar quente a penetrar inicialmente a níveis altos, permanecendo o frio à superfície. Aqui acontece o contrário, o frio é transportado à superfície, enquanto que a níveis mais altos a temperatura não é alterada.
 

rozzo

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11 Dez 2006
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É arrefecimento por transporte de massa de ar com origem no interior da PI? Tem de haver alguma justificação, alguém sabe responder?

Como disse no post atras, não é arefecimento nocturno praticamente com esse nevoeiro persistente instalado.
Como o exemplo que dei de Lisboa, uma massa totalmente saturada, onde está nevoeiro cerrado, está como que "isolada" do meio envolvente, devido à forte capacidade calorífica da água, por comparação com uma massa de ar seco.
Ou seja, depois de haver uma primeira noite de inversão térmica, com arrefecimento nocturno, e chegar a formar o nevoeiro, esse nevoeiro, se não dissipar, vai fazer com que o aquecimento diurno seja quase insignificante, assim como o arrefecimento nocturno da noite seguinte também. Eles estão lá, mas em muito menor escala. É como se metesses esse ar dentro dum balão fechado, quase isolado, mas com pequenas fugas.
E toda essa zona mantém muito as propriedades, e estando a atmosfera calma, anda por aí a "passear" lentamente.
É apenas isso! :)
Não tem nada a ver com ar das montanhas, com ser do centro da península, ou etc.
Apenas houve uma primeira noite em que arrefeceu, e depois "meteu-se esse ar frio da noite dentro duma cápsula quase fechada", que se vai aguentando nos níveis baixos, como que isolada.

Ainda sobre a história das inversões, aconselho a procurar na net "Camada Limite Planetária", que é complexo indo ao detalhe, mas o básico é entender o esquema do ciclo diurno da mesma, em tempo calmo e solarengo, e grande parte dessas dúvidas das inversões, níveis, etc, ficarão entendidas! Especialmente se se vir uma figura que o represente.
;)


A A zona de Lisboa é muito vulnerável ao vento de leste. Provavelmente porque é a região do litoral que tem menos obstáculos montanhosos a leste, portanto a advecção do frio que se acumulou durante a noite no interior chega a Lisboa com maior facilidade.

Certo David, mas com a ressalva que fiz no post anterior, em que essa situação que referes é totalmente diferente se a massa de ar vier seca ou saturada, tipo nevoeiro.
Mesmo muito diferente, pois uma massa seca fria originada a Este chega a Lisboa muito menos fria, com diferenças de temperatura mínima brutais entre Lisboa e o outro lado do rio, como bem sabemos, e uma saturada com nevoeiro "conserva" o frio, e ao chegar a Lisboa mantém a temperatura semelhante dos 2 lados (como está hoje desde que chegou o nevoeiro).
Portanto, Lisboa é muito pouco propícia a inversões térmicas de jeito, há sempre brisas, e na verdade estes nevoeiros de radiação, chegam a Lisboa por advecção, e paradoxalmente, com a mesma massa de ar, frequentemente nestas situações está mais frio em Lisboa de dia com o nevoeiro, do que na madrugada desse próprio dia, com céu limpo, antes dele chegar!

PS: Moderadores podiam mandar esta conversa toda para o tópico apropriado, se tiverem paciência! :D
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Deixando de fugir ao tópico, gostei bastante de finalmente ver uma concordância bem razoável no GFS e ECMWF.
Ambos têm dado cenários muito bons, o GFS alguns de sonho, que rapidamente na RUN seguinte se desvanecem, mas agora sim, finalmente ambos mostram um cenário semelhante e coerente, com aquela posição do AA a NW de nós, bastante forte.
Que parece mais garantido, e injectará certamente algum frio razoável, se se mantiver uns bons dias.
O problema é que está pouco extenso e "fecha" a circulação ali quase no UK, nunca nos está a injectar ar vindo mesmo do ártico..
Mas já é um começo, vamos ver depois os detalhes.. Que o frio em Portugal vive literalmente de detalhes..
:D
 

MarioCabral

Cumulonimbus
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14 Jan 2010
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Não tem a ver com altitude. O que eu quis dizer é que quando o vento sopra de leste, ou NE ou SE, a temperatura mínima é baixa na zona de Lisboa, não devido à inversão térmica tradicional, caracterizada por subida do ar quente mais leve e consequente descida do ar frio mais pesado quando não há vento e a humidade não é muito elevada, mas sim devido ao transporte do ar mais frio vindo do interior. Aí ocorre uma inversão térmica suave, ou então uma constância térmica com valores muito semelhantes a todos os níveis abaixo dos 850 hpa, por transporte de ar mais frio junto à superfície. É um fenómeno simétrico àquele que o Rozzo referiu, aquando da chegada de uma frente quente, com o ar quente a penetrar inicialmente a níveis altos, permanecendo o frio à superfície. Aqui acontece o contrário, o frio é transportado à superfície, enquanto que a níveis mais altos a temperatura não é alterada.

A minha questão é que não me parece que estás a considerar como sendo inversão térmica, no entanto em boa verdade sempre a que a temperatura em altura é superior aquela sentida na superfície existe inversão térmica...
Em relação à origem da inversão em Lisboa parece-me que a tua teoria faz sentido, se existir vento de leste e este for fraco, a massa fria à superfície e a quente não se misturam com tanta facilidade...
 

rozzo

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11 Dez 2006
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Alcochete/Lisboa
Vai-se consolidando o consenso nos modelos para aquela posição do Anticiclone no Atlântico.
Vai trazer frio, e se aguentar bastantes dias poderá até trazer bom frio, mas infelizmente o AA vai estar muito "redondinho" sem ligar à Escandinávia, ou seja, sem injectar ar directamente do Ártico ou da Sibéria.
Não é para já tanto frio assim, e com pouca "espessura", um bocado superficial, sem geopotenciais e iso's muita baixas em altitude (essas estão a ir para o Mediterrâneo), e nada bom para instabilidade nem para eventos de neve para nós, apenas frio seco.

Mas digo para já claro.. Pois isto tudo depende de quanto tempo se mantiver este padrão, e depois de detalhes como ligação ou não deste núcleo de altas pressões a outros. Isso aí já são cenários hipotéticos, tudo fora do possível prever agora.
 

Microburst

Nimbostratus
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10 Set 2009
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A zona de Lisboa é muito vulnerável ao vento de leste. Provavelmente porque é a região do litoral que tem menos obstáculos montanhosos a leste, portanto a advecção do frio que se acumulou durante a noite no interior chega a Lisboa com maior facilidade.

Sem querer alargar muito mais o off-topic, queria contudo agradecer aos colegas por esta discussão do meu ponto de vista muito esclarecedora :thumbsup:

Depois de ler tudo o que foi aqui dito percebo agora porque a região da Grande Lisboa fica tão vulnerável no Inverno ao vento frio de NE/E/SE, e no Verão às entradas de escaldante ar seco vindo do interior da Península e do Norte de África que nos dá máximas (e mínimas) e teores de humidade baixos idênticos ou muito parecidos àqueles que se podem encontrar, por exemplo, no interior alentejano. A explicação faz agora todo o sentido, muito obrigado. ;)
 

MarioCabral

Cumulonimbus
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14 Jan 2010
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Senhora da Hora - 100m /Povoa de Cervães - 420m
Ora boas tardes a todos;)

Vamos depois de dar uma olhadela nas últimas runs dos principais modelos fazer uma previsão daquilo que se irá passar pelo nosso cantinho plantado à beira-mar...

Para este domingo a animação estará de regresso ao Norte, uma depressão que se desloca de SW para NE das Ilhas Britânica trará até ao norte alguma precipitação até segunda-feira...O cenário é idêntico mas em menor escala para os dois dias seguintes...mas proveniente de uma mini depressão que circula no Atlântico...parece perdida alias:lol:
Até que surge o nosso AA redondinho, não como alguns de nós desejariam, então a entrada de frio tão esperada para este mês deverá ficar pelas isos 0ºC por quase todo o país...pode ser que até lá haja noticias mais animadoras...
Mas parece-me que a 2ª metade do mês nem mete chuva, nem frio...logo é desanimadora...
 

Aurélio

Cumulonimbus
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23 Nov 2006
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Faro
Ora boas tardes a todos;)

Vamos depois de dar uma olhadela nas últimas runs dos principais modelos fazer uma previsão daquilo que se irá passar pelo nosso cantinho plantado à beira-mar...

Para este domingo a animação estará de regresso ao Norte, uma depressão que se desloca de SW para NE das Ilhas Britânica trará até ao norte alguma precipitação até segunda-feira...O cenário é idêntico mas em menor escala para os dois dias seguintes...mas proveniente de uma mini depressão que circula no Atlântico...parece perdida alias:lol:
Até que surge o nosso AA redondinho, não como alguns de nós desejariam, então a entrada de frio tão esperada para este mês deverá ficar pelas isos 0ºC por quase todo o país...pode ser que até lá haja noticias mais animadoras...
Mas parece-me que a 2ª metade do mês nem mete chuva, nem frio...logo é desanimadora...

Quem meteu muita água foram quase todos os modelos de previsão sazonal e de que maneira !!
Um mês muito chuvoso a sul que se vai transformar afinal em muito seco !!
 

algarvio1980

Furacão
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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
Então, a 2ª quinzena do mês não mete frio, então não sei onde vêem isso, eu vejo muito frio. A anomalia negativa já se nota no 1º painel e o 2º painel mete bastante frio.:cold::cold:
7871423_ZZQVc.jpeg


Quem meteu muita água foram quase todos os modelos de previsão sazonal e de que maneira !!
Um mês muito chuvoso a sul que se vai transformar afinal em muito seco !!

Janeiro é lógico que seria seco a extremamente seco no Algarve, tem sido assim, nos últimos anos excepto o ano passado, a salvação tem sido Dezembro que tem sido chuvoso. Não olhes aos modelos como o NOAA que não tem nenhum crédito. ;)
 

David sf

Moderação
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8 Jan 2009
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Oeiras / VN Poiares
O Europeu anda completamente à nora, não faz duas saídas seguidas parecidas, agora mete um reload do inverno passado:

ECM1-168_aol0.GIF


ECM1-216_xpq9.GIF


ECM1-240_wue5.GIF


Não acredito nisto, acho que o GFS tem-se portado bem ultimamente, está estabilizado, tem as linhas dos ensembles juntas e apostam no frio:

Bragança:

graphe_ens3_dag2.gif


Na saída operacional mete duas ofensivas frias, primeiro de leste:

gfs-0-192_ing5.png


Depois de norte:

gfs-0-288_mdb1.png


Nunca muito frio, quase sempre seco, mas abaixo da média e com noites bastante frias. E tem aspecto que será um padrão para durar algum tempo.
 

1337

Cumulonimbus
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26 Jun 2010
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Ponte de Lima (centro)
o pior que o inverno pode ter: frio seco
enfim tirando os primeiros dias este mes é uma pasmaceira autentica.
Ao menos que venha um fevereiro como o ano passado para a gente se animar :thumbsup:
 

David sf

Moderação
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8 Jan 2009
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Oeiras / VN Poiares
Média dos ensembles do ECMWF:

EDM1-240_moi1.GIF


EDM0-240_ccy6.GIF


A depressão que deverá ficar isolada no meio do Atlântico, estrangulada entre a dorsal açoriana e a que aparece junto aos EUA impulsionada por uma grande depressão que deverá originar outro blizzard, pode provocar uma possível surpresa. Caso se desloque para este, poderá atrair o frio e proporcionar a humidade que falta. É uma sinóptica que tem uma alta probabilidade (uns 5% contra os 0,0001% habituais) para, de um momento para o outro, os modelos começarem a mostrar uma cut-off fria sobre Portugal continental.

EDM1-144_wmv3.GIF
 
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