Central de Porto Santo é pioneira
A destilação e a osmose inversa são os dois processos usados para tornar potável a água do mar, por dessalinização. Esta última tecnologia é mais recente. O grande problema das centrais dessalinizadoras é a sua rentabilidade, uma vez que se gasta muita energia para obter água, que por isso atinge custos não comparáveis com os das captações subterrâneas ou albufeiras.
É uma tecnologia que funciona essencialmente onde não existem alternativas de abastecimento para as populações, o que acontece em certas regiões de Espanha, em África e no Médio Oriente, por exemplo. Espanha tem já uma centena de centrais para abastecimento urbano, e pretende duplicar a sua capacidade dentro dos próximos anos. A de Almeria (na foto) é mesmo a maior da Europa.
Face ao problema dos custos, têm vindo a ser estudadas alternativas, como o uso de energia eólica ou solar. A empresa Ao Sol está a desenvolver, em parceria com o Departamento de Energias Renováveis do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), um sistema de dessalinização alimentado a energia solar.
Na ilha de Porto Santo, na Madeira, funciona uma das três primeiras centrais de dessalinização do Mundo que adoptaram a tecnologia da osmose inversa, um processo de purificação da água através de uma membrana (as outras surgiram nos Estados Unidos e na Arábia Saudita). Propriedade do Governo Regional da Madeira e gerida pela IGA - Investimentos e Gestão da Água, SA, a Central Dessalinizadora do Porto Santo começou a funcionar em 1979.
“A ilha não tem outras origens de água. A única alternativa seria transportar água de barco”, explica ao Quercus Ambiente Nuno Pereira, da IGA. Da antiga central não resta hoje quase nada. Através de sucessivas remodelações, a capacidade instalada foi aumentada dos originais 500 metros cúbicos diários para 6 mil. É preciso não esquecer que, apesar de ter poucos milhares de habitantes, a ilha recebe uns 20 mil turistas todos os anos. “35 a 40% da capacidade seria suficiente se fosse apenas para a população da ilha”.
Apesar dos custos de produção, Nuno Pereira explica que “nas grandes centrais estes acabam por ser atenuados”. O facto de haver ligações entre as empresas de fornecimento de electricidade e as centrais, como acontece nalguns países, também mitiga os custos. A IGA vai equilibrando as receitas com a venda de águas residuais para regas. Além desta central, um dos hotéis da ilha já construiu a sua própria unidade, e outro está prestes a construir, neste caso com recurso á energia eólica.
A destilação é um processo mais antigo, também usado para a dessalinização, embora seja mais dispendioso energeticamente. A primeira central surgiu no Egipto em 1912.
Carla Gomes