2024.12.13 & 14 • Trovoada em Peniche

Windchill

Nimbostratus
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Amora (Seixal)
Olá amigos do Fórum,

Tendo sido 2024 um ano positivamente atípico no que ao registo de raios diz respeito, com inúmeros eventos de trovoada que revelam características meteorológicas um pouco 'fora de época', quis o destino que mais uma oportunidade fosse dada para fazer aquilo que me faz verdadeiramente feliz e realizado no mundo da fotografia (e não só...).

As trovoadas regressaram, pousaram serenamente por cima dos nossos mares da costa oeste, e deixaram-se fotografar, num cenário gélido, embora alimentadas pela elevada temperatura do mar que, nesta altura, ainda se faz sentir.

Mas antes, vou contar um pouco do que antecedeu mais esta aventura verdadeiramente 'eletrizante', que foi a cereja em cima de um bolo (natalício, por sinal!)



Aproveitando a disponibilidade que tive nesta maravilhosa e nada azarada sexta-feira 13 de lua quase cheia, e depois de analisar os modelos (nomeadamente o ICON, que foi muito assertivo na previsão da instabilidade da anterior madrugada), resolvi dar um saltinho até Peniche para tentar a minha sorte.

Peniche é daqueles locais que, teoricamente, deveria ter sido um dos primeiros onde seria expectável ter tentado a sorte logo nas primeiras vezes que saí para caçar raios, já lá vão uns anitos, o que pelas mais variadas razões, nunca chegou a acontecer.
Na verdade, antes deste evento em Peniche, já tinha fotografado em quase 60 locais diferentes, de Portugal a Espanha, e por incrível que possa parecer, apenas me faltava fotografar no distrito de Leiria, uma vez nos outros 17 já tive oportunidade de fotografar belíssimos eventos de trovoada.

E assim, esta pareceu-me uma excelente oportunidade de preencher essa lacuna e completar todos os distritos em território nacional continental.

Antes de ir para junto do Cabo Carvoeiro, fui revisitar alguns spots ali entre a praia de Almagreira e Ferrel/Baleal, e aproveitei para tirar algumas fotos e olhar para as movimentações que iam surgindo ao longe no céu.

2024.12.13 - 151510 (NIKON D7200) [MA_LS].png
2024.12.13 - 151542 (NIKON D7200) [MA_LS].png
2024.12.13 - 153922 (NIKON D7200) [MA_LS].png



Este marco geodésico parecia que me estava a querer transmitir alguma mensagem, mas eu ignorei-o ostensivamente e mantive a minha fé inabalável! :)

2024.12.13 - 155022 (NIKON D7200) [MA_LS].png
 
Última edição:
Com a chegada do final da tarde, era hora de me posicionar no local escolhido, desta feita ali junto à Varanda de Pilates, pouco antes de chegar ao farol.

No horizonte, o céu dava ânimo, pois iam surgindo cúmulos, que cresciam e se desenvolviam a olhos vistos.

2024.12.13 - 163420 (NIKON D7200) [MA_LS].webp
2024.12.13 - 165424 (NIKON D7200) [MA_LS].webp
2024.12.13 - 165448 (NIKON D7200) [MA_LS].webp



Com o por do sol, o cenário ficou ainda mais belo, e senti que, efetivamente, as coisas iriam correr bem...

2024.12.13 - 165604 (NIKON D7200) [MA_LS].webp
2024.12.13 - 170740 (NIKON D780) [MA_LS].webp
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2024.12.13 - 175946 (NIKON D7200) [MA_LS].webp
2024.12.13 - 180140 (NIKON D7200) [MA_LS].webp
 
Terminada que estava a 1ª fase do evento, e tendo em conta que havia uma célula a sul (a oeste da AML) que estava bastante ativa, desloquei-me até ao Miradouro junto ao Farol para tentar a sorte.

Ainda apanhei alguns raios longínquos, mas subitamente, a célula que tinha estado a fotografar anteriormente, e que tinha perdido atividade, reativou e permitiu a captura de mais alguns bons registos!

[url=https://flic.kr/p/2qzQAon]2024.12.14 - 000910 (NIKON D7200) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQBL8]2024.12.14 - 001050 (NIKON D7200) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQAo2]2024.12.14 - 001604 (NIKON D7200) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzRvxA]2024.12.14 - 001836 (NIKON D7200) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQAnL]2024.12.14 - 002224 (NIKON D850) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzPkDN]2024.12.14 - 002441 (NIKON D850) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzPkE4]2024.12.14 - 002724 (NIKON D850) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzPkCR]2024.12.14 - 002806 (NIKON D850) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQAmD]2024.12.14 - 003059 (NIKON D850) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQAmd]2024.12.14 - 003234 (NIKON D850) [Peniche - Miradouro do Cabo Carvoeiro] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]
 
Com nova paragem da atividade por algum tempo, resolvi mudar novamente de local. Andei uns poucos kms até ao Vértice Geodésico do Norte, perto do Ilhéu da Papôa, e esperei pela possível reativação da célula. A ideia era tentar enquadrar melhor as ilhas Berlengas no alinhamento da possível reativação da célula, de modo a fazer mais umas fotos com as ilhas como plano de fundo.

Esta decisão revelou-se certeira e acabei por fazer mais alguns registos que corresponderam exatamente ao que eu pretendia :)

[url=https://flic.kr/p/2qzPkCk]2024.12.14 - 012150 (NIKON D7200) [Peniche - Marginal Norte-VG] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQAkr]2024.12.14 - 012400 (NIKON D7200) [Peniche - Marginal Norte-VG] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzPkBt]2024.12.14 - 012718 (NIKON D7200) [Peniche - Marginal Norte-VG] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

[url=https://flic.kr/p/2qzQBHn]2024.12.14 - 020212 (NIKON D7200) [Peniche - Marginal Norte-VG] by LusoSkies®, no Flickr[/URL]

Foi uma noite que fechou com chave de ouro este soberbo ano de 2024!

Espero que tenham gostado das fotos e do relato de mais uma das minhas 'elétricas' aventuras! ;)
 
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Fantástico trabalho! E as vistas do oceano e das Berlengas, uau, que adrenalina esses horizontes de células a evoluírem e a prometer a festa da noite.
A iluminação das nuvens produz a visão de inúmeros detalhes e formas que nem imaginamos estarem contidos nestas células, revelam uma dinâmica que a maior parte das pessoas nem se dá conta quando ao olhar por cima delas só vê uma grande massa informe, baça, cinzenta e escura da nuvem de trovoada.
Só fotografia desta qualidade e fenómenos destes conseguem dar-nos uma visão única dos céus, uma percepção tridimensional e dinâmica onde cada detalhe tem a sua história.

Estava uma visibilidade excelente, as Berlengas em destaque e recorte perfeito. Provavelmente apenas uma brisa para sublinhar o ar frio, mas pelo aspecto do mar, com a ondulação de fundo imperturbável, o vento apenas tornava áspera a superfície das águas.

Que objectiva usaste para captar a esta distância? Estive a comparar com o mapa das DEA e aquelas primeiras descargas estavam a cerca de 50 Km.
E um spot incrível, permitiu justa-pô-las mesmo no alinhamento das ilhas, com luz do farol e tudo.

Nas últimas desta série a distância já tinha encurtado para cerca de 40 Km ou menos.

As células nunca chegaram à costa, nem um pingo certamente, e a sua vagarosa movimentação e lento decorrer das descargas deve ter sido ideal para escolher locais precisos e bem instalados.

Que belo presente de sorte de Sexta-feira 13, para ti e para nós por podermos também usufruir desta meteoloucura! Obrigado!
 
Wow estas estão verdadeiramente épicas. Belos raios + céus atípicos dá este resultado. Aquelas nuvens baixas (tipo uma roll cloud) dão um aspeto indescritível às fotos. Do melhor que já vi. :palmas:


Parabéns!


Fantástico trabalho! E as vistas do oceano e das Berlengas, uau, que adrenalina esses horizontes de células a evoluírem e a prometer a festa da noite.
A iluminação das nuvens produz a visão de inúmeros detalhes e formas que nem imaginamos estarem contidos nestas células, revelam uma dinâmica que a maior parte das pessoas nem se dá conta quando ao olhar por cima delas só vê uma grande massa informe, baça, cinzenta e escura da nuvem de trovoada.
Só fotografia desta qualidade e fenómenos destes conseguem dar-nos uma visão única dos céus, uma percepção tridimensional e dinâmica onde cada detalhe tem a sua história.

Estava uma visibilidade excelente, as Berlengas em destaque e recorte perfeito. Provavelmente apenas uma brisa para sublinhar o ar frio, mas pelo aspecto do mar, com a ondulação de fundo imperturbável, o vento apenas tornava áspera a superfície das águas.

Que objectiva usaste para captar a esta distância? Estive a comparar com o mapa das DEA e aquelas primeiras descargas estavam a cerca de 50 Km.
E um spot incrível, permitiu justa-pô-las mesmo no alinhamento das ilhas, com luz do farol e tudo.

Nas últimas desta série a distância já tinha encurtado para cerca de 40 Km ou menos.

As células nunca chegaram à costa, nem um pingo certamente, e a sua vagarosa movimentação e lento decorrer das descargas deve ter sido ideal para escolher locais precisos e bem instalados.

Que belo presente de sorte de Sexta-feira 13, para ti e para nós por podermos também usufruir desta meteoloucura! Obrigado!

Estão fantasticas as fotos! Parabéns pelo excelnte trabalho e obrigada por partilhares connosco.
Muito obrigado a todos pelas vossas valiosas palavras!

@StormRic, de facto foi uma trovoada muito fotogénica, com tipos de nuvens que eu nunca tinha visto, em especial aquelas duas 'pantufas' que se formaram na direção da vertente sudoeste da grande Berlenga (visíveis nas 3 fotos que antecedem a última), que mais parecem nuvens geradas por inteligência artificial :)

Mas efetivamente, para além dos raios, a estruturas das nuvens iluminadas dão um toque mágico a cada uma das fotos.

Neste evento usei a 24-70 na Nikon D7200 (sensor DX com 24MP), e a 85mm na Nikon D850 (sensor full-frame com 45MP). A Nikon D780 com a 20mm desta vez ficou sossegadita a roer-se de inveja :huhlmao:

E sim, nem um pingo caído, foi um evento fotografado de 'cadeirinha' ;)
 
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talvez por as Berlengas também fazerem parte da minha vista praticamente diária
Compreendo muito bem. No meu caso as Berlengas, mais ou menos visíveis, são uma presença constante e aferidora da visibilidade atmosférica sempre que subo à Serra de Sintra.
Desde muito jovem me disseram que durante os meses fora do Verão, se forem cristalinamente observáveis de terra ao longo da costa oeste, indicam uma mudança do tempo com chuva nas 24h a 48 horas seguintes.
Talvez actualmente a regra tenha de ser esticada um pouco, boa visibilidade no dia 14, chuva amanhã dia 17. Mas aquelas trovoadas, que na verdade não chegaram à costa das regiões onde o ditado era usado, foram de facto pouco comuns no seu desenvolvimento e evolução. Lembro-me de uma situação de muito frio em 1983, talvez Fevereiro, mas não estou certo, que teve muito de semelhante com a situação destes dias recentes.