Agricultura, sementes e variedades locais

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29 Out 2007
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Este documentário acompanha o levantamento do património hortícola no interior algarvio. Ana Arsénio e Zé Miguel Fonseca, são os protagonistas desta busca pelas sementes tradicionais.




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PORQUÊ PRESERVAR VARIEDADES TRADICIONAIS?

A perda da biodiversidade agrícola, em todo o mundo, é da ordem dos 75%,
segundo estudo da FAO em 1984. A situação portuguesa contribui
certamente para este panorama, tendo em conta o número de variedades
desaparecidas nas últimas décadas das nossas hortas e pomares. Poderemos
apontar várias razões para esta situação.

A generalização do uso de sementes híbridas na agricultura contribui
para aumentar a pobreza varietal e também para a dependência dos
agricultores: devido à degeneração e perda natural de vitalidade destas
sementes logo à segunda geração, a sua compra anual torna-se necessária.
O comportamento actual dos agricultores que deixam de colher sementes
das suas culturas, preferindo comprar os lindos pacotes que os cativam
com as fotografias e as promessas de boas colheitas, é outra destas razões.

Por outro lado, a aglutinação das pequenas casas de sementes, geralmente
por parte das multinacionais do ramo, reduziu drasticamente a oferta de
variedades regionais e tradicionais, pois estas não têm qualquer
interesse económico num sistema globalizado. Por essa razão, hoje
cultivam-se as mesmas variedades por todo o mundo, não se adaptando
estas, como é óbvio, a todos os climas, microclimas e tipos de solos
existentes. Consequentemente, necessitam de uma gama enorme de biocidas
para completar o seu ciclo, contribuindo assim para os efeitos
sobejamente conhecidos de poluição a vários níveis, e para a redução da
qualidade alimentar

As variedades que empreenderam uma viagem ao longo de inúmeras gerações
para chegarem até nós, foram cuidadosamente criadas e acompanhadas,
muitas vezes com grandes sacrifícios, pelos nossos antepassados. São a
nossa herança mais preciosa, elas são a vida em forma de semente, são o
nosso passado sem o qual não existiria vida em nós. Cabe-nos portanto
dar continuidade a essa herança que nos foi tão generosamente cedida,
semeando estas variedades, dando-lhes vida e utilidade, podendo assim
ser vistos com orgulho por aqueles que nos antecederam, e também pelas
gerações vindouras.

http://gaia.org.pt/?q=node/417
 
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