Largo do Arrabalde, Chaves
Pedras que contam história
Qualquer pessoa que passe pelo Largo do Arrabalde não fica indiferente às obras que ali estão a decorrer, mas nem todos sabem o que contam aquelas pedras. No buraco de cinco metros que se encontra junto ao Tribunal de Chaves conta-se uma história que perdura por mais de sete períodos diferentes.
As sondagens começaram em 2005 para se poder fazer um parque de estacionamento no Largo do Arrabalde, mas o projecto ficou pelo caminho,
já que foram descobertos vestígios da Muralha da Restauração, pelo que o IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico) inviabilizou a obra. Pedra sobre pedra, já lá vão dois anos e as descobertas não param.
No total já foram definidos sete períodos diferentes, apresentados pela ordem inversa à da sua deposição: a construção do tribunal, o Mercado Municipal, a Muralha da Restauração, o Arrabalde, construções medievais, valas de reaproveitamento da pedra das estruturas romanas, algures no início da idade média, quando o edifício das termas já estava abandonado e, depois, a fase de ocupação romana, que remontam a um importante balneário romano, por sinal, muito bem conservado, com uma conduta de água termal a ele ligado.
Neste momento, o executivo camarário, que lançou um novo projecto de intervenções arqueológicas de toda a área, no sentido já da
musealização daquele espaço, está entregue às escavações. Sérgio Carneiro, Arqueólogo da Câmara Municipal de Chaves explica a importância dos achados: “o balneário é das estruturas mais importantes para estabelecer
Chaves como cidade romana. É evidentemente um património riquíssimo de grande valor para a cidade”.
O arqueólogo da autarquia flaviense explica como se foram desenrolando as escavações que tornaram possíveis as descobertas: “numa escavação arqueológica vamos sempre removendo as camadas pela ordem inversa à da sua deposição, para depois reconstruirmos toda a história da ocupação do lugar. Primeiro removemos o que restava de uma construção contemporânea que tinha a ver com o tribunal, cerca do final dos anos 50. Depois,
chegámos ao que restava do antigo mercado municipal e vestígios dessa época do séc. XIX. Mais tarde, encontramos restos da terraplanagem da muralha, que data de 1870. Depois a dita muralha, com restos de artilharia. Por baixo disso, encontrámos o que foi construído antes da muralha, que era o Arrabalde, um bairro exterior às muralhas, onde encontrámos uma casa, com terreno agrícola. Depois, ainda, encontramos uma outra casa medieval mais recente com um forno medieval e o balneário. Associado a cada uma dessas épocas temos vários utensílios de cerâmica, entre outros vestígios”.
O gabinete de arqueologia da autarquia flaviense continua as escavações, com a finalidade de verificar o estado de conservação, a extensão das estruturas, e perceber melhor a sua funcionalidade para preparar o terreno para a musealização.
Ainda está em estudo como se vai dispor o projecto, até porque ainda falta por à vista mais estruturas, um trabalho que será realizado até ao próximo mês de Dezembro. A ideia a princípio será repor a cota da praça, como estava anteriormente, e criar uma fachada virada para a Rua das Longras, onde será a entrada do museu e, depois, ter um circuito de visita.
Quanto aos murmúrios que se vão ouvindo pela cidade sobre o tardar das obras, Sérgio Carneiro responde: as escavações têm de ser sempre manuais para se poder reconstruir a história. Estamos perfeitamente dentro do prazo. Estava previsto um ano para a intervenção arqueológica, que está, neste momento, na fase final e estará concluída até ao final do corrente ano. É um trabalho moroso de forma a que se possa reconstruir essa história da cidade. Temos sempre de tirar as camadas uma a uma, de forma a podermos separá-las para percebermos que materiais é que pertencem a cada camada e a cada período”.
Segundo o arqueólogo da autarquia flaviense, está previsto que a partir de Janeiro seja lançada a empreitada para o projecto da musealização daquele património.
Em Chaves a cada buraco que se abre, é um pouco de história que vê a luz do dia...
Vestigios de Aquae Flaviae:
Digam lá se não vale a pena a visita!
Em breve um novo museu em Chaves!
PS: A apartir do Reveillon já podem ir gastar as vossas massas ao Novo Casino do Grupo Sol Verde em Chaves!
O Turismo Flaviense agradeçe!