Não costumo "bater" no IPMA por causa da questão da cor dos avisos, mas acho que o presidente do IPMA não se defendeu muito bem nas várias declarações que fez na TV. Assumo que seja também uma consequência da postura de alguns jornalistas que tentaram chafurdar da ferida.
Acho que não se deve vulgarizar a cor dos avisos nem dizer que ser amarelo, laranja ou vermelho não muda nada. Deve ser esclarecido de uma vez por todas que, no que diz respeito a precipitação, o aviso vermelho não é lançado com base em previsões. Será sempre lançado com base numa leitura horária (ou de várias horas) de precipitação e que com base no radar é decidido lançar aviso vermelho. Nesse cenário o IPMA "aceita" que só lança o aviso vermelho quando já estão a ocorrer problemas em muitos sítios.
A alternativa, que eu defendo, é explicar e mostrar à população qual a probabilidade de um evento ocorrer como o Metoffice faz. Mas probabilidade científicas e não de "feeling". Se existe 80% de probabilidade de um evento ter consequências severas é lançado aviso vermelho. Fica tudo no mar? O IPMA defende-se dizendo que havia 20% de probabilidade de ficar tudo no mar o que veio a acontecer. O único cenário em que isto pode suscitar crítica é este cenário de probabilidades estiver constantemente errado. Aí tem que ser questionado se o IPMA usa os modelos adequados ou se faz a correcta interpretação dos modelos.
Não concordo que se diga que um aviso amarelo é para ficar em casa. Ou que um aviso amarelo é para fechar os túneis todos de Lisboa. Um aviso amarelo, como diz o IPMA, representa um risco para determinadas actividades. Eu se tenho um passeio planeado na serra, provavelmente não é boa ideia fazê-lo com aviso amarelo. Mas não estou à espera que a linha de comboio ou os túneis fiquem inundados com aviso amarelo. Por sua vez um aviso vermelho devia ser equivalente ao que os ingleses chamam "danger to life". Significa que estando ou não na rua, existe um risco meteorológico extremo que pôe em risco a vida, independentemente da actividade.
