Meus caros, gostaria que me esclarecessem o seguinte, ou que me reencaminhassem para o local correcto, caso já exista esse tópico... Como amante da metereologia, mas apenas a um nível (muito) amador, gostaria que me explicassem o que significam os termos CAPE e LI que tanto oiço falar relativamente às trovoadas... Afinal o saber nunca ocupa lugar...
CAPE Convective available potential energy LI = Lifted index Interpretação destes e de outros índices ou parâmetros (CAPE, LI, TT, Delta-T, K ,Showalter, DCI, SWEAT, CIN, SRH, etc,etc)
Mas afinal o CAPE é a quantidade de energia libertada para atmosfera, mas sobre a forma de quê? Essa energia permite as partículas de gelo ficarem mais ativas de modo a criarem mais trovoadas?
Não, o CAPE não tem nada a ver com a energia eléctrica das descargas. CAPE é energia potencial, energia “armazenada” numa parcela de ar, imagina uma bolha (daí vir expressa em Joules por Kg de massa), que pode ou não converter-se em movimento, energia cinética. Simplificando para se entender melhor, imagina que tens um balão de ar quente e o soltas. Para ele subir tem que existir energia envolvida no processo pois ele não sobe de forma mágica. O CAPE tem portanto a ver com flutuabilidade positiva, movimento ascendente, do ar. Pelo CAPE pode calcular-se (vmax = (2*CAPE)^0,5) a velocidade vertical máxima da corrente ascendente. Por exemplo 1500J/kg dá uma velocidade de 55m/s (~200km/h). Mas a "teoria da parcela/bolha" não é perfeita, diversos factores podem reduzir essa estimativa da velocidade a metade ou menos. Concluindo, quanto mais alto o CAPE, maior a velocidade do ar a subir, o que geralmente significa maior intensidade duma trovoada. Mas volto a frisar, que falamos de energia potencial, ou seja, a mesma está condicionada, latente, e precisa de ser libertada ou disparada por algum factor. Pode haver muito CAPE disponível e por variados factores não ocorrerem trovoadas. Deixo um excerto duma tradução e adaptação que temos estado a preparar para o fórum, a publicar brevemente.
Bom desde já lhe agradeço a disponibilidade para me responder à questão. Mas entretanto queria entender melhor qual é a relação entre o CAPE e a humidade e gostava também de perceber melhor o que é o Lifted Index, sei que há muita informação na net só que está em inglês e é complicado de entender mesmo traduzido. Agradeço a atenção
Em relação aos conteúdos em inglês, experimenta forçar o google (em ferramentas) a pesquisar apenas em língua portuguesa e verás que ainda se encontra alguma coisa, pelo menos a nível básico, sobretudo conteúdos oriundos do Brasil. Sobre o LI, é outro índice de instabilidade mais simples e ainda mais limitado que o CAPE, basta comparar as duas fórmulas. O LI é simplesmente a diferença de temperatura dum parcela de ar elevada aos 500hPa e a temperatura ambiente em redor da parcela aos 500hPa. Muito fácil de entender para quem saiba interpretar um tefigrama/Skew-T (fica para outra oportunidade) Dá-nos portanto uma ideia da instabilidade. No caso do LI, valores negativos significam flutuabilidade positiva, instáveis, valores positivos de LI são estáveis. É mais limitado que o CAPE pois é um cálculo num nível fixo, podendo ocultar algum potencial instável noutras camadas. Não se deve usar durante a temporada fria. Uma tabela de interpretação que se costuma usar é esta: LI 6 ou superior, condições muito estáveis LI Entre 1 e 6: Estável, Trovoadas Improváveis LI entre 0 e -2: Ligeiramente instável, Trovoadas Possíveis (com mecanismo de elevação) LI entre -2 e -6: Instáveis, provavelmente algumas trovoadas severas (com mecanismo de elevação) LI Menos de -6: Muito instável, prováveis tempestades severas (com mecanismo de elevação) Tal como o CAPE, o LI também nada nos diz sobre o restante que é necessário para ocorrer uma trovoada.
Boa tarde. Não querendo causar grande moléstia, alguém me pode explicar melhor o que é o SBCAPE (SBLI), MUCAPE (MULI) e MLCAPE (MLLI)? Em que é que estas grandezas diferem do CAPE e LI? Vejo estes termos serem utilizados frequentemente em previsões do Stormy, contudo não sei em que medida é que ele as utiliza... Obrigado pela atenção.
Está longe de ser uma resposta completa mas são 3 subcategorias do CAPE: http://www.weather.gov/media/unr/soo/scm/BKZ02.pdf Quanto à diferença entre o Cape e o LI. Usando a publicação anterior do Vince: Para o LI também faço uma comparação. Imagina que tens um bolo. Este bolo está à temperatura ambiente e é amarrado a um balão. Há medida que o bolo sobe, arrefece. Ora, quando chegar aos 500 hPa (+-6 km de altitude; tipicamente utilizada no cálculo do LI) o bolo terá uma temperatura. Quanto mais quente o bolo chegar à camada dos 500 hPa (que tipicamente é fria) menor será o LI e mais condições haverão para convecção/instabilidade. Por outras palavras, quanto maior for a diferença entre a temperatura da camada dos 500 hPa (2) e a temperatura do ar vindo das camadas baixas da atmosfera ao chegar a 500 hPA (3) menor será o valor do LI (1) (que equivale a maior instabilidade). O ar vindo da superfície terá que ser sempre mais quente que a camada de ar a 500 hPA para continuar a subir. A fórmula do LI é esta (com legenda): Quanto à relação entre o CAPE e LI recentemente, já não me lembro quando, o LI esteve nos Açores por volta dos -4 mas o CAPE era reduzido. Ou seja, se o ar subisse até aos 500 hPA ele chegaria mais quente. Contudo, a massa de ar não tinha energia suficiente (CAPE). Mesmo que houvesse um outro fator que auxiliasse na conveção, o baixo CAPE impediria o desenvolvimento de células significativas (daí a comparação do Vince relativamente ao balão). Tirei as dúvidas? Isto é uma resposta simplificada. Nota: mb = hPA