A atracção da costa selvagem e do oceano está-nos no sangue.
E quando o oceano se cobre de ondas brancas de espuma que se atiram sobre as rochas desfazendo-se em mil cascatas efémeras... é então que queremos estar perto e saborear o sal que paira no ar, a poalha soprada pelo vento que se impregna na pele, a chuva daqueles estouros maiores, a energia finalmente libertada pelas ondas que a receberam dos ventos das tempestades; ali naquelas falésias terminais, onde finalmente se apazigua toda a fúria em brancos cobertores de espuma que afagam a rocha mãe, em que se acaba o longo percurso, os derradeiros fios de água da vida das ondas.
A sul do Cabo da Roca
Pirolita, Frente Atlântica
22 Fevereiro 2013
Mais uma vez sublinho que estes roteiros são propositadamente incompletos para não retirar o prazer da descoberta. Os locais finais destes trajectos requerem experiência de caminhadas por trilhos abruptos e falésias.
Partindo dos moinhos da Azóia, toma-se a estrada exclusiva de acesso ao Convento de São Saturnino mas vira-se à direita no primeiro desvio. Segue-se pelo estradão em mau estado até este terminar no cimo de um cabeço. A partir daí procura-se um trilho por entre os blocos de granito na direcção oeste com o objectivo de chegar à cascata da Pirolita. Teremos a Casa da Pirolita sempre à vista no topo da encosta oposta. Atravessa-se a pequena ribeira que só tem água intransponível durante grandes episódios de chuva. A partir daí o objectivo é chegar o mais perto possível da beira das falésias. Há bastantes trilhos evidentes por ser uma zona usada para escalada desportiva e por pescadores.
As vistas que se têm durante todo o percurso ficam reservadas para a descoberta pessoal de cada um.
Olhando para trás, completada a descida, a cascata da Pirolita, o desmoronamento da Rocha Amarela e o cabeço de onde se desceu.

Já na beira da Frente Atlântica, o cabeço com os pinheirinhos que devem servir como referência para o retorno:

O mar não muito forte em volta do Esporão da Pirolita:

A ponta da Pirolita desfaz o ímpeto inicial das ondas:

Aquelas bigornas que viajam na corrente de noroeste pós-frontal:

As ondas:



O Guincho e o Cabo Raso num horizonte de células ao poente:

Os Rebolões do Guincho Velho:


O Esporão:

Porto Touro, Rebolões do Guincho
9 Março 2013
O Março que não tivemos em 2015:
Entre o Guincho Velho e a Pirolita existe uma série de enseadas e promontórios baixos. Um deles assemelha-se, quando visto de sul, à cabeça de um gigantesco Godzilla adormecido. Após esta visão, baptizei o rochedo com o nome desse monstro lendário. A foto mostra-o em mar calmo no dia 9 de Junho de 2012:

Descida pelo estradão que sai da estrada de Malveira da Serra para a Azóia. É o desvio a seguir ao da Biscaia, quando se vem da Malveira. Começa com uma bela vista sobre o vale de Rio Touro e o Convento de São Saturnino. Chegando ao fim do estradão e já pelo trilho que desce ao Guincho Velho, passa-se a ribeira e volta-se a subir na outra encosta por caminho bem trilhado que conduz ao Porto Touro. À vista do Godzilla continuar até se ver os pequenos trilhos que conduzem ao "pescoço" do monstro. A partir daí, cuidado com o terreno solto e é aventura...
Já pelo trilho do Guincho Velho se vêem panoramas das ondas sobre os Rebolões que parecem ilhas a nascer do oceano, qual cataclismo tectónico:

"Aves" do vento, arautos de tempestade sobre Godzilla:

Descendo o "pescoço", para sul o mar entra impetuosamente na Enseada Fechada quase isolando a "Ilha Negra", e por trás desta o promontório do Farol, onde se julga ter descoberto os vestígios de um primitivo sistema de sinalização luminosa ardente, à entrada do porto do Guincho Velho.

Para noroeste, o Cabeço da Pirolita:

Um mar branco em efervescência, em primeiro plano rochedos de Porto Touro:

Mar em fúria em Porto Touro, em último plano, a enseada da Pirolita que visitámos com mar então idilicamente calmo. Só podemos imaginar nesta altura todos aqueles calhaus rolados em frenética batalha, mais uma sessão de escultura das suas formas, uma de milhões, tão longo é o tempo e a paciência geológica.

Um jardim sobre um rochedo de Porto Touro. Um dia visitei-o, possui uma colecção invulgar de plantas, entre as quais inesperados cactos!

Estouro nos rochedos perto da Frente Atlântica:

A "face" agreste do Atlântico:

No flanco sul da cabeça de Godzilla, a rebentação entra estrondosamente na Enseada Secreta. Sente-se o chão a vibrar com o deslocamento dos calhaus maiores. O ruído é de trovão.

Mais além, nos Rebolões e ao longe o Abano:

Demasiado perto e demasiado tarde, no nariz do monstro, o sopro da rebentação vem a caminho, uma das câmaras, que já estava em fim de vida, terminou aqui a sua longa e épica carreira:

Cascatas das Ondas...



E quando o oceano se cobre de ondas brancas de espuma que se atiram sobre as rochas desfazendo-se em mil cascatas efémeras... é então que queremos estar perto e saborear o sal que paira no ar, a poalha soprada pelo vento que se impregna na pele, a chuva daqueles estouros maiores, a energia finalmente libertada pelas ondas que a receberam dos ventos das tempestades; ali naquelas falésias terminais, onde finalmente se apazigua toda a fúria em brancos cobertores de espuma que afagam a rocha mãe, em que se acaba o longo percurso, os derradeiros fios de água da vida das ondas.
A sul do Cabo da Roca
Pirolita, Frente Atlântica
22 Fevereiro 2013

Mais uma vez sublinho que estes roteiros são propositadamente incompletos para não retirar o prazer da descoberta. Os locais finais destes trajectos requerem experiência de caminhadas por trilhos abruptos e falésias.
Partindo dos moinhos da Azóia, toma-se a estrada exclusiva de acesso ao Convento de São Saturnino mas vira-se à direita no primeiro desvio. Segue-se pelo estradão em mau estado até este terminar no cimo de um cabeço. A partir daí procura-se um trilho por entre os blocos de granito na direcção oeste com o objectivo de chegar à cascata da Pirolita. Teremos a Casa da Pirolita sempre à vista no topo da encosta oposta. Atravessa-se a pequena ribeira que só tem água intransponível durante grandes episódios de chuva. A partir daí o objectivo é chegar o mais perto possível da beira das falésias. Há bastantes trilhos evidentes por ser uma zona usada para escalada desportiva e por pescadores.
As vistas que se têm durante todo o percurso ficam reservadas para a descoberta pessoal de cada um.
Olhando para trás, completada a descida, a cascata da Pirolita, o desmoronamento da Rocha Amarela e o cabeço de onde se desceu.

Já na beira da Frente Atlântica, o cabeço com os pinheirinhos que devem servir como referência para o retorno:

O mar não muito forte em volta do Esporão da Pirolita:

A ponta da Pirolita desfaz o ímpeto inicial das ondas:

Aquelas bigornas que viajam na corrente de noroeste pós-frontal:

As ondas:



O Guincho e o Cabo Raso num horizonte de células ao poente:

Os Rebolões do Guincho Velho:


O Esporão:

Porto Touro, Rebolões do Guincho
9 Março 2013
O Março que não tivemos em 2015:

Entre o Guincho Velho e a Pirolita existe uma série de enseadas e promontórios baixos. Um deles assemelha-se, quando visto de sul, à cabeça de um gigantesco Godzilla adormecido. Após esta visão, baptizei o rochedo com o nome desse monstro lendário. A foto mostra-o em mar calmo no dia 9 de Junho de 2012:

Descida pelo estradão que sai da estrada de Malveira da Serra para a Azóia. É o desvio a seguir ao da Biscaia, quando se vem da Malveira. Começa com uma bela vista sobre o vale de Rio Touro e o Convento de São Saturnino. Chegando ao fim do estradão e já pelo trilho que desce ao Guincho Velho, passa-se a ribeira e volta-se a subir na outra encosta por caminho bem trilhado que conduz ao Porto Touro. À vista do Godzilla continuar até se ver os pequenos trilhos que conduzem ao "pescoço" do monstro. A partir daí, cuidado com o terreno solto e é aventura...
Já pelo trilho do Guincho Velho se vêem panoramas das ondas sobre os Rebolões que parecem ilhas a nascer do oceano, qual cataclismo tectónico:

"Aves" do vento, arautos de tempestade sobre Godzilla:

Descendo o "pescoço", para sul o mar entra impetuosamente na Enseada Fechada quase isolando a "Ilha Negra", e por trás desta o promontório do Farol, onde se julga ter descoberto os vestígios de um primitivo sistema de sinalização luminosa ardente, à entrada do porto do Guincho Velho.

Para noroeste, o Cabeço da Pirolita:

Um mar branco em efervescência, em primeiro plano rochedos de Porto Touro:

Mar em fúria em Porto Touro, em último plano, a enseada da Pirolita que visitámos com mar então idilicamente calmo. Só podemos imaginar nesta altura todos aqueles calhaus rolados em frenética batalha, mais uma sessão de escultura das suas formas, uma de milhões, tão longo é o tempo e a paciência geológica.

Um jardim sobre um rochedo de Porto Touro. Um dia visitei-o, possui uma colecção invulgar de plantas, entre as quais inesperados cactos!

Estouro nos rochedos perto da Frente Atlântica:

A "face" agreste do Atlântico:

No flanco sul da cabeça de Godzilla, a rebentação entra estrondosamente na Enseada Secreta. Sente-se o chão a vibrar com o deslocamento dos calhaus maiores. O ruído é de trovão.

Mais além, nos Rebolões e ao longe o Abano:

Demasiado perto e demasiado tarde, no nariz do monstro, o sopro da rebentação vem a caminho, uma das câmaras, que já estava em fim de vida, terminou aqui a sua longa e épica carreira:

Cascatas das Ondas...


