Cientista esconde dados de estações meteorológicas chinesas

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12 Out 2008
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O cientista que esteve no centro do escândalo do "Climategate", Phil Jones, volta mais uma vez a ser notícia. E não pelas melhores razões. Jones terá, segundo o "The Guardian" escondido problemas nas medições de temperaturas em estações meteorológicas chinesas.

O cientista que esteve no centro do escândalo do "Climategate", Phil Jones, volta mais uma vez a ser notícia. E não pelas melhores razões. Jones terá, segundo o "The Guardian" escondido problemas nas medições de temperaturas em estações meteorológicas chinesas.

De acordo com uma investigação do diário britânico aos milhares de emails e documentos desviados da Universidade de East Anglia, e que estiveram na base do "Climategate", diversos dados de estações meteorológicas chinesas foram "seriamente violados" e não puderam ser utilizados no trabalho de Jones.

Jones e um colaborador têm sido acusados por um investigador e céptico das alterações climáticas de tentarem omitir dados que podiam lançar algumas dúvidas sobre um estudo importante, realizado em 1990, sobre o impacto das cidades no aquecimento global.

Segundo o "The Guardian", este caso tem ligação com os erros do quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), já que o IPCC usou o estudo feito com base nas medições realizadas nestas estações meteorológicas.

Desde que foram conhecidos estes erros, o IPCC tem sido alvo de duras críticas. No 4º relatório, divulgado em 2007, o IPCC usou informação que não suficientemente analisada e que o levou a concluir, e a incluir no relatório, erros como o do Glaciar dos Himalaias (o relatório referia que o degelo do glaciar iria ocorrer até 2035, algo que já foi desmentido pelo próprio IPCC).

84 estações meteorológicas chinesas – situadas em zonas urbanas e semi-rurais – mediram a evolução da temperatura durante meio século. Estes dados foram utilizados num estudo publicado em 1990 na revista "Nature", que mais tarde foi utilizado pelo IPCC no seu quarto relatório.

Alguns cépticos das alterações climáticas pediram à Universidade de East Anglia informações sobre as localizações destas estações. Estas eram cruciais para o estudo de Jones e do seu colaborador Wei-Chyung Wang, já que o estudo concluiu que o aumento das temperaturas na China era consequência das alterações climáticas e não da expansão das zonas urbanas (mais tarde, o IPCC usou este estudo para concluir que qualquer relação entre o aumento das temperaturas e a expansão das cidades "era muito pequena").

Jones preferiu não fazer comentários a esta notícia do "The Guardian" mas o seu colaborador admitiu que as localizações das estações podem ter sido alteradas mas apenas "alguns metros".

Numa entrevista concedida domingo passado ao "Observer", o secretário de Estado britânico para as alterações climáticas, Ed Miliband, "declarou guerra" às vozes que negam que o aquecimento global seja real e tenha causas humanas. Miliband referiu ainda que um erro não pode colocar em causa tudo o resto.

Fonte: Jornal de Negócios