Descoberta a água mais longínqua no Universo

Rog

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Descoberta a água mais longínqua no Universo

Investigadores europeus descobriram as moléculas de água mais distantes de sempre da Terra. Estão a 11,1 mil milhões de anos-luz daqui e têm origem num buraco negro que existe no centro de uma galáxia. O jacto de vapor foi emitido por ele quando o universo estava ainda numa fase precoce da sua existência. Ou seja, tinha apenas 2,5 mil milhões de anos.


Está a 1,8 mil milhões de anos-luz da Terra e é a água mais distante de sempre já detectada pelos astrónomos no universo. As moléculas com a assinatura H2O parecem ser provenientes do centro de uma galáxia, onde se pensa existir um buraco negro supermassivo.

A descoberta esteve em foco na Semana Europeia de Astronomia e Ciência do Espaço, em Hatfield, no Reino Unido. Um dos seus autores, o astrofísico John Mckean, do instituto holandês de radioastronomia Astron, afirmou aí que as observações apontam para que "o vapor de água detectado tenha origem no jacto emitido pelo buraco negro no centro da galáxia", onde as moléculas foram detectadas.

Catalogada com o nome MG JO414+0534, a galáxia emitiu aquele jacto de vapor de água quando o universo tinha apenas 2,5 mil milhões de anos de existência, ou seja, menos de um quinto da sua idade actual, estimada em cerca de 14,5 mil milhões de anos.

A primeira detecção de água naquele ponto foi feita em 2007 e publicada no final de 2008. Mas, desde então, a equipa de astrofísicos tem observado todos os meses aquele cantinho distante do céu, para ver como ele se comporta.

A conclusão dessa observação persistente, revelou John Mckean na conferência no Reino Unido, é que "o sinal tem sido constante, sem alteração aparente na velocidade do vapor de água que foi ejectado". Isto indica, sublinhou ainda o investigador, citado pelo serviço europeu de notícias de ciência AlphaGalileo, que "tal como tínhamos previsto, o jacto contendo a água tem origem no buraco negro, no centro da galáxia, e não no disco que o rodeia".

O vapor de água só é observável porque as moléculas no seu interior são amplificadas e emitem radiação em microondas, tal como um laser emite raios de luz. O sinal foi detectado pelos radiotelescópios devido a um efeito muito especial de lente que as galáxias podem ter em relação a objectos que estão para além delas.

Recorrendo a esta técnica, os astrónomos conseguiram assim uma ampliação do sinal emitido pelo jacto de vapor de água. "A radiação que identificámos levou 11,1 mil milhões de anos a chegar à Terra. No entanto, porque o universo se expandiu como um balão que estivesse a encher-se durante esse período, alargando a distância entre cada ponto, a galáxia em que foi detectada água está a cerca de 19, 8 mil milhões de anos-luz daqui", explicou John Mckean.

Depois desta descoberta, a equipa resolveu olhar para outras galáxias na vizinhança da MG JO414+0534. Rastreou até agora cinco desses objectos mas não encontrou gota de água. No entanto, a equipa acredita que deverá haver uma percentagem mínima de ocorrências deste tipo naquela fase precoce da vida do universo, ou esta descoberta não teria ocorrido de todo.

"Encontrámos este sinal logo no primeiro sistema para o qual olhámos usando a técnica das galáxias como lentes gravitacionais", explicou John McKean, notando que "isso não poderia ser apenas uma grande sorte". Os investigadores estão a analisar dados de alta resolução para perceber exactamente a que distância está o vapor de água do buraco negro que lhe deu origem. Com isso querem perceber como era o centro das galáxias nessa fase do universo.
 


belem

Cumulonimbus
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Bom tópico.
Eu ainda não percebi como é que há radicais que pensam que o centro do universo é a Terra.
Só agora estamos a começar a conhecer.
Humildade acima de tudo.