Os modelos climáticos globais entram com factores de retroalimentação (como a influência da nebulosidade na radiação que atinje a superfície e, subsequentemente, da infuência da temperatura da superfície na atmosfera, ou a influência dos revestimentos do solo, florestação, etc)?
Tenho uma questão para lançar e prefiro fazê-lo num tópico já batido (o assunto tem a ver, prometo
) mas peço a quem de direito para se manifestar a favor de um tópico novo, se for necessário. Acho que o tema é interessante mas téncico; e a estatística do forum demonstra a preponderância de temperamentos tendencialmente obcessivos como o meu, ou seja, que os tópicos que sobrevivem mais tempo com actualizações frequentes tendem a colher mais participação - em todos os sub-foruns há uma maia dúzia de tópicos com mais de 50 mensagens, e a esmagadora maioria tem menos de dez
Por isso, lanço a minha questão no contexto da evolução do Inverno de 2007/2008
Este Outono atípico tem sido caracterizado por grande ausência de nebulosidade precisamente a partir de uma altura do ano (equinócio de Setembro) em que o balanço da radiação começa a ser negativo, ou seja, em que temos cada vez menos horas de sol e a radiação a incidir na superfície continental com um ângulo cada vez mais baixo, enquanto que a emissão de calor pela superfície e a transmissão de calor para camada limite da atmosfera é constante; devido à ausência de nebulosidade durante a noite, uma grande parte da radiação infravermelha (calor sensível) emitida perde-se para o espaço, quando seria absorvida e reemitida em maior quantidade de volta para a superfície caso houvesse mais vapor de água. Em consequência, seria de esperar um arrefecimento maior da superfície continental - que se traduziria, deduzo eu, sobretudo, por maiores amplitudes térmicas e temperaturas mínimas mais baixas em dias calmos.
A Europa é uma península relativamente estreita, pelo que, imagino, a tendência para se criarem altas pressões por efeito do arrefecimento acentuado sobre o continente será sempre relativamente pequena. Num continente maior, penso que há a tendência para haver uma retroalimentação até as massas de ar ou a mudança de estação baralharem outra vez as cartas: estabilidade > frio > altas pressões > estabilidade > ...
A questão que lanço aos entendidos é: admitindo que isto tem alguma relevância no tempo que pode fazer ao longo da estação caso, como se supõe poder vir a acontecer, o tempo anticiclónico se mantenha, pode também ter alguma interacção com os fluxos de massas de ar?
Simplificando e direccionando a questão: em Portugal (país litoral e exposto a ventos dominantes marítimos) um Outono seco influencia significativamente o clima de Inverno, ou é esse clima acima de tudo dominado por factores de origem externa?
Desculpem a um leigo o colocar questões talvez um pouco técnicas e fora da sua área de especialidade, mas sou curioso e gostaria de saber um pouco mais.