Estudo dos oceanos ajuda climatologia
Fonte: DNVulcões também entram na pesquisa
Uma equipa de cientistas britânicos afirma poder fazer projecções climáticas a uma distância de dez anos, com base nas correntes oceânicas e na actividade humana, bem como em outros factores de mais curto prazo, como seja o fenómeno El Niño.
Os investigadores dizem que, entre 2009 e 2014, pelo menos metade dos anos atingirá níveis recordes nos diferentes itens climáticos. Num cenário de uma década, os cientistas afirmam que em 2014 a temperatura estará mais elevada 0,3 graus centígrados do que em 2004. Até à data, o ano mais quente foi 1998, período em que a temperatura média global atingiu os 14,54 graus.
O especialista em clima Doug Smith explica que o seu modelo se distingue de outros já existentes, nomeadamente daqueles que fazem previsões para um século. "Num cenário de dez anos, quer as variações naturais quer as induzidas pela actividade humana são mensuráveis, enquanto quando se olha, por exemplo, para 2100, apenas estas últimas podem ser estimadas", refere.
O último relatório do IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) refere que a actividade humana "muito provavelmente" causa o aquecimento global. "O nosso método é o mesmo utilizado pelo IPCC só que parte da observação do estado dos oceanos e da atmosfera", explicou Doug Smith. "O efeito de estufa e os aerossóis estão incluídos, mas para nós é mais importante prever as variáveis naturais", acrescenta.
Para que possa oferecer previsões a uma década, e não a um século, o modelo compreende a observação dos oceanos e da atmosfera. Isto permite prever como é que fenómenos como o El Niño irão afectar o clima. Os cientistas esperam que estes dados, combinados com as erupções vulcânicas, resultem numa das mais completas previsões até hoje efectuadas.
"Uma das razões porque estas previsões a dez anos não têm sido feitas é porque a cobertura e a pesquisa dos oceanos tem sido escassa", refere Doug Smith. "As pesquisas que existem estão dispersas e por isso de pouco servem para interpretar os oceanos", sustenta a mesma fonte. Mas algum incremento recente na colecta de dados, obtidos por satélite e por instrumentos implantados no mar, está a permitir aos cientistas aumentar a sua compreensão de como as dinâmicas dos mares podem influenciar o clima.