Essa cut-off foi de facto responsável pelos 400 mm que cairam no Algarve na semana antes do Natal e pelo acidente do aeroporto. Mas custa-me imenso acreditar em tal valor acumulado, ainda para mais em Évora.
Esses valores "astronómicos" de precipitação acumulada mensal, como o que supostamente foi registado em Évora nesse dezembro de 1992, são algo comuns no Gerês e noutros pontos do Minho e até mesmo no topo da serra da Estrela. No Alentejo é praticamente impossível.
Lembro-me de no ano passado alguns locais do Minho terem tido acumulados brutais de 600-700 mm ou mesmo mais só em outubro e novembro, tendo mesmo passado a barreira dos 1000 mm no Gerês.
Consta-se também que, há 33 anos, no já longínquo mês de outubro de 1987 entre os dias 14 e 16 (aquando da grande tempestade que deixou grande parte do Reino Unido debaixo de água e que também afetou Portugal com bastante intensidade ao nível da chuva e do vento) alguns locais do Minho atingiram acumulados brutais de 500 mm nesses três dias, tendo provocado cheias, inundações e avultados prejuízos materiais. Se isto acontecesse no Alentejo toda a região virava um oceano.
Acredito que essa tal cut-off de dezembro de 1992 tenha deixado para aí entre 200 a 300 mm em Évora, o que mesmo assim e por si só já é um valor muito elevado para a região que é. Agora quase 700 mm de precipitação só num mês... esse valor faria com que Évora virasse um mar em grande parte da cidade. Se os 400 mm registados no Algarve provocaram o caos e o pandemónio com o trágico acidente de avião no aeroporto... nem quero imaginar tal valor de quase 700 mm em Évora, a cidade praticamente desaparecia do mapa.