Foguetes supressão de granizo

Geiras

Cumulonimbus
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16 Jun 2010
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Qta. do Conde / Sintra
Mas o objectivo aqui era não estragar as vinhas... Do modo que isto vai, algum dia quando se prevê tempestades põe-se tudo a "disparar" para o ar e será muito mau para os Storm Chasers :D
 


Gerofil

Furacão
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Estremoz
O Alentejo tem um déficit hídrico recorrente. Impedir a chuva porque calha numa altura inconveniente para alguém... Para mim, está tudo dito. Aqui em Nisa as charcas estão quase todas secas, mas esta até é uma região de aquíferos bons. Noutros sítios não há essa sorte.

Mas que grande confusão para algumas pessoas :lmao: A técnica tem apenas o objectivo de transformar o granizo em gotas de água quando ocorre precipitação; nunca se falou em evitar a ocorrência de chuva.
E já agora alguém diga-me onde está escrito que esta técnica é proibida? Muito pelo contrário, é uma tecnologia que está em franca expanção e ao serviço dos agricultores, nomeadamente nos países mais desenvolvidos.
Se alguém pensa que se está a querer alterar o clima, então será melhor fazerem uma revisão do seu próprio conceito de clima.

Mas o objectivo aqui era não estragar as vinhas... Do modo que isto vai, algum dia quando se prevê tempestades põe-se tudo a "disparar" para o ar e será muito mau para os Storm Chasers :D

Geiras, não brinque com coisas sérias.
 

CptRena

Nimbostratus
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16 Fev 2011
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Gafanha da Encarnação, Aveiro
Re: Seguimento Sul - Agosto 2011

De qualquer forma continuo muito céptico, penso que os tipos nos EUA para impedir aquele granizo extremo que eles tem (muito mais violento que aqui) então gastariam metade do arsenal militar em Oklahoma em vez de guerras espalhadas pelo mundo.

Nos EUA eles não precisam de nenhum arsenal, eles têm a melhor arma para controlo do clima e do estado do tempo. Chama-se HAARP :D

Neste caso, estes foguetes diria que se trata de Semeadores de Nuvens que aceleram o processo de formação de nuvens e de precipitação, impedindo a formação de saraivas com grãos de grandes dimensões e que destroem as culturas. Diversas referências da utilização de Iodeto de prata para protecção contra as grandes saraivas. Cloud seeding was begun in France during the 1950s with the intent of reducing hail damage to crops.
Não impede de chover, apenas altera o tamanho do grão que precipita.

PS: Desculpem as páginas em inglês, mas como devem saber são as que estão melhor documentadas e as que têm mais informação.
 

Geiras

Cumulonimbus
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16 Jun 2010
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Qta. do Conde / Sintra
E já agora alguém diga-me onde está escrito que esta técnica é proibida?

Foi apenas o que percebi, pelo que li em certos posts de membros aqui ;)
 

adiabático

Cumulus
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19 Nov 2007
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Gerofil, se a técnica que aqui discutimos se destina apenas a reduzir o tamanho do granizo, menos mal. Não me parece que venha daí prejuízo para ninguém. Admito que não lhe conheço a história, nem as especificidades, mas sei a diferença entre tempo e clima, como poderá confirmar no meu post. E confesso-me tendencioso, já que a minha agenda poderia ser "quanto mais água, melhor". Um pouco primário? Talvez, mas aumentaria as nossas possibilidades. Mas também não defenderia o recurso a técnicas de provocar chuva artificialmente, a menos que isso partisse de um amplo consenso social. O que me parecer estar aqui em discussão é, ainda, o direito de qualquer agricultor, sem consultar ninguém, intervir sobre o tempo, afectando outras áreas para além da sua courela.
 

miguel

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Até provas em contrario eu também não acredito nessas técnicas, não vejo como isso pode funcionar nem acredito nessas coisas como já disse :p
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Braga
Gerofil, pronto, já estive a ler mais uma coisas, e não seriam foguetes que dissipam tempestades como inicialmente destes a entender mas semeadura de nuvens (cloud-seeding) com iodeto de prata ou gelo seco.

Neste caso da experiência que indicaste na Argentina o uso de iodeto de prata não é para antecipar ou provocar precipitação como é habitual em semeadura de nuvens, mas para introduzir mais partículas concorrendo na formação de granizo com as partículas naturais, ou seja, para impedir por competição os existentes/naturais cresçam muito. Em teoria haverá mais granizo, mas de menor dimensão, que faça menos estragos ou que derreta mais rapidamente.


Usually, the number of ice crystals in the cloud is small and, upon the existence of appropriate conditions, they grow rapidly to hailstones with large sizes.

The most popular hail suppression concepts are:

Beneficial competition
Seeding increases significantly the ice embryos concentration so that the artificial and natural ice particles compete with each other for available liquid water. The supercooled water redistributes between all ice embryos and thus resulting hailstones are small. Falling to the ground, they melt to rain or sleet.

Early rainout
Seeding accelerates precipitation development, resulting in the “rainout”of still small hydrometeors from convective turrets that have not yet developed updrafts strong enough to support the growth of hail. Thus, the cloud supercooled water content (from which hail might otherwise grow) is reduced.

Trajectory lowering
Seeding accelerates hail embryos growth at lower level in the cloud, where liquid water content is smaller and updrafts are weaker. Then the hail falls out of the cloud both in smaller sizes and earlier than if that would have taken place naturally.

http://www.weathermod-bg.eu/pages/izk_en.php

Pelo que andei a investigar, existem então várias tecnologias, umas parecem mera treta (como uns canhões que emitem ondas de choque para o ar) outras podem ter alguma lógica como esta, embora mesmo assim haja bastante cepticismo em relação à eficácia disso. Quer foguetes quer emissores de superfície estão dependentes do iodeto ir parar ao sitio correcto, com avião e guiado por radar talvez fosse mais eficaz.

Aqui mais próximo pratica-se em França (ANELFA project) e numas zonas espanholas (Consorcio por la Lucha Antigranizo de Aragon)

Neste documento fala-se das experiências nesses dois países, indicando estudos que mostram alguma eficácia:
http://www.essl.org/ECSS/2009/preprints/P12-02-dessens.pdf

Neste fala-se da Grécia:
http://www.slideshare.net/meteo021/hail-suppression-in-greece

Bulgária:
http://www.misrar.nl/UserFiles/File/Best_Practices_2_EPF_bulgarian hail suppression system(1).pdf

Mas subsistem-me ainda muitas dúvidas. Isto são foguetes que tem que voar ainda a alguma altura, em Espanha em França não se usam foguetes devido ao tráfego aéreo (e cá não se põe esse problema?), usa-se outro método, com uma rede de emissores na superficie que emitem para o ar na camada mais baixa da atmosfera esperando-se depois que as correntes ascendentes elevem para cima. Outra dúvida que subsiste é que isto exige algum conhecimento meteorológico, quer na fase de previsão, quer onde saber lançar o iodeto para a atmosfera, tem que funcionar em rede com muitos pontos. Quer na França quer em Espanha isso é feito com auxílio de entidades como Meteofrance ou no caso de Espanha num projecto com a universidade de Leon. Ou seja, envolve ainda uma infraestrutura razoável que vai desde a previsão do granizo até ao acompanhamento de células em tempo real para saber em que zonas se deve lançar o iodeto de prata.

Em Portugal se se trata efectivamente disto, quem gere isto tudo ? Não pode ser uma coisa meio aleatoriamente ao calhas, tem que haver know-how por detrás, uma rede minimamente organizada. E acho estranho nunca ter ouvido falar disso. Será mesmo que se trata disto ? Seria interessante sabermos mais dessa prática.


ADMINISTRATIVE ORGANIZATION OF THE PROJECTS

FRANCE:

The ANELFA was born in 1951. It is a nonprofit association federating a dozen of regional entities
(département) located in hail damaged areas. Each local
association collects the funding for its participation to the
ANELFA project. The members of the local associations
and of the ANELFA are politicians, agronomists, and
leaders of agricultural organizations. In the départements
covered by this association, 660 seeding stations are spread
out in local networks with an odd 10 km mesh. The area is
distributed over four regions and represents a total of
66,000 km².

SPAIN: The “Consorcio por la Lucha Antigranizo de
Aragon” has the responsibility of managing the seeding
operations. The Project is developed in two areas situated in
Zaragoza and Teruel (Ebro Valley area).The first area
named Valjalón, is in a mountainous region with frequent
hailstorms and comprises 30 remote ground generators with
an odd 20 km mesh. This target area represents about
6,500 km². The second area, named Bajo Aragón, is placed
in a part of Teruel and Zaragoza over a mountainous area
and has 21 remote ground generators for seeding operations.
The protected area is about 2500 km².

SEEDING AND MEASUREMENTS

FRANCE:
Each station is equipped with a manual
vortex ground generator which burns a 1% solution of AgI-
0.5 NaI in acetone. The hail forecast is made by MétéoFrance according to a special agreement with the ANELFA.
The non-randomized seeding begins at least 3 hours before
forecast hailfalls and lasts until the end of the risk period.
There are some 20 days with hail warning per year for each
local network, an event lasting around 10 hours.
In the ten past years, the 660 stations have released a
mean amount o

Since 1988, more than 1000 hailpads with a density of 1
hailpad every 8 km have been recording the physical
parameters of hailfalls in the area.

SPAIN:
Each station is equipped with an automatic
ground generator which burns a 1.2 % solution of AgI-0.5
NaI in acetone. The hail forecast is made by the University
of León which is in charge of the scientific aspect of the
project. The non-randomized seeding begins at least 1 hour
before forecast hailfalls and lasts until the end of the risk
period. The seeding period starts around May 15 and ends
by September 30. There are about 50 days with hail warning
per campaign. These past years, stations have released a
mean amount of 250 kg of silver iodide per hail season.
100 hailpads with a density of 1 hailpad every 5 km are
distributed homogeneously in the area and the network was
set up in 2003.
A 5 cm radar in Zaragoza is used both for forecast and
storm analysis

Argentina
Hail prevention (severe storm suppression in fact) as part of Natural Disaster reduction activity is of great public and economic importance. The latest scientific and technical achievements of Russian rocket seeding technology are realised in an Operational Hail Protection and Research Program in the Province of Mendoza, Argentina. Digitised MRL-5 weather radars (X and S bands) operate under a Computer software control and allow the recording of storm data on CDs for further reviewing of the operations. Software calculates the seeding area, how many rockets should be launched for covering the seeding area, which launching sites are going to intervene in the action, as well as the azimuth angels for firing off the rockets. All these decisions could be adjusted by the operator, depending on his own experience and skill.


Bulgária
The Bulgarian hail suppression system was set up in 1968
as a structure of the Ministry of Agriculture. The Agency
carries out its activities by analysing and monitoring the
weather conditions using MRL5-IRIS Doppler radars and
cloud seeding.
In Bulgaria, the method of delivery of reagent - artificial
ice-forming nucleus (AgI) in clouds by rockets has been
adopted. It enables the direct and continuous dispersion of
reagent in seeding cloud areas at regular intervals during
the whole period of hail danger.
The overall hail suppression activity is carried out by the
RAPIRA system. The system is designed to process and
display the weather radar information from MRL5-IRIS, to
process the aerological sounding data, to command and
control the cloud seeding with seeding reagent and to
command the anti-hail rockets launching.
Real time meteorological radar information is transferred
to the National Civil Protection Service and the Air Force.
In order to prevent hail damages, it is necessary to
transform the dangerous convective clouds so as not to
allow the formation of large hailstones.
Seeding increases significantly the ice embryos
concentration so that the artificial and natural ice particles
compete with each other for available liquid water. The
supercooled water redistributes between all ice embryos
and thus resulting hailstones are small. Falling to the
ground, they melt to rain or sleet – this is called beneficial
competition
MRL5-IRIS is a modern Doppler radar system for automatic
volumetric scanning of the atmosphere and data archiving.
The system includes three radar stations and an
information centre in Sofia, fitted up with IRIS Analysis and
6 remote posts with IRIS Display. Real time volumetric
radar information is transmitted to other command posts
and the information centre in Sofia.

De qualquer forma, apesar da confusão inicial de "parar o desenvolvimento", agradeço a informação, pois não conhecia isto.

Em relação aos incêndios, se efectivamente estamos a falar da mesma prática, provavelmente o risco é muito reduzido pois serão foguetes específicos que ainda rebentam a bastante altitude.
Em relação à manipulação, isto é sempre considerado manipulação não do clima mas do tempo local.
 

Gerofil

Furacão
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21 Mar 2007
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Estremoz
Gerofil, pronto, já estive a ler mais uma coisas, e não seriam foguetes que dissipam tempestades como inicialmente destes a entender mas semeadura de nuvens (cloud-seeding) com iodeto de prata ou gelo seco.

Efectivamente trata-se de foguetes de iodeto de prata; hoje contactei telefonicamente com a Jurofrutas Lda, que explora os pomares da Herdade do Monte Branco (Juromenha), tendo a confirmação da sua utilização durante muitos anos mas que actualmente já foi colocada de lado porque a empresa adquiriu uma cobertura antigranizo para os seus pomares. Isto não quer dizer que não haja outros empresários agrícolas na região a continuarem a usar os foguetes de iodeto de prata.

Outras entradas no Google sobre o assunto: iodeto de prata granizo
 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Não creio que seja de todo possível suprimir a queda de granizo num cúmulonimbo! Se for pela via da elevação de temperatura, a energia "investida" seria brutal, só comparável aos efeitos de uma bomba atómica. Se for pela via de alterar a temperatura de mudança de fase, por exemplo adicionando sal, etilenoglicol, ou outro composto qualquer, seria necessário uma quantidade massiva (falamos de muitas toneladas espalhadas pelo volume da nuvem) e com pouca eficiência quando o granizo já está caindo..

Já facilitar que ocorra precipitação, é outra conversa.. Para haver precipitação tem de haver condensação e formação de núcleos, e havendo condensação à partida e depois intervindo na formação de núcleos até lançar poeira pode ajudar, embora compostos mais eficientes!

Impedir que chova já por si, seria muito complicado, quanto mais evitar cair granizo.. Posso estar enganado, mas a mim parece-me uma charlatanisse tipo banha da cobra! É que simplesmente não estamos falando de litros ou quilos de gelo, falamos de toneladas e toneladas, enfim esqueçam lá isso!! :)
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Impedir que chova já por si, seria muito complicado, quanto mais evitar cair granizo.. Posso estar enganado, mas a mim parece-me uma vtipo banha da cobra! É que simplesmente não estamos falando de litros ou quilos de gelo, falamos de toneladas e toneladas, enfim esqueçam lá isso!! :)

Se leres com atenção os links que pus em cima, as coisas até fazem bastante sentido se bem feitas. Pelo menos em teoria tem alguma lógica.

Agora, eu tenho muitas dúvidas é no método pois aparentemente aquilo que alguns praticam no Alentejo é uma coisa meio amadora, provavelmente alguma prática enraizada que foi passando de boca em boca e alguns agricultores naturalmente preocupados com as suas culturas gastam se calhar precioso dinheiro (que já não deve ser muito) a atirar uns foguetes para o ar, que se calhar alguém lhes vendeu prometendo-lhes eficácia.

Fiquei sinceramente interessado em saber mais sobre estas práticas, quanto mais não seja para desmascarar algum mito enraizado, ou eventualmente até desmascarar alguma "banha da cobra" ou charlatanisse de alguém que vai facturando com a venda dos ditos foguetes.