No Atlântico como previsto (ver seguimento) formou-se a Tempestade Tropical Bertha.
A Bertha formou-se contra a climatologia, é o primeiro sistema tropical com nome a formar-se na região de Cabo Verde no mês de Julho desde 1996, curiosamente com o mesmo nome, o Furacão Bertha de 5 Julho 1996 que provocou grandes estragos na costa leste dos EUA. E continuando na climatologia, não há registos desde 1851 de um sistema tropical formar-se numa longitude tão a leste no mês de Julho, embora claro, os registos não são muito fidedignos antes da era dos satélites, embora nesta zona isso seja um pouco minimizado pois é uma rota marítima importante desde há séculos.
Modelos
A generalidade dos modelos concorda no trajecto noroeste para os primeiros dias, sendo que a partir daí há algumas divergências, com o GFS a indicar uma quebra da crista do anticiclone e a virar mais acentuadamente para norte com rumo mais ou menos a uma zona entre as Bermudas e os Açores onde seria depois absorvido. (Se olharem para os mapas do GFS a que estão mais habituados como o wetterzentrale, vêm a chegada do sistema a estes mapas a partir das 144 horas. Outros modelos como o ECMWF indicam uma Bertha mais fraca a dissipar-se nessa zona onde há windshear mais forte, cenário que me parece bastante plausível.
Quanto a intensidade, alguns modelos fazem-no chegar à categoria 1 de Furacão mais ou menos durante a próxima segunda-feira.
Condições
As condições hoje são favoráveis, mas a partir de amanhã ou depois a Bertha entrará em água um pouco menos quente que agora, o que à partida impedirá que evolua para furacão e pode mesmo diminui-la de intensidade.
Calor acumulado na água:
Em simultaneo com essas águas mais frias atravessará uma zona com ar mais seco e estável associada ao SAL, que lhe trará algumas dificuldades e será bastante interessante acompanhar essa progressão. O que acontecerá nessa travessia depende muito da forma como a Bertha evolui hoje e amanhã, o tipo de estrutura que terá antes de enfrentar um ambiente menos favorável, por vezes há sistemas bastante resistentes às condições desfavoráveis, outras vezes não.
Vapor de água:
Depois, se sobreviver como alguns modelos dizem que sim, finalmente enfrentará um windshear bastante elevado que o destruirá, sendo provavelmente o remanescente absorvidos no norte do Atlântico. A avaliar por alguns modelos, antes disso acontecer poderia chegar a furacão dada a água novamente mais quente.
Previsão do windshear do GFS:
(Acima de amarelo é windshear destrutivo para um sistema tropical.)
Cabo Verde e Açores
Apesar da proximidade de Cabo Verde a situação não é muito preocupante.
Se olharmos para o satélite vemos que uma banda convectiva afecta já as ilhas do sul (Brava,Fogo, Santiago e Maio).
Ao longo de todo o dia de hoje continuarão a ser afectados por essas bandas, mas julgo que nada de grave, chuva por vezes intensa e demorada, mas penso que a chuva até é bem vinda a Cabo Verde pois tem problemas graves de falta de água. De qualquer forma uma situação de chuva intensa e persistente é sempre de acompanhar, lá e em qualquer outro local do mundo.
Quanto ao vento, ele vai soprar com alguma intensidade com rajadas mais fortes de vez em quando, mas também nada de especial.
Estamos a falar de uma tempestade tropical com um campo de vento reduzido. Os ventos mais intensos estão circunscritos a uma área bastante reduzida e mesmo supondo uma intensificação excepcional inesperada ela dar-se-ia à medida que o sistema já se for afastando para Oeste.
Para termos uma ideia coloco esta imagem, os circulos representa o campo de vento mais intenso em determinada posição, neste caso temos os ventos a cinzento ao nivel de depressão tropical (porque ainda é uma temp.tropical com intensidade mínima), ou seja falamos de ventos constantes um pouco acima dos 100km/h com rajadas superiores, mas apenas nessa zona ainda com uma distância minimamente confortável de Cabo Verde.
Quanto aos Açores, é sempre de acompanhar um sistema tropical que va para o Atlântico central. Mas atendendo a tudo o que já disse, nada parece ser de temer, a não ser alguma interacção tropical-extratropical, mas para já nada está previsto, só daqui a alguns dias é que valerá a pena olhar para as previsões pois a Bertha tem um futuro complicado pela frente.
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Informação
Para o seguimento da época de furacões no Atlântico consulte também o tópico «Links Úteis e Climatologia da Época de Furacões no Atlântico» com dezenas de link's para imagens de satélite, modelos, observações, radares e serviços nacionais de meteorologia.
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Aviso MeteoPT
As análises, previsões ou alertas neste forum são apenas a opinião dos utilizadores que as proferem e são da sua inteira responsabilidade.
Não são previsões ou alertas de entidades oficiais, salvo indicação em contrário, não devendo portanto ser usadas como tal.
Para previsões e alertas oficiais, consulte sempre os produtos do NHC (National Hurricane Center) ou outras entidades com essa função.

A Bertha formou-se contra a climatologia, é o primeiro sistema tropical com nome a formar-se na região de Cabo Verde no mês de Julho desde 1996, curiosamente com o mesmo nome, o Furacão Bertha de 5 Julho 1996 que provocou grandes estragos na costa leste dos EUA. E continuando na climatologia, não há registos desde 1851 de um sistema tropical formar-se numa longitude tão a leste no mês de Julho, embora claro, os registos não são muito fidedignos antes da era dos satélites, embora nesta zona isso seja um pouco minimizado pois é uma rota marítima importante desde há séculos.
Modelos

A generalidade dos modelos concorda no trajecto noroeste para os primeiros dias, sendo que a partir daí há algumas divergências, com o GFS a indicar uma quebra da crista do anticiclone e a virar mais acentuadamente para norte com rumo mais ou menos a uma zona entre as Bermudas e os Açores onde seria depois absorvido. (Se olharem para os mapas do GFS a que estão mais habituados como o wetterzentrale, vêm a chegada do sistema a estes mapas a partir das 144 horas. Outros modelos como o ECMWF indicam uma Bertha mais fraca a dissipar-se nessa zona onde há windshear mais forte, cenário que me parece bastante plausível.
Quanto a intensidade, alguns modelos fazem-no chegar à categoria 1 de Furacão mais ou menos durante a próxima segunda-feira.
Condições
As condições hoje são favoráveis, mas a partir de amanhã ou depois a Bertha entrará em água um pouco menos quente que agora, o que à partida impedirá que evolua para furacão e pode mesmo diminui-la de intensidade.
Calor acumulado na água:

Em simultaneo com essas águas mais frias atravessará uma zona com ar mais seco e estável associada ao SAL, que lhe trará algumas dificuldades e será bastante interessante acompanhar essa progressão. O que acontecerá nessa travessia depende muito da forma como a Bertha evolui hoje e amanhã, o tipo de estrutura que terá antes de enfrentar um ambiente menos favorável, por vezes há sistemas bastante resistentes às condições desfavoráveis, outras vezes não.
Vapor de água:

Depois, se sobreviver como alguns modelos dizem que sim, finalmente enfrentará um windshear bastante elevado que o destruirá, sendo provavelmente o remanescente absorvidos no norte do Atlântico. A avaliar por alguns modelos, antes disso acontecer poderia chegar a furacão dada a água novamente mais quente.
Previsão do windshear do GFS:
(Acima de amarelo é windshear destrutivo para um sistema tropical.)

Cabo Verde e Açores
Apesar da proximidade de Cabo Verde a situação não é muito preocupante.
Se olharmos para o satélite vemos que uma banda convectiva afecta já as ilhas do sul (Brava,Fogo, Santiago e Maio).

Ao longo de todo o dia de hoje continuarão a ser afectados por essas bandas, mas julgo que nada de grave, chuva por vezes intensa e demorada, mas penso que a chuva até é bem vinda a Cabo Verde pois tem problemas graves de falta de água. De qualquer forma uma situação de chuva intensa e persistente é sempre de acompanhar, lá e em qualquer outro local do mundo.
Quanto ao vento, ele vai soprar com alguma intensidade com rajadas mais fortes de vez em quando, mas também nada de especial.
Estamos a falar de uma tempestade tropical com um campo de vento reduzido. Os ventos mais intensos estão circunscritos a uma área bastante reduzida e mesmo supondo uma intensificação excepcional inesperada ela dar-se-ia à medida que o sistema já se for afastando para Oeste.
Para termos uma ideia coloco esta imagem, os circulos representa o campo de vento mais intenso em determinada posição, neste caso temos os ventos a cinzento ao nivel de depressão tropical (porque ainda é uma temp.tropical com intensidade mínima), ou seja falamos de ventos constantes um pouco acima dos 100km/h com rajadas superiores, mas apenas nessa zona ainda com uma distância minimamente confortável de Cabo Verde.

Quanto aos Açores, é sempre de acompanhar um sistema tropical que va para o Atlântico central. Mas atendendo a tudo o que já disse, nada parece ser de temer, a não ser alguma interacção tropical-extratropical, mas para já nada está previsto, só daqui a alguns dias é que valerá a pena olhar para as previsões pois a Bertha tem um futuro complicado pela frente.
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Informação
Para o seguimento da época de furacões no Atlântico consulte também o tópico «Links Úteis e Climatologia da Época de Furacões no Atlântico» com dezenas de link's para imagens de satélite, modelos, observações, radares e serviços nacionais de meteorologia.
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Aviso MeteoPT
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Não são previsões ou alertas de entidades oficiais, salvo indicação em contrário, não devendo portanto ser usadas como tal.
Para previsões e alertas oficiais, consulte sempre os produtos do NHC (National Hurricane Center) ou outras entidades com essa função.