Jet Stream

Brigantia

Cumulonimbus
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20 Jan 2007
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Norte de Portugal
Boas, abri este tópico para que os mais entendidos nos possam explicar como analisar o Jet Stream...

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Aproxima-se a grande época meteorologica (Inverno) e todos nós nessa altura arriscamos fazer algumas análises para calcular as cotas de neve. Esta deriva de vários factores entre eles o Jet Stream, certo? Então qual a sua influência e como se podem analisar correctamente os mapas?




Será que alguém tem o mapa do Jet da situação que a seguir apresento...

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Agradeço desde já as explicações.
 


Minho

Cumulonimbus
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Melgaço
Vou tentar avançar com a explicação daquilo que sei.

A relação entre o Jet Stream e a situação sinóptica é directa ou seja, uma determinada configuração do Jet reflecte-se no posicionamento dos anticiclones e das depressões frontais.

Antes de analisarmos essa relação directa vou explicar qual a relação entre a convergência/divergência do ar com as depressões ou altas pressões à superfície.

Quando em níveis altos o ar converge ou seja se acumula a tendência é o ar ser forçado a descer (subsidiência). Ao chegar ao solo o ar como obviamente não pode continuar a descer “espalha-se” para os lados. A este fenómeno chama-se de divergência a nível do solo. Esta situação trás, geralmente, tempo estável pois a divergência do ar impede que hajam movimentos ascendentes que, como é sabido provocam o arrefecimento do ar e posterior condensação.

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Quando em níveis altos o ar diverge ou seja, o ar afasta-se de um ponto existe um défice de ar. Esse défice de ar é colmatado com a ascendência de ar desde o solo (convecção). Junto ao solo como nesta situação o ar está em permanente ascendência há uma acumulação e convergência do ar vindo das regiões vizinhas.
Esta situação trás tempo instável pois, ao contrário da situação anterior, a ascendência do ar provoca o seu arrefecimento e condensação logo formação de nuvens…

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Como é que isto se relacionar com o Jet Stream?
O Jet Stream tem fases de maior e menor ondulação. Quando existem ondulações do Jet Stream ocorrem dois processos de aceleração/desaceleração da velocidade do ar em altura.

Quando o ar se dirige em direcção ao equador sofre uma desaceleração (lei da conservação do movimento), quando o ar se dirige em direcção aos pólos sofre uma aceleração.

São estes dois processos que se verificam nas ondulações do Jet Stream. Como se pode ver na figura abaixo, quando o ar se dirige para o equador e depois curva de novo para os pólos formando um U existe o tal processo de desacelaração/aceleração. A velocidade do ar (V1) que chega ao vértice do U é menor do que o ar que vai em direcção ao pólo (V2) isto provoca um défice de ar em altura (há mais quantidade de ar a partir em direcção ao pólo do que o ar que chega vindo do pólo). Este facto relaciona-se com o que expliquei na primeira parte: défice de ar em altitude provoca convergência á superfície. Por isso sempre que o Jet Stream tenha a configuração de um U terás sempre a formação de uma depressão à superfície.

Na mesma figura podemos ver um processo em que o Jet Stream tem uma ondulação de um U invertido. Nesta situação temos o inverso da anterior. O ar velocidade do ar que se dirige para o pólo (V3) é maior do que a velocidade do ar que se dirige ao equador (V4). Consequência directa? Acumulação do ar em altura a ser obrigado a descer. Ao descer provoca o seu aquecimento (devido à compressão do ar), ao aquecer diminui o ponto de condensação. A descida do ar conduz a uma acumulação do mesmo à superfície originando o aparecimento de um anticiclone. É isso que podemos verificar nos mapas do Jet Stream, quando vemos uma ondulação do Jet em que tem a configuração de um U invertido temos sempre reflectido à superfície um anticiclone.

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Podemos ver facilmente o que estive a explicar fazendo uma sobreposição dos mapas de superfície e de ventos a 300 hPa na análise das 12z de hoje.


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Quanto ao mapa colocado da situação de Jan/1997 penso que em traços gerais seria esta a configuração do Jet Stream

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Espero não ter escrito nenhuma asneira pois os meus conhecimentos desta área vêm de alguns livros que tenho lido e dos poucos conhecimentos de Física que tive no 12º ano…