Lisboa estuda novas técnicas para dar mais segurança contra sismos
Um 'parafuso' gigante, faixas de rede de carbono e ‘molduras’ amortecedoras são técnicas inovadoras que estão a ser desenvolvidas em Portugal para proteger construções antigas dos efeitos dos sismos.
No laboratório de engenharia civil, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, o doutorando João Guerreiro roda uma manivela para aumentar a pressão sobre um bloco de alvenaria.
O ensaio científico mede quanto o confinador pode aumentar a segurança dos edifícios, na sua futura função de segurar paredes e chão de madeira.
Para olhos mais leigos, o confinador funciona como um ‘parafuso’: há uma estrutura circular de metal que segura um varão, que serve para agarrar paredes ao piso.
Na explicação científica de João Guerreiro à Lusa, o confinador reduz o risco para quem ocupa o edifício porque a «primeira falha» num sismo acontece entre as paredes e o piso, o que pode conduzir ao colapso.
Com os ensaios efectuados, e que devem estar concluídos a meio de 2013, estima-se que a força de ligação, através do uso de confinadores, aumente em 20 vezes.
A investigação de João Guerreiro, como o próprio explica, visa desenvolver técnicas que cumpram a Carta de Veneza, ou seja, o manual para a boa reabilitação.
Entre as regras estão o uso de métodos pouco intrusivos, compatíveis, originais, no sentido de não alterar o conceito estrutural do edifício, e que sejam reversíveis, enuncia o bolseiro.
Com desenvolvimento mais atrasado estão as faixas de reforço, cuja função será impedir a deformação das paredes no decorrer de um sismo.
Segundo João Guerreiro, a colocação de uma rede de carbono com argamassa em faixas ao longo das paredes visa o «reforço da capacidade de resistência da parede à flexão».
Das três técnicas que estão a ser desenvolvidas no Técnico, a mais inovadora para o investigador são os painéis dissipadores, ou ‘moldura’.
Ainda sem ensaios realizados, a técnica remete para a «gaiola» pombalina, ou seja, painéis de madeira no «miolo» dos edifícios que se encontram na baixa de Lisboa.
A técnica visa reforçar os painéis com peças de amortecimento que «permitirão dissipar a energia».
«Não irão reforçar significativamente a estrutura em termos de capacidades resistentes, mas consegue diminuir o valor da acção sísmica», explicou o investigador.
Os ensaios estão a ser suportados por uma empresa de reabilitação (STAP), que tem a decorrer outras investigações na Universidade do Minho, com vista a soluções mais rápidas e baratas para reforçar as respostas dos edifícios a sismos.
Lusa/SOL