Mulheres têm menor responsabilidade nas alterações climáticas
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As mulheres são mais afetadas pelas alterações climáticas, para as quais contribuem em menor grau do que os homens, e também têm sobre elas preocupações maiores, conclui um estudo do Instituto Europeu para a Igualdade de Género.
As principais conclusões do estudo - cuja versão final ainda está em elaboração - foram apresentadas a jornalistas de vários Estados-Membros da União Europeia (UE), numa reunião realizada esta semana, em Copenhaga, capital da Dinamarca, país que assegura a presidência da UE e que pediu ao Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês) para estudar a combinação género-ambiente.
"A dimensão de género nas mudanças climáticas tem estado, até agora, relativamente ausente dos debates e iniciativas políticas da União Europeia", reconhece o documento distribuído com as principais conclusões do estudo.
Katja Rosenbohm, diretora de comunicação da Agência Ambiental Europeia (AEE), que, a convite do EIGE, apresentou as principais conclusões do estudo aos jornalistas em Copenhaga, reconheceu que a associação entre mulheres e ambiente "ainda não é um assunto" na UE, "até porque a política ambiental da UE é apresentada como 'gender neutral' (sem género) ", justificou.
Também Ilze Burkevica, do departamento de estatística do EIGE, referiu o caráter "inédito" do estudo, que, entre outras coisas, salienta que mulheres e homens têm vulnerabilidades diferentes face às alterações climáticas, citando como exemplo o maior número de mortes do sexo feminino em situações meteorológicas extremas.
Simultaneamente, dadas as disparidades económicas entre mulheres e homens, elas têm mais dificuldade em aderir a ferramentas mais amigas do ambiente, como sistemas de eficiência energética e energias renováveis.
Outra das conclusões do estudo é que as mulheres contribuem menos para a emissão de gases com efeito de estufa, o que é explicado pelo EIGE com o seu menor poder económico e de consumo, mas também com padrões de comportamento diferentes.
Atualmente, as mulheres utilizam mais os transportes públicos e consomem menos carne, estão mais informadas sobre saúde, aderem mais a ações de defesa do ambiente e estão mais disponíveis para mudar de estilo de vida, fazendo viagens mais ambientalmente sustentáveis ou prescindindo de carro próprio, enumera o EIGE.
Por exemplo, em Portugal, os homens têm quase o triplo de viaturas das mulheres (mais dados em http://www.eige.europa.eu/content/document/gender-equality-and-climate-change-main-findings).
O estudo avalia também o envolvimento ativo das mulheres nos processos de decisão ambiental, mostrando que, nos setores de energia e transportes, responsáveis pela maioria das emissões de gases de estufa no espaço da UE, as mulheres raramente têm cargos de responsabilidade e decisão.
"Estas diferenças de género têm de ser tidas em conta quando se desenvolve políticas, medidas e instrumentos relacionados com as alterações climáticas", sustenta o estudo.
Com Lusa
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