Nível de poeira e pólenes no ar

Mário Barros

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Governo admite lançar alerta caso o nível de poeira no ar se agrave
O Governo garantiu hoje que a Agência do Ambiente está a acompanhar a evolução do nível de poeiras no ar, que esta semana aumentou em Portugal, e admitiu que poderá ser lançado um alerta caso a situação se agrave.

"Estando a Agência Portuguesa do Ambiente a acompanhar diariamente a evolução deste episódio de intrusão de poeiras do norte de África, poderá, em caso de observância de agravamento da situação de forma generalizada no território nacional e persistente no tempo, (lançar) uma ação adicional, concertada com (o Ministério da) Saúde, para a emissão de uma nota informativa à população, tal como em situações anteriores", disse à Lusa fonte oficial do ministério da Agricultura e Ambiente.

A mesma fonte referiu que a Agência Portuguesa do Ambiente divulga diariamente o Índice de Qualidade do Ar, que integra "as previsões de poeiras vindas do Saara".

Este mecanismo de informação, adiantou, "passa pela divulgação à população em geral, aos media, aos organismos de saúde e organizações de defesa do ambiente e outras do índice previsto e do poluente responsável pelo mesmo" e é "acompanhado de conselhos de saúde".

Admitindo que "as partículas em suspensão PM10 (partículas inaláveis com diâmetro inferior a 10 milésimos de milímetro) têm efeitos na saúde e têm um valor limite diário", a fonte do ministério adiantou não existir um limiar de alerta para as partículas, quer na legislação nacional quer na comunitária.

"Os limiares de alerta existem para o ozono, dióxido de azoto e dióxido de enxofre, cujos efeitos agudos se fazem sentir a exposições de curta duração (1h a 3h), e para os quais existem mecanismos de alerta", referiu.

O coordenador da área do ar do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL), Francisco Ferreira, disse hoje à Lusa que o nível de poeira na atmosfera em Portugal ultrapassa, desde sábado passado, o limite aconselhável para a saúde.

Segundo o responsável, o nível de partículas de poeira no ar aumentou desde sexta-feira/sábado passados, devido a um fenómeno climático que leva o vento a arrastar as tempestades de areia do Norte de África.

"As estações de monitorização da qualidade do ar de todo o país revelam valores que estão a exceder os limites fixados pela legislação, não devido apenas à poluição relacionada com as atividades humanas, mas, sem dúvida, resultado deste fenómeno, que já dura há uns dias", afirmou.

O fenómeno deverá manter-se até ao próximo sábado e, no entender de Francisco Ferreira, já deveria ter motivado um aviso para que a população mais sensível tomasse precauções.

"As concentrações em jogo são bastante elevadas e, desde sexta-feira ou sábado, as populações mais sensíveis já deveriam estar a tomar algumas precauções", defendeu, acrescentando que "as pessoas mais idosas, as crianças e as pessoas com problemas respiratórios" devem evitar "esforços que exijam uma elevada taxa respiratória".

O problema, sublinhou, é o número de dias de exposição ao pó.

"Estamos a falar já de uma sequência de uma semana em que as pessoas estão expostas a elevados níveis de partículas que não deixam de trazer problemas para a saúde", lembrou.

Segundo Francisco Ferreira, "vários artigos científicos mostram que (este nível de poeira no ar) pode causar agravamento do risco de doenças cardiovasculares, problemas associados ao agravamento de alergias e problemas respiratórios".

Por isso, e como é habitual, o departamento de Ambiente da Universidade Nova de Lisboa avisou o Ministério do Ambiente.

"Nós fazemos um aviso, depois as entidades podem ou não resolver passá-lo à população", mas, "que eu saiba, não houve nenhum aviso" do Governo, concluiu Francisco Ferreira do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da FCT/UNL.

Lusa

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dahon

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Re: Nível de poeira no ar

Boas.

Por Viseu é só pólen dos pinheiros por todo lado, em zonas abrigadas do vento está tudo amarelo.
Para as pessoas com alergia estes últimos dias tem sido complicados.
 

Mário Barros

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Nuvem de poeira do deserto atinge Portugal até segunda-feira
O fenómeno, frequente na Primavera e Verão, pode afectar as pessoas mais sensíveis como idosos, crianças e com problemas cardio-respiratórios. Amanhã espera-se uma nova vaga de "chuva suja".

Se nos últimos dias sente a garganta seca e os olhos a lacrimejar, a culpa pode ser das poeiras vindas do Norte de África que pairam sobre o nosso território. Não é a primeira vez nem será a última que Portugal recebe este pó do deserto soprado pelos ventos. Porém, desta vez, o fenómeno estende-se além dos normais dois ou três dias para um período de mais de uma semana. Por outro lado, as medições dos especialistas estão também a registar níveis elevados destas partículas à superfície - mais perto de nós -, o que, apesar de não ser inédito, é considerado invulgar. Sem razão para alarme, os idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios devem, porém, proteger-se, avisam as autoridades de saúde.

As minúsculas partículas de pó vindas do Norte de África - a acção do vento em regiões áridas pode fazer com que as partículas mais finas sejam transportadas a longas distâncias, viajando mais de cinco mil quilómetros - invadiram o território nacional na passada sexta-feira. No dia seguinte à chegada da nuvem, a chuva apanhou o pó no ar e acabou por manchar carros estacionados nas ruas, tornando o fenómeno mais visível. Esta "chuva suja" - ou "chuva vermelha", como lhe chamam os especialistas - deverá repetir-se amanhã ou sábado, se as previsões do Instituto de Meteorologia estiverem correctas.

Francisco Ferreira, coordenador da área do ar do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL), nota que o "fenómeno meteorológico de baixa pressão localizado sobre a Argélia já se dissipou e as partículas em suspensão que influenciam o território nacional são residuais, por permanecerem na atmosfera em circulação". Assim, acrescenta, "a intensidade deste fenómeno natural já está a decrescer e, segundo os dados mais recentes, a sua influência pode fazer-se sentir em Portugal continental e arquipélago da Madeira até segunda-feira".

Ontem, os níveis de poluição por partículas em suspensão observados mantinham-se ainda no nível médio. Francisco Ferreira confirma que este fenómeno é frequente, mas sublinha que, "normalmente, dura dois ou três dias" e que, desta vez, está a prolongar-se um pouco mais. "A persistência dessas concentrações elevadas pode afectar as pessoas mais sensíveis", refere, considerando que se justificava um aviso à população (ver caixa).

Natural e menos nociva

Apesar de notar que esta poluição atmosférica de fonte natural não é tão nociva como a que resulta da actividade humana - como, por exemplo, a provocada pelo tráfego automóvel -, Francisco Ferreira recomenda alguns cuidados às pessoas mais sensíveis. O especialista lembra ainda que os índices de qualidade do ar podem ser consultados no site da Agência Portuguesa do Ambiente (um trabalho no qual participa numa parceria com a Universidade de Aveiro). "Todos os dias é possível consultar ali a qualidade do ar, cidade a cidade", nota. O Governo já garantiu que a Agência do Ambiente está a acompanhar a evolução do nível de poeiras no ar e ontem mesmo a Direcção-Geral da Saúde lançou no seu site um alerta com várias recomendações à população.

De acordo com a legislação comunitária, só pode haver 35 dias por ano com valores acima do limite máximo (50 microgramas por metro cúbico) para as partículas em suspensão PM10 (partículas inaláveis com diâmetro inferior a 10 milésimos de milímetro). Este ano, desde sexta-feira, os valores ultrapassaram esse limite máximo durante vários dias, rondando actualmente os 60 e 70 microgramas por metro cúbico, numa média diária. O "excesso" foi mais notado no fim-de-semana, quando outras fontes de poluição são menores e as estações de medição continuaram a registar valores elevados.

A nuvem desceu à terra

"Não é normal a um sábado e a um domingo, em que há muito menos tráfego rodoviário, existir uma ultrapassagem do valor limite diário de partículas em estações de monitorização de norte a sul", confirma Francisco Ferreira. Ainda assim, a situação actual está muito longe do episódio registado em 2009, que afectou a qualidade do ar durante 141 dias.

Maria João Costa, especialista na área de meteorologia e clima do Centro de Geofísica de Évora, não trabalha com modelos de previsão mas com equipamentos capazes de medir os níveis de concentração destas partículas em altitude e à superfície. Segundo explicou ao PÚBLICO, desta vez, "o mais fora do normal é que estes níveis elevados que normalmente são detectados a quatro ou cinco quilómetros de altitude desceram até à superfície". Logo, as poeiras estão mais perto de nós e serão mais facilmente inaladas pelo sistema respiratório.

De resto, a especialista nota que as imagens de satélite registam "uma grande tempestade que envolve o transporte destas poeiras", mas que se dirige agora para o Atlântico Oeste, fazendo com que Portugal seja apenas "ligeiramente afectado".

O que fazer ?

Se juntarmos as poeiras do Norte de África ao tempo seco e à Primavera com os pólenes à solta, temos o cenário ideal para um aumento de problemas respiratórios (sobretudo asma) e alergias na população portuguesa.

Porém, Paulo Diegues, chefe da Divisão de Saúde Ambiental da Direcção-Geral da Saúde (DGS), refere que "não há qualquer razão para alarme". "As pessoas devem fazer a sua vida normal e as mais vulneráveis [crianças, idosos e as pessoas com problemas respiratórios] devem simplesmente evitar situações como fazer esforços físicos intensos ao ar livre", diz.

"Não registámos um aumento de procura dos serviços de urgência", assegura Paulo Diegues.

A DGS emitiu já ontem ao final da tarde um comunicado sobre os cuidados a ter. O Hospital de Faro confirmou também "uma actividade normal e com números diários equiparados aos períodos homólogos dos anos anteriores" nos serviços de urgência.

Público
 
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Concentrações muito elevadas de pólenes até 12 de Abril
As concentrações de pólen no ar vão estar muito elevadas nos próximos sete dias em Portugal continental, predominando os pólenes de azinheira, carvalho, pinheiro e ervas parietárias, segundo o Boletim Polínico hoje divulgado.

Nos Açores e na Madeira, os técnicos prevêem concentrações de pólen baixas durante o mesmo período, entre 6 e 12 de Abril.

«Em caso de precipitação, os níveis de pólen tenderão a baixar momentaneamente, mas voltarão a subir rapidamente na ausência de precipitação», adianta o Boletim Polínico da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia.

O boletim semanal, da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), visa informar a população sobre as concentrações polínicas no ar, a partir de dados obtidos através da leitura de vários postos de recolha contínua dos pólenes em diferentes regiões do país, para permitir a quem sofre de alergias agir preventivamente.

A SPAIC prevê até dia 12 de Abril «concentrações muito elevadas de pólen no ar atmosférico em todo o continente", particularmente devido aos pólenes de árvores, azinheira, carvalho e pinheiro e para os pólenes de ervas parietárias, tanchagem e gramíneas.

«Também a oliveira inicia o seu período principal de polinização, podendo surgir alguns grãos deste pólen em especial no sul do país», adianta a SPAIC.

Nos Açores, os pólenes situam-se em níveis baixos, com predomínio dos pólenes de erva parietária, plátano e cipreste, sendo esperadas concentrações baixas.

Os pólenes também estarão em níveis baixos na Madeira, com destaque para os pólenes de gramíneas, erva parietária, cipreste, eucalipto e plátano.

Lusa/SOL