Temperaturas em Portugal aumentam duas vezes o ritmo mundial desde 1970
Terá sido mesmo assim ?
As temperaturas médias em Portugal aumentaram, em 40 anos, a uma taxa de 0,5 graus por década, duas vezes o ritmo mundial, levando um especialista a dizer que o país está vulnerável ao impacto destas alterações.
De acordo com o estudo "O clima de Portugal nos séculos XX e XXI", realizado pelo projeto SIAM ("Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação", na sigla em inglês) no começo do século, reunindo investigadores de diversas universidades, "são estimados aumentos sistemáticos da temperatura, que podem atingir três a sete graus centígrados no verão, com aquecimento mais forte do interior Norte e Centro e um forte incremento da frequência e intensidade das ondas de calor", enquanto nas ilhas a subida das temperaturas é mais "moderada".
"É hoje em dia consensual que os aumentos de temperatura e o maior número e intensidade das ondas de calor são atribuíveis ao aumento da concentração atmosférica de gases com efeito de estufa provocado por algumas atividades humanas, especialmente a combustão dos combustíveis fósseis - carvão, petróleo e gás natural - e a desflorestação", explicou à Lusa o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Filipe Duarte Santos, membro de diversas comissões e delegações sobre alterações climáticas nacionais e internacionais.
Segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) disponibilizados pela Pordata, a temperatura média do ar em Lisboa era de 15,7 graus em 1972, valor que subiu para 17,5 em 2012.
No Porto, a subida de temperatura média foi de 13,2 graus em 1972 para 14,9 40 anos depois, enquanto em Faro se registou um aumento de 16,3 para 18,2 graus.
No Funchal, a média subiu de 17,9 graus em 1972 para 20,4 quatro décadas depois, enquanto Angra do Heroísmo passou de 16,6 para 17,9, segundo dados do IPMA.
Para Filipe Duarte Santos, para além da temperatura as alterações climáticas em Portugal "caracterizam-se ainda por um maior número e intensidade das secas e de eventos de precipitação extrema associados ao risco de cheias e deslizamentos de terras".
"Portugal é mais vulnerável às alterações climáticas devido a ter uma orla costeira relativamente longa e com uma parte dunar e estuarina com extensão significativa. As pequenas praias encastradas, que têm um grande valor paisagístico e turístico, são especialmente vulneráveis à subida do nível médio do mar", sublinhou o académico.
Lusa
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