É frequente ouvirmos os negacionistas das Alterações Climáticas a denegrirem o trabalho do IPCC. Por isso, é importante compreender a natureza desta organização.
Diz-se que há divergências entre os cientistas e que o resultado final é político, dando a entender que há uma distorção no sentido de apresentar as Alterações Climáticas como algo mais grave do que na realidade é.
Esta posição dos negacionistas é, no mínimo, absurda e não resiste à análise dos factos.
É evidente que, tratando-se de um dos problemas mais complexos que a comunidade internacional enfrenta, há muitas áreas de incerteza, em alguns casos em matérias de muito pormenor. Essas incertezas, contudo, não anulam as conclusões fundamentais: o aquecimento global está a acontecer e grande parte dele é de origem antropogénica. Esta é uma conclusão de carácter científico!
Outra coisa é o discurso, a forma como se transmite o problema, como o valorizamos , como se faz a avaliação do risco. Aí sim, os representantes dos governos, os diplomatas, têm uma grande influência nas declarações finais. Por exemplo, evita-se utilizar a palavra "perigoso".
Longe das conclusões do IPCC exagerarem o problema das AC, sucede exactamente o contrário. Nos 20 anos que leva, e os 4 relatórios de avaliação que apresentou, a tendência é de que, a cada novo relatório, a avaliação das AC é mais grave. O que indica algum conservadorismo nas análises anteriores. O que se compreende, dada a natureza desta organização.
É necessário ter em conta que, sendo as conclusões obtidas por consenso, isso significa que todos os países, incluindo, por exemplo, os EUA, a Arábia Saudita, a China, etc. (para mencionar países, entre outros, que têm especiais interesses particulares de curto prazo em resistir às medidas para combater as AC) estão de acordo quanto ao fundamental do problema das AC.