Previsões curto prazo: até 3 dias (Janeiro 2016)



Snifa

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16 Abr 2008
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Ouvi dizer que vai chegar uma massa de ar frio e que vai haver temperaturas abaixo de 0ºC.... podem dar-me mais informações?

Eu penso que essa massa de ar fria será mais a Leste, por Portugal podemos ter temperaturas abaixo de 0ºc mas durante as noites de céu limpo ( acentuado arrefecimento nocturno ) e nos locais habituais, em especial no interior com formação de geada/gelo, frio a sério, de preferência com neve a cotas baixas, ainda não é desta que vem para cá, pelo menos os modelos não mostram nada nesse sentido:cold:
 
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Orion

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5 Jul 2011
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12h 15/1 - 12h 16/1:

Não me vou alongar muito neste dia até porque há coisas que eu acho que vão mudar.

A depressão estará a afetar os Açores. A muita humidade em altitude indica chuva contínua com as mais diversas intensidades. Em geral a força dos ventos aumentará na atmosfera ao longo deste período mas não a 500 hPa.

Em relação a este evento há algumas coisas que são muito importantes nas futuras reavaliações. A água precipitável a 850 hPa, a helicidade e o SBCAPE.

No seguimento do comunicado do IPMA:

https://drive.google.com/file/d/0B6XaVQDYMgtPVVA3TlNDbjFXRE1ndUFwQXpEQVZ6YlpEbGNv/view?pref=2&pli=1

Parece-me que o ECM também indica valores muito grandes de água precipitável a 850 hPa. No GFS está entre 38 e 50 milímetros (1,5 a 2 polegadas):

yZjgUC6l.gif


Para piorar as coisas, a corrente de sul deverá ser bastante rápida:

XjezF7I.gif


A humidade relativa será bastante elevada a 850 hPa e a 700 hPa. Poderão haver movimentos verticais significativos a 925 hPa em combinação com uma elevada humidade relativa.

Como já escrevi anteriormente, os ventos terão muita força desde a superfície até mais ou menos 700 hPa (tendo ainda uma força considerável). Felizmente o SBCAPE/MLCAPE deverá ficar a sul/sudoeste. A depressão passará pelos Açores em fase de cavamento.

Por outras palavras, e no período mais crítico, a chuva tenderá a ser persistente. Dependendo dos fatores locais (orografia, ventos), a chuva poderá ser continuamente moderada a forte, gerando acumulados muito grandes. As regiões habituais deverão ter muita atenção a deslizamentos de terra e/ou inundações rápidas.

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A Madeira também deverá ser afetada por uma quantidade considerável de água precipitável. A oeste/sudoeste há muito CAPE e LI. Algo para ir vendo:

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iCiWMmal.png
 
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Orion

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5 Jul 2011
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A Madeira também deverá ser afetada por uma quantidade considerável de água precipitável. A oeste/sudoeste há muito CAPE e LI. Algo para ir vendo:

uIRZ3jtl.gif


iCiWMmal.png

A Madeira deverá escapar aos efeitos da depressão, estando protegida por uma crista anticiclónica onde os ventos serão geralmente calmos. Ainda assim, alguma chuva orográfica pode ocorrer tendo em conta a saturação do ar a 850 e 700 hPa (mais elevada neste nível). A pouquíssima humidade relativa a 925 hPa poderá impedir que alguma da eventual chuva chegue às terras mais baixas.

A sudoeste da Madeira haverá muita instabilidade mas a pouca humidade relativa a 850 hPa deverá limitar fortemente o desenvolvimento das células. É possível que alguma célula chegue à Madeira. Mas deverá dissipar-se rapidamente devido à falta de fatores convectivos.

No meteograma (do fórum) é possível ver um cisalhamento direcional muito pronunciado no Funchal (ao qual generalizo para a ilha inteira). Não há muitas condições para o surgimento de células na Madeira mas uma qualquer célula que se desprenda da zona instável a sudoeste pode contribuir para o surgimento de uma tromba d'água/tornado fraco junto do arquipélago. A atmosfera mais ou menos estável no primeiro quilómetro e meio (arrefecimento de +-4º/km), bem como a possível intrusão de ar seco a 925 hPa deverão dificultar a ocorrência (as trombas d'água de bom tempo são muito difíceis para prever e não encontro propriamente um conjunto uniformizado de variáveis preditivas, o que dificulta o meu raciocínio).
 

Orion

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5 Jul 2011
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Após a passagem do furacão, que está a ser acompanhado num outro tópico, ocorrerá a formação de um cavado na região dos Açores (entre o dia 15 e o dia 16). O fluxo de sudoeste/sul consequente, em conjunção com a aproximação de uma frente fria (com fraca intensidade) a oeste, deverá (continuar a) trazer ar com muita água precipitável e com um SBCAPE de +-650/MLCAPE de +-500.

Gradualmente haverá a adveção de ar mais frio para o arquipélago, sendo isto mais observável a 850 hPa e especialmente a 700 hPa. Por volta das 12h do dia 16 deverão estar reunidas as condições para uma atmosfera condicionalmente instável nos primeiros 3 quilómetros de altitude (se bem que o ritmo de arrefecimento não é muito grande, por volta dos 6º/km), com especial ênfase para os Grs. Central e Oriental.

Os ventos a 10 metros serão geralmente calmos. Contudo, a 850 hPa serão tendencialmente moderados. Ainda assim, há a possibilidade de haverem bolsas de calmaria. A mudança da direção dos ventos no sentido dos ponteiros do relógio em altitude abonam a favor da instabilidade (sul/sudoeste a 10 metros; oeste a 850 hPa).

Em termos de humidade, ela é elevada a 925 hPA, moderada a elevada a 850 hPa e muito irregular a 700 hPa.

Desta forma, e acho que desta vez abordei todas as variáveis associadas, estão criadas as condições para a ocorrência de trombas d'água/tornados fracos (de bom tempo), sendo isto mais provável no G. Oriental e com menor probabilidade no G. Central.

A ausência de muitos fatores convectivos e a pouca humidade em altitude deverão impedir o surgimento generalizado de células mais significativas (e consequentemente trovoada). Contudo, poderá ocorrer chuva fraca em alguns sítios. Fatores locais podem induzir a convecção, cujas consequências dependerão das restantes variáveis meteorológicas (ex.: humidade em altitude). Os ventos fracos perto da superfície tenderão a reduzir a chuva orográfica, sendo esta previsão mais aplicável a S. Miguel.

Por fim, a frente fria que se aproxima irá remover todo o CAPE do arquipélago. Não só parece empurrar ar muito seco como não transporta muito ar húmido em altitude.
 

Orion

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5 Jul 2011
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Neste momento uma frente fria atravessa o G. Central dos Açores dirigindo-se para o Oriental.

As próximas 72 horas serão marcadas pela formação de um rio atmosférico que afetará especialmente o G. Ocidental. A humidade muito irregular da atmosfera (850 hPa; 700 hPa) deverá impedir a ocorrência persistente de aguaceiros/períodos de chuva significativos. Ainda assim, é possível ocorrerem aguaceiros moderados a fortes devido ao aumento progressivo da água precipitável.

Para o dia 20 os ventos devem ficar mais fortes, sendo isto propício a chuva convectiva dispersa e mais frequente (dependerá da existência ou não de uma atmosfera instável).

Durante a maior parte do tempo destes 3 dias que se avizinham, o LI será positivo. Como consequência da atmosfera estável, a chuva predominante será estratiforme, o que é típico deste tipo de evento.
 
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