Quase metade dos idosos não consegue manter a casa quente
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que Portugal é o país da Europa Ocidental onde as famílias têm mais dificuldades, financeiras, para manter a casa quente.
Um estudo da OMS sobre o impacto das desigualdades sociais e económicas nos factores de risco para a saúde revela que 44 por cento das famílias portuguesas com pelo menos um idoso em casa não têm capacidade financeira para mantê-la adequadamente aquecida.
A elevada percentagem de pessoas com mais de 65 anos com esta dificuldade leva mesmo a OMS a considerar Portugal uma "excepção" na Europa Ocidental.
Os dados recolhidos usam os resultados do último Inquérito às Condições de Vida e Rendimento com dados referentes a 2009 e compara-os com o que acontece no resto da Europa.
Os resultados portugueses são claramente os mais negativos entre os 15 países da Europa Ocidental (os 15 que até 2004 compunham a União Europeia) e mesmo na Europa de Leste só sao superados pelos resultados da Bulgária, onde quase 80 por cento dos idosos não conseguem manter a casa quente.
Olhando para toda a população e não apenas para os idosos, o estudo revela que Portugal é também o país da Europa Ocidental onde as famílias têm em geral mais dificuldades em manter a casa adequadamente aquecida, numa percentagem de 28 por cento, contra os 6,9 por cento da Europa Ocidental (UE15).
O relatório da OMS revela como a incapacidade para manter a casa quente está, em grande parte da Europa, dependente das desigualdades económicas e rendimentos das famílias. Um exemplo: perto de 45 por cento das famílias portuguesas em risco de pobreza são incapazes de manter a casa adequadamente aquecida, numa percentagem que desce para quase metade (25 por cento) nas restantes famílias.
Os especialistas da OMS salientam os impactos negativos para a saúde de não ser capaz de manter uma casa com a temperatura adequada.
Curiosamente, a incapacidade de muitas famílias portuguesas em manter a casa com uma temperatura adequada repete-se no verão, mas aí o problema é manter a casa fresca.
Neste caso, as desigualdades económicas em Portugal, segundo a OMS, são ainda mais revelantes: perto de metade dos portugueses em risco de pobreza não consegue manter a casa com uma temperatura agradável nos meses mais quentes.
TSF