O raio atingiu a vivenda de Lucília Martins, de 62 anos, ajudante de cozinha no Centro Social Paroquial das Caldas da Rainha, pelas 22h30: “Estava na cama a ver a novela e sentia os trovões. De repente, houve um estalo tão grande que parecia que o vidro do televisor estava a rebentar, mas eram bocados do candeeiro que passaram por cima da minha cabeça. Nunca passei por uma coisa tão grave na minha vida”.
“Não fiquei em casa, vim logo para rua, de pijama e descalça. Não sabia que o sótão estava a arder. Quando cheguei à porta senti uma aflição grande porque parecia que estava tudo a cair. Gritei pela vizinhança e foi então que reparei no fogo”, recorda Lucília Martins, que é viúva e mora sozinha.
“Arderam três camas que tinha no sótão e ficou tudo cheio de fumo”, adianta a idosa, explicando que, “segundo os bombeiros, o raio entrou por uma parede lateral, onde ficou um buraco no sótão”. A moradora, que não é proprietária da vivenda, tem seguro da casa e do recheio, que deverá cobrir os prejuízos do incêndio e de eventuais equipamentos avariados. “Devo ter tudo afectado - televisores, frigorífico, quadro eléctrico - mas só quando tiver luz novamente é que posso verificar”, diz Lucília Martins, que vai passar as próximas noites em casa dos filhos.
Nas moradias em redor, o susto também foi grande. A vizinha da frente, Maria da Conceição, de 79 anos, contou como ficou em sobressalto: “Ouvi um estrondo, que parecia uma bomba, e vi logo que não era um trovão. Era uma faísca que tinha caído bem perto. Fiquei sem luz e sem telefone, e vim para a rua”. Há relatos de vários moradores que ficaram com os quadros eléctricos estragados e estão a ser apurados os danos em equipamentos como televisores, computadores e frigoríficos.
O pára-raios mais próximo das habitações está situado a 200 metros e foi colocado numa sub-estação da EDP, mas a sua abrangência é pequena. Os oito elementos dos bombeiros enviados ao local, apoiados por duas viaturas, extinguiram o incêndio em meia hora, mas os trabalhos de remoção dos destroços duraram até à 01H00.
Correio da Manha