Saídas de modelos incomuns ou de sonho

c0ldPT

Nimbostratus
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O quão dificíl é uma entrada atlântica desta magnitude nos atingir? :D:lmao:
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rozzo

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Isto era o Setup perfeito, sequência de muitos passos difíceis até à carta perfeita para eventos memoráveis de neve em PT.
Sempre altamente improvável de tudo se conjugar para assim acontecer infelizmente...
Diria que todos os eventos de neve a cotas baixas generalizados em Portugal terão ocorrido desta forma ou extremamente parecida:

1) a dorsal que tanto nos chateia afasta-se um pouco para W para a zona dos Açores;
2) uma depressão em cavamento passa mesmo junto à dorsal e o fluxo forte de sul no flanco Oeste estica a dorsal até norte
3) milagrosamente a dorsal estica e "aguenta" até altas latitudes permitindo o mergulho artico em direcção à península
4) finalmente, ainda é preciso que essa mesma dorsal esticada ainda "incline" a altas latitudes em direcção ao UK, para esse mergulho frio ao vir para sul não ser efémero, e sim ficar "bloqueado" mesmo por cima de nós.

Enfim, demasiadas coisas que têm de acontecer no sítio certo e na ordem certa... Daí a sua raridade no nosso país infelizmente.

Ali até ao passo 3 ainda temos alguns eventos por ano, mas nesse Setup, os mergulhos avançam sempre para Leste, e ou nos passam "de raspão" em direcção ao Mediterrâneo, ou na melhor das hipóteses passam em cheio em cima de nós, mas demasiado depressa para a situação ser realmente extraordinária e o frio "assentar" de forma generalizada, conjugando frio artico/continental e instabilidade, e permitir alguma coisa mais épica, uma vez que mantém alguma componente Atlântica.


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c0ldPT

Nimbostratus
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Para relembrar, no ano passado a 22 de março (Primavera!) tivemos uma entrada fria atlântica semelhante que no seu ponto máximo atingiu os -4ºC aos 850hpa e -34ºC aos 500hpa. Muitos no fórum falavam "Ai se fosse Janeiro...". Na tarde desse dia houve muitos relatos de neve entre os 250-300m aqui na zona, sendo que eu próprio VI cair neve aos 280m perto de Baltar... Bem, se esta possível entrada se cumprir como mostra o gfs a cota deverá ser substancialmente mais baixa que nesse dia. E adivinhem, seria em JANEIRO! :D
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tone

Cirrus
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17 Nov 2017
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Isto era o Setup perfeito, sequência de muitos passos difíceis até à carta perfeita para eventos memoráveis de neve em PT.
Sempre altamente improvável de tudo se conjugar para assim acontecer infelizmente...
Diria que todos os eventos de neve a cotas baixas generalizados em Portugal terão ocorrido desta forma ou extremamente parecida:

1) a dorsal que tanto nos chateia afasta-se um pouco para W para a zona dos Açores;
2) uma depressão em cavamento passa mesmo junto à dorsal e o fluxo forte de sul no flanco Oeste estica a dorsal até norte
3) milagrosamente a dorsal estica e "aguenta" até altas latitudes permitindo o mergulho artico em direcção à península
4) finalmente, ainda é preciso que essa mesma dorsal esticada ainda "incline" a altas latitudes em direcção ao UK, para esse mergulho frio ao vir para sul não ser efémero, e sim ficar "bloqueado" mesmo por cima de nós.

Enfim, demasiadas coisas que têm de acontecer no sítio certo e na ordem certa... Daí a sua raridade no nosso país infelizmente.

Ali até ao passo 3 ainda temos alguns eventos por ano, mas nesse Setup, os mergulhos avançam sempre para Leste, e ou nos passam "de raspão" em direcção ao Mediterrâneo, ou na melhor das hipóteses passam em cheio em cima de nós, mas demasiado depressa para a situação ser realmente extraordinária e o frio "assentar" de forma generalizada, conjugando frio artico/continental e instabilidade, e permitir alguma coisa mais épica, uma vez que mantém alguma componente Atlântica.


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Pode-se dizer que esta previsão acertou mais ou menos em que percentagem no que está a decorrer? Ou não tem nada a ver?
 
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rozzo

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Pode-se dizer que esta previsão acertou mais ou menos em que percentagem no que está a decorrer? Ou não tem nada a ver?

Até acertou bastante bem.
A configuração foi basicamente aquela, talvez um bocadinho mais a Este do que o previsto inicialmente, para sorte de nuestros hermanos.

Infelizmente, como vimos, o frio "disponível" não era suficiente para ser comparável a outros eventos com sinóptica semelhante.
A isso não deve ser o alheio o facto da Europa estar bastante "quente"...
 

Mr. Neves

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Saída muito interessante do ECMWF a conseguir milagrosamente um bom fluxo continental de ar frio, no entanto o ponto negativo é a ausência de precipitação:(
O cavado de dia 25, dá origem a uma cut-off retrógrada, o AA desvia-se mais para oeste dos Açores e simultaneamente para latitudes mais a norte. A cut-off é reabsorvida pela entrada de ar frio continental...

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c0ldPT

Nimbostratus
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Saída muito interessante do ECMWF a conseguir milagrosamente um bom fluxo continental de ar frio, no entanto o ponto negativo é a ausência de precipitação:(
O cavado de dia 25, dá origem a uma cut-off retrógrada, o AA desvia-se mais para oeste dos Açores e simultaneamente para latitudes mais a norte. A cut-off é reabsorvida pela entrada de ar frio continental...

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Além da precipitação nula o frio também não é nada demais... :disgust:
 

Mr. Neves

Cumulonimbus
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Além da precipitação nula o frio também não é nada demais... :disgust:
Com aquele frio em altura e tendo em conta que se trataria de um fluxo mais continental já devia dar para ter minimas bastante baixas e para além disso se houvesse precipitação, não era descabido aguaceiros de neve a rondar uma cota de 500/400m ou menos nas regiões mais interiores.
 
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Nimbostratus
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Gandra, Paredes (132 m) | Foz, Porto (35 m)
Com aquele frio em altura e tendo em conta que se trataria de um fluxo mais continental já devia dar para ter minimas bastante baixas e para além disso se houvesse precipitação, não era descabido aguaceiros de neve a rondar uma cota de 500/400m ou menos nas regiões mais interiores.


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Com uma entrada atlântica teríamos precipitação e cotas quase iguais... desculpem mas para uma entrada de NE é muito fraquinha.
 

Mr. Neves

Cumulonimbus
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Com uma entrada atlântica teríamos precipitação e cotas quase iguais... desculpem mas para uma entrada de NE é muito fraquinha.

Eu não disse em nenhum lado que era uma ótima entrada continental;), apenas quis complementar o meu primeiro post e não desvalorizar totalmente a saída, porque na minha opinião não era caso para isso. No entanto eu acho que nem vale muito a pena estarmos a ter esta discussão, porque eu duvido que esta saída não se trate de um devaneio do ECMWF:lol:, ou não estaríamos no tópico das previsões incomuns ou de sonho. Publiquei porque achei interessante a tendência que o ECMWF estabeleceu apesar da grande improbabilidade que havia.

É evidente que não é das melhores entradas continentais que já vi, e nisso estamos de acordo, e nesse ponto faço até um comparativo abaixo, com a entrada continental que tivemos antes do famoso dia 10 de Jan de 2010, as diferenças são claras, e o frio instalado na época foi mais, tanto aqui como na Europa, com uma iso de -4ºC aos 850hPa em todo o interior quando nevava, e havia alguma precipitação a chegar do Oceano, mas convém não esquecer que aquele evento deu cotas de neve inferiores a 300m, em muito locais a cota bateu nos 100m e menos, como se viu no litoral norte e noutros pontos.

Cá estão as duas cartas:
2010 (não consegui arranjar a carta do ECMWF para este dia, por isso fui buscar a carta do GFS):
ESCTNr7.png

2018:
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Nesta carta, e reitero a minha opinião, a cota de neve (se houvesse precipitação) deveria rondar os 400m, há uma iso de -3ºC aos 850hPa em muitos locais do interior, e bastante frio aos 500hPa com uma iso de -33ºC, sendo que no extremo norte deveria ser inclusivamente mais baixa talvez também ligeiramente abaixo dos 300m, e eventualmente em alguns locais mais junto à fronteira onde se acumulasse mais frio, ainda agora o nosso colega joralentejano no dia 7 de Janeiro com aquela cut-off no interior espanhol viu umas amostras de neve, e o frio que o GFS modelava não era nada de mais, uns -30ºC aos 500hPa, e pouco menos que 0ºC aos 850hPa e essa cut-off também não foi originada tão pouco de uma entrada com muitos traços continentais.

Os eventos de neve com características continentais são muito mais imprevisíveis que as famosas entradas oceânicas, os modelos globais por norma não modelam muito bem as cotas, e acabam por ficar abaixo do previsto.

Agora e também a título comparativo, com uma entrada atlântica precisas de uns -4ºC aos 850hPa e -35ºC aos 500hPa para teres alguma neve acumulada aos 400m, enquanto que também dá para ter neve acumulada com menos frio em altura e numa entrada continental, do ponto de vista da precipitação é preciso ter sorte em ambos os casos, porque se em algumas situações o pós-frontal é insuficiente nas horas de maior frio, nas entradas continentais também é difícil arranjar instabilidade. Agora é natural que me digas que já viste mais neve com entradas oceânicas do que com continentais, mas para isso basta olhar para a frequência com que ocorrem as entradas continentais, e em quantas dessas houve instabilidade.
 
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