Seguimento Açores e Madeira - Janeiro 2016

LMCG

Cumulus
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28 Dez 2009
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Ponta Delgada
6Ttsaqg.jpg


Pico 36,4 m/s = 131,04 km/h.
Junto ao solo 90 km/h.
 


StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Terceira com 41,3 m/s = 148,68 km/h.
Junto ao solo 100 km/h.

Fenomenal aquela calmaria quando o centro passou mais perto, retomando depois os valores que realmente eram esperados numa tal situação.

Também os dois picos de São Jorge. A essas horas, entre as 4:00 e as 5:00 utc, e depois entre as 8:00 e as 9:00 utc, correspondem precisamente o início e o fim, respectivamente, do período de 5 horas de precipitação forte, acima dos 10 mm/h, registada no aeródromo. Têm muito provavelmente relação com as linhas de convecção organizada que atravessavam a ilha nessa altura.
 

Portugal Storms

Cumulus
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7 Out 2014
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Moita/Palmela
Pessoalmente aprendi bastante com este acompanhamento aqui no fórum.
Agradeço a todos pela partilha de experiências e conhecimento.
Continuem a contar com a minha contribuição e presença neste tipo de eventos.

LMCG

Excelente acompanhamento do Alex, agradeço a todos pelos dados, explicações, detalhes, etc. fornecidos neste tópico.
Aprendi bastante com todos nestes 3 dias.:uau:
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Braga
Como balanço do seguimento deixo umas notas finais:

É bastante provável que o Alex tenha deixado de ter ventos de furacão umas quantas horas antes. A partir do momento que a parede do olho rebentou ontem à noite não voltou a recuperar e isso deve ter enfraquecido bastante os ventos, por outro lado expandiu-os mais um bocado.

A manutenção de status de furacão deve ter tido a ver com:

- o começo da transição extra-tropical em que processos baroclínicos podem intensificar a depressão compensando o enfraquecimento dos processos barotrópicos (convecção profunda, etc)

- a inexistência de dados reais. O Atlântico é uma imensidão onde praticamente poucas sondagens se fazem para injectar nos modelos. Nos ciclones tropicais do Atlântico isso é compensado com os voos RECON, em que há dois tipos de missões, umas de muita altitude em que no possível trajecto dum ciclone são lançadas dezenas de sondas a medir a atmosfera numa área enorme, e outras de baixa altitude atravessando múltiplas vezes o ciclone para medir em tempo real a situação real do mesmo. Esses dados além de servirem para avaliar a situação, são depois injectados em modelos melhorando as previsões destes. Nisto tudo por vezes chegam a ser feitas muitas centenas de sondagens em apenas um ciclone.
Mas nesta região dos Açores isso não acontece, as missões RECON não vem para estes lados.
Tive esperanças que fizessem uma missão excepcional, fartei-me de ver o feed das missões a ver se aparecia alguma coisa, mas nada. Tinha esperança porque seria muito importante até para obter dados para ciência, dada a raridade do ciclone.

Houve uma vez que próximo dos Açores não houve os habituais voos da NOAA e da USAF, mas a NASA mandou um drone para efeitos científicos. Desta vez não, mas também ninguém estava à espera dum furacão em Janeiro :)
http://www.meteopt.com/forum/topico...-atlantico-2012-al14.6686/page-20#post-342017


- é muito raro na véspera de um landfall diminuir-se avisos, isso é perigoso e contraproducente, e caso as coisas corram mal, haveria consequências chatas. Um dispositivo é activado, e depois na véspera não se pode estar a diminuir a prevenção.​

Ainda bem que correu tudo relativamente bem, penso que nos Açores já não é a 1ª vez que ventos mais fortes passam entre ilhas. Se repararam no satélite, a depressão começou a intensificar-se pelos tais processos que referi acima pouco depois de passar pelos Açores. Estava mais ou menos previsto isso, mas nestas coisas nunca há certezas. No meio do azar, também houve sorte. Os Açores ficaram no limbo entre a fase final decadente como ciclone tropical e o início da intensificação como ciclone extra-tropical. espero que muitos tenham jogado hoje no euromilhões ! :)

Para finalizar, nestas alturas aparece o habitual ruído (gritaria agora mais insuportável graças às redes sociais) de que não se passou nada, que foi tudo um exagero, que eu bem avisei que não era nada, blablabla. Ignorem, o que interessa é quem esteve por aqui e foi tentando perceber o que se passava, como se lida com incertezas, como se segue um evento problemático em nowcasting, e afinal, como estar prevenido.

O ruído será sempre eterno e não pensem que é um problema português, que os portugueses são isto ou são aquilo. Isto é geral, já acompanhei furacões de 3,4,5 de categoria a fazerem landfall, e no seguimento 50%/60/70% das pessoas a dizerem que foi uma treta, que não teriam precisado de evacuar, etc,etc. É claro que quando as coisas correm mal são logo os primeiros a atirar pedras. O ser humano é assim, não é defeito português :)
 

lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
Exatamente @Vince e ainda bem que assim foi, as previsões dos modelos publicados por ti e eu ao cruzar-los com o arome, indicavam realmente o que aconteceu. Foi uma prova que eles funcionaram, não na perfeição, mas na generalidade corretos em muitos aspetos. Portanto, no grupo central as condições foram de forma geral englobas numa situação de depressão tropical à exceção de São Jorge e Terceira numa fase de aproximação do núcleo, posteriormente ficando-se numa área de menor velocidade de circulação à superfície, a qual, volto a repetir, prevista e bem modelada. No grupo oriental, verificaram-se condições de tempestade tropical, igualmente modeladas pelos modelos mais pormenorizados, sendo que a área de circulação mais rápida, ou seja, a este do núcleo ter passado apenas no mar. As condições à superfície de TS foram mais sentidas na zona dos mosteiros e claro, nas zonas de maior altitude. Também sou de acordo que esta tempestade terá perdido as suas condições de força de furacão muito antes de atingir os Açores, mas como tal o @Vince mencionou, as previsões são sempre um tiro no escuro pela falta de dados... Creio que as condições que o NHC tencionou em manter, devem-se em muito à pressão estimada, a qual se englobava num Cat. 1 e também à capacidade deste sistema de regenerar alguma convecção à volta do núcleo. Acho que todos aprofundamos mais um pouco os nossos conhecimentos nesta matéria. Já agora, gostaria em nome pessoal agradecer a muita informação de qualidade que aqui foi colocada a que contribuiu muito para ter a noção do que realmente se desenrolou. Parabéns a todos e bons acompanhamentos. :)
 
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MCardoso

Cirrus
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15 Jan 2016
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Angra do Heroísmo
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Aqui está o registo desta sexta-feira da minha estação. Apesar do meu barómetro não estar bem calibrado é engraçado de se ver que por volta das 12 horas houve uma calmaria momentanea do vento, na mesma altura em que a pressão atmosférica começou a aumentar e o vento rodou.
Ainda sou um maçarico nisto, mas estou a gostar de aprender com vocês.
Abraços
 

Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
Furacão Alex impede socorro e doente morre

Uma pessoa morreu, esta sexta-feira, nos Açores, depois de o furacão Alex ter impedido um helicóptero da Força Aérea de a transportar para um hospital, informou a presidência do Governo Regional.

O utente, sinalizado pela Unidade de Saúde de Ilha (USI) das Flores, deveria ter sido transportado para o hospital mais próximo, para receber assistência, mas acabou por morrer, pelas 14:00, após uma paragem cardiorrespiratória, quando estavam reunidas as condições atmosféricas para o helicóptero da Força Aérea o transportar.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=4982919
 
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