Seguimento Açores e Madeira - Outubro 2022

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Durante a manhã e o início da tarde de 17 de outubro de 2022, foram sentidos episódios de precipitação acompanhada de vento forte um pouco por todo o arquipélago dos Açores.
Uma massa de ar instável e relativamente húmido favoreceu a formação de nuvens com grande desenvolvimento vertical favoráveis à ocorrência de trovoada. O campo da refletividade do radar da Terceira/Santa Bárbara (TRC) mostra a distribuição destas massas nebulosas com topos elevados, pelas 09:10 UTC (figura 1).
Também se verificou uma grande variação do vento entre níveis baixos e o nível de 5-6 km de altitude, que favoreceu a caraterística adicional de estas nuvens apresentarem circulações organizadas. Estas traduzem-se pela presença de movimentos de rotação nos seus níveis médios, os quais asseguram ciclos de vida longos e, portanto, uma maior probabilidade de as nuvens produzirem tempo severo. Os centros de rotação que se observaram em níveis médios podem, em alguns casos, intensificar-se para níveis mais baixos e produzir tornados. Não terá sido este o caso nos episódios verificados ontem. No entanto, ainda que não produzam tornados, os referidos centros de rotação podem gerar condições de precipitação e vento muito forte à sua passagem.
De entre os episódios de vento forte que foram sentidos pela população em diversas ilhas, destaca-se o ocorrido pelas 10:40-11:00 UTC ao longo da costa sul da ilha Terceira, pela sua melhor observação em face da proximidade do radar TRC. Sempre que as perturbações se deslocam de Oeste-Noroeste para Este-Sueste e que o sentido da rotação observado nas nuvens se verifica no sentido dos ponteiros do relógio, como foi o caso de ontem, o vento mais forte tende a ocorrer a sul dos centros de rotação. Este facto deve-se a que é nessas áreas que se conjugam os efeitos do vento associado ao centro de rotação e os do sentido de deslocação das próprias nuvens.
Estes detalhes estão ilustrados na animação da figura 2. Durante este episódio foi registado vento máximo instantâneo (rajada) de 100 km/h entre as 10:50 e as 11:00 UTC na estação do IPMA situada em Angra do Heroísmo.

Fonte IPMA
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Durante este episódio foi registado vento máximo instantâneo (rajada) de 100 km/h entre as 10:50 e as 11:00 UTC na estação do IPMA situada em Angra do Heroísmo.

Será que não é possível ao IPMA deduzir de observações do radar, no terreno ou até das estações amadoras, valores do vento máximo instantâneo mais realistas tendo em conta os efeitos destrutivos registados? É que 100 Km/h está certamente longe do valor máximo ocorrido. Rajadas dessas são, passe a expressão, corriqueiras, e não têm os efeitos que foram registados neste caso.
 
Pela minha observação in loco do fenómeno penso que nem estamos a falar de rajadas mas de um episódio contínuo de vento extremamente forte ininterrupto ...

Ou seja durante pouco mais de 10 minutos fez um vento que parecia que ia levar tudo ... E deve ter batido os 100 km à hora durante todo esse período dai os estragos ... especulativamente falando ...
 
Foi partilhado aqui no fórum que uma estação amadora em Angra registou rajada máxima de 128 km/h, portanto é provável que em algum local a rajada máxima tenha ultrapassado este valor.
O wind shear era bastante intenso, nestas situações o risco de downburst ou tornado poderia ser considerado na previsão, nem que fosse pela referência a possibilidade de rajadas temporariamente mais fortes em relação ao valor determinado pelas cartas de vento apenas.
 
-> https://www.meteopt.com/forum/topic...deira-outubro-2022.10912/pagina-5#post-871429

@Anticiclone Açores

A convecção mais intensa ocorreu quando o cisalhamento era mais baixo. Quando aumentou, para o meio/final do dia, a convecção começou a perder relevância.

Para contrabalançar o aumento do cisalhamento, o CAPE teria que ter aumentado. Não ocorreu.

Isso de prever downbursts/tornados nos Açores é tão arriscado/incomum que não compensa para uma entidade oficial. Só mesmo depois de algum ter ocorrido.
 
Repare-se que os 230mm caiem no oceano ao largo da costa. Em terra, mesmo o máximo em área significativa fica no intervalo 100 a 150 mm (nas 74 horas).
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O IPMA já contempla a situação antevista pelo ECM, na sua previsão descritiva para os próximos três dias que abrangem o período de 74 horas a que se refere essa previsão de acumulado do ECM.

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Até às 00h de dia 26, o AROME ainda nada põe de significativo nos acumulados tri-horários.
Este período, das 15h às 18h de amanhã, é o único mais significativo, todos os outros não excedem valores na casa dos 5 a 10 mm e são em áreas mais restritas.
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Próximos três dias prometem muita chuva, especialmente nas montanhas e costa sul/sudoeste.

Apesar daquela previsão do ECM, o GFS 12z de hoje mostra que a precipitação é distribuída ao longo do tempo sem intensidade forte nas costas. Nas montanhas será, como é habitual, muito mais forte.
 
Próximos três dias prometem muita chuva, especialmente nas montanhas e costa sul/sudoeste.

Apesar daquela previsão do ECM, o GFS 12z de hoje mostra que a precipitação é distribuída ao longo do tempo sem intensidade forte nas costas. Nas montanhas será, como é habitual, muito mais forte.
ECM mantém a previsão e até agrava ligeiramente. Efectivamente está em grande desfasamento do GFS que prevê um cenário mais normal. Curiosamente estamos a poucos dias do grande temporal de 29 de Outubro de 1993.