Águas do Sena sobem depois da neve
As águas do rio Sena mantêm-se hoje acima dos 3,70 metros depois de um fim de semana de importantes subidas que provocaram o fechamento de algumas ruas e um conseguinte caos na circulação viária. Segundo as autoridades o plano de vigilância contra as inundações foi ativado ainda que se esclareceu que não se constataram danos importantes.
Ontem a companhia de Bateaux Mouches cancelou os percursos dos barcos turísticos que fazem excursiones através do rio. Espera-se que as águas comecem a baixar a partir da quarta-feira.
Certamente, este evento inusual, está bem longe da Paris que 100 anos atrás viveu entre o talento e o drama uma das maiores catástrofes naturais de sua história ao ficar submersa sob a água grande parte da cidade e seus arredores. Naquela época, o emblemático rio converteu 40 quilômetros de ruas em verdadeiros afluentes.
Alguns registros da época recolhidos no Larousse mensal ilustrado número 40 desse ano relatam que as águas atingiram 8,50 metros na ponte de Austerlitz, em outras anotações da Biblioteca Histórica de Paris, são citados 8,62 metros. Em qualquer caso, são cifras recorde. A partir de 21 de janeiro de 1910 a capital sofreu uma metamorfose que perturbou os transportes públicos, a eletricidade, o fornecimento e as comunicações e 20 mil imóveis foram submergidos, dos 80 mil existentes naquele momento. Nos bairros periféricos, conhecidos como banlieues, reportaram-se cerca de 30 mil casas devastadas e 150 mil danificadas.
Este palco marítimo, onde metrôs, bondes e ônibus desapareceram para darem lugar a cavalos com carretas e outras vias de trânsito similares ressuscita a cada ano e um século depois pode ser recordado graças a imagens, filmes e documentos expostos em vários centros culturais da capital. O grande alagamento do rio foi atribuído ao impacto das condições meteorológicas (um verão prévio muito chuvoso e um inverno com precipitações fracas mas contínuas) sobre o contexto geológico e urbanístico da capital.
Apesar dos anos não se pode assegurar que uma inundação desta envergadura não se repita, segundo os especialistas. Pelo contrário, Paris prepara-se há alguns anos para um evento similar e pôs em marcha um plano de prevenção para mitigar a devastação, que de qualquer forma seria desastrosa.
Prensa Latina