Seguimento - Incêndios 2017



Hawk

Cumulonimbus
Registo
26 Nov 2006
Mensagens
2,274
Local
Funchal
Eu penso que percebo o que o srr quis dizer. Ontem cerca das 00h, no último noticiário que assisti, a autarca de Abrantes dizia que o fogo estava controlado e falava já em em jeito de balanço final. Ao mesmo tempo, outro canal mostrava em directo uma extensa frente de fogo relativamente perto de casas. Pela sua evolução, era evidente que o fogo não estava controlado. E a prova é que 12h depois o fogo não está controlado (pelo menos não consta como tal no site da ANPC).

E o mais revoltante disto, é quando percebemos que entre o discurso do "controlado com meios suficientes" e o discurso do "desesperados à espera de meios" não existe propriamente uma verdade, existe uma filiação partidária. Este ano mais do que combate ao fogo propriamente dito existe um combate político. Existe muita desinformação e as pessoas questionam-se se têm acesso à "realidade".

E queria realçar que o meu comentário é apartidário, porque acho que a técnica tem sido utilizado quer por autarcas da mesma cor política que o governo quer pela oposição.
 

Cerridwen

Cirrus
Registo
11 Ago 2017
Mensagens
1
Local
Torres Vedras
A questão em Portugal é a seguinte: incêndios vamos ter sempre. Antes de ter eucaliptos tínhamos pinheiros, antes de ter pinheiros tínhamos matos. E tudo ardia. Sendo em Portugal a floresta privada, quais são as alternativas que vamos oferecer aos proprietários? Temos 3,2 milhões de hectares de floresta; a cada 4 anos têm ser limpos pelo menos 20 a 30%. Quem paga a gestão dos pinheiros, dos eucaliptos, dos sobreiros, dos carvalhos ou dos matos?
Em Portugal não há como fugir aos incêndios, mas não é esse o ponto central da discussão sobre os incêndios, mas sim, como minimizar a sua dimensão e capacidade destrutiva.

Hoje fala-se muito em mato, com a conotação negativa de que é algo abandonado e fora dos padrões normais, mas muitos desses locais são (ou foram) na verdade matas. As matas são algo que faz parte do ecossistema, são essenciais para o desenvolvimento da fauna e flora características do nosso clima. E não são necessariamente espaços sem fins económicos, são utilizadas para a produção de mel, a caça, o turismo, para agricultura e alimentação, ajudam a fixar a água que é utilizada na agricultura e até na produção de energia.

A liberalização e falta de controlo do cultivo, quer de eucalipto e pinheiro e também outras espécies, destruiu muitos destes ecossistemas e das suas formas naturais de defesa. Matas foram destruídas para dar lugar a campos agrícolas, eucaliptais, pinhais. Árvores mais resistentes a incêndios foram sendo substituídas por árvores mais inflamáveis em modo de produção intensiva, cuja única utilidade é produzir madeira e sobretudo para produção de papel. Campos agrícolas foram deixados ao abandono.

Tudo ardia porque não haviam os meios adequados para a prevenção e combate aos incêndios. Mas a evolução tecnológica e a investimento no combate, felizmente, mudaram isso.

O eucalipto não é solução para os pequenos proprietários, como se tem visto. Não é por acaso que o eucalipto tem sido plantado de uma ponta à outra na maioria das propriedades, sem faixas corta fogo, sem caminhos e sem a devida manutenção. Pois essa é a única maneira de os pequenos proprietários lucrarem com o eucalipto. De outra forma nem vêem o dinheiro da venda da madeira. Pinhais intensivos, idem. Este tipo de floresta é insustentável, coloca em perigo pessoas e bens, reduz a biodiversidade, reduz a capacidade produtiva dos solos e de fixação da água, desfigura a paisagem e afasta o turismo, contribui para a desertificação porque não cria empregos relevantes.

As alternativas que se podem oferecer aos proprietários são a silvicultura e a agricultura. E claro, a venda das propriedades é a solução ideal para muitos pequenos proprietários. Também é necessário mudar leis, aumentar a fiscalização e controlo, bem como, o fornecimento de apoios ao investimento em actividades rentáveis e sustentáveis. Sem esquecer a educação e formação.
 

srr

Nimbostratus
Registo
10 Jan 2012
Mensagens
1,145
Local
Abrantes
Eu penso que percebo o que o srr quis dizer. Ontem cerca das 00h, no último noticiário que assisti, a autarca de Abrantes dizia que o fogo estava controlado e falava já em em jeito de balanço final. Ao mesmo tempo, outro canal mostrava em directo uma extensa frente de fogo relativamente perto de casas. Pela sua evolução, era evidente que o fogo não estava controlado. E a prova é que 12h depois o fogo não está controlado (pelo menos não consta como tal no site da ANPC).

E o mais revoltante disto, é quando percebemos que entre o discurso do "controlado com meios suficientes" e o discurso do "desesperados à espera de meios" não existe propriamente uma verdade, existe uma filiação partidária. Este ano mais do que combate ao fogo propriamente dito existe um combate político. Existe muita desinformação e as pessoas questionam-se se têm acesso à "realidade".

E queria realçar que o meu comentário é apartidário, porque acho que a técnica tem sido utilizado quer por autarcas da mesma cor política que o governo quer pela oposição.

Ora ai está um bom resumo! Isso mesmo!
 
Registo
23 Abr 2017
Mensagens
901
Local
Lisboa
Primeiro dizem que o fogo está controlado e depois dizem que está com grande intensidade , e dá para reparar que o incêndio está fora do controlo , o que o srr diz tem razão , aquele incêndio de abrantes ainda não está controlado e vai demorar para ser controlado, porque logo vem novamente o vento com rajadas fortes , ainda para mais os bombeiros estão exaustos de tanto combate ao fogo , tem sido um massacre de incêndios .
 
  • Gosto
Reactions: criz0r

jkmc

Cirrus
Registo
9 Set 2016
Mensagens
57
Local
Paris
Em Portugal não há como fugir aos incêndios, mas não é esse o ponto central da discussão sobre os incêndios, mas sim, como minimizar a sua dimensão e capacidade destrutiva.

Hoje fala-se muito em mato, com a conotação negativa de que é algo abandonado e fora dos padrões normais, mas muitos desses locais são (ou foram) na verdade matas. As matas são algo que faz parte do ecossistema, são essenciais para o desenvolvimento da fauna e flora características do nosso clima. E não são necessariamente espaços sem fins económicos, são utilizadas para a produção de mel, a caça, o turismo, para agricultura e alimentação, ajudam a fixar a água que é utilizada na agricultura e até na produção de energia.

A liberalização e falta de controlo do cultivo, quer de eucalipto e pinheiro e também outras espécies, destruiu muitos destes ecossistemas e das suas formas naturais de defesa. Matas foram destruídas para dar lugar a campos agrícolas, eucaliptais, pinhais. Árvores mais resistentes a incêndios foram sendo substituídas por árvores mais inflamáveis em modo de produção intensiva, cuja única utilidade é produzir madeira e sobretudo para produção de papel. Campos agrícolas foram deixados ao abandono.

Tudo ardia porque não haviam os meios adequados para a prevenção e combate aos incêndios. Mas a evolução tecnológica e a investimento no combate, felizmente, mudaram isso.

O eucalipto não é solução para os pequenos proprietários, como se tem visto. Não é por acaso que o eucalipto tem sido plantado de uma ponta à outra na maioria das propriedades, sem faixas corta fogo, sem caminhos e sem a devida manutenção. Pois essa é a única maneira de os pequenos proprietários lucrarem com o eucalipto. De outra forma nem vêem o dinheiro da venda da madeira. Pinhais intensivos, idem. Este tipo de floresta é insustentável, coloca em perigo pessoas e bens, reduz a biodiversidade, reduz a capacidade produtiva dos solos e de fixação da água, desfigura a paisagem e afasta o turismo, contribui para a desertificação porque não cria empregos relevantes.

As alternativas que se podem oferecer aos proprietários são a silvicultura e a agricultura. E claro, a venda das propriedades é a solução ideal para muitos pequenos proprietários. Também é necessário mudar leis, aumentar a fiscalização e controlo, bem como, o fornecimento de apoios ao investimento em actividades rentáveis e sustentáveis. Sem esquecer a educação e formação.

É exatamento a realidade portuguesa.

Excelente sintese desta situacao complexa. Devia se mandar este comentario a toda à comunicacao social (TV+jornais) para que sirve de exemplo. Até seria bom que se explicasse o mesmo no ensino basico.

Só a informacao e a educacao das pessoas permitirao de mitigar o efeito da informacao dos lobis sobre os beneficios da monocultura liberalizada de pinheiros e eucaliptos.
 
  • Gosto
Reactions: joselamego

Pedro1993

Super Célula
Registo
7 Jan 2014
Mensagens
8,249
Local
Torres Novas(75m)
ABRANTES | COMBATE AO FOGO EVOLUI FAVORAVELMENTE, UMA FRENTE ATIVA EM PUCARIÇA

Uma frente de fogo continuava ativa cerca das 12:00 de hoje em Abrantes, no incêndio que deflagrou em Aldeia do Mato, estando a evoluir favoravelmente e em direção a uma área queimada, segundo a presidente do município.

Em declarações à agência Lusa, cerca das 12:00, a partir do posto de comando instalado na localidade de Carvalhal, Maria do Céu Albuquerque disse que o combate “está a evoluir favoravelmente, mantendo uma frente ativa”, tendo realçado, no entanto, que “o vento está a empurrar as chamas para uma área já queimada”.


http://www.mediotejo.net/abrantes-c...-favoravelmente-uma-frente-ativa-em-pucarica/

Fotos do incendio de Abrantes