Seguimento - Incêndios 2017

ClaudiaRM

Furacão
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2 Dez 2009
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Viseu
Os jornalistas revelarem as fontes?? Mas onde é que já alguma vez viu isso...

Eu repito para que não haja dúvidas: a informação foi passada pela Lusa mas confirmada junto do Comando por pelo menos: RTP, SIC, TVI e TVE. Admito que muitas rádios e jornais também tenham tido a mesma confirmação do Comando.

Informar-se um pouco talvez não fosse má ideia. E quando digo informar-se não me refiro a comprar o CdM ou ver a TVI:


Artigo 14.º


Deveres

1 - Constitui dever fundamental dos jornalistas exercer a respectiva actividade com respeito pela ética profissional, competindo-lhes, designadamente:

b) Repudiar a censura ou outras formas ilegítimas de limitação da liberdade de expressão e do direito de informar, bem como divulgar as condutas atentatórias do exercício destes direitos;

c) Recusar funções ou tarefas susceptíveis de comprometer a sua independência e integridade profissional;

d) Respeitar a orientação e os objectivos definidos no estatuto editorial do órgão de comunicação social para que trabalhem;

e) Procurar a diversificação das suas fontes de informação e ouvir as partes com interesses atendíveis nos casos de que se ocupem;

f) Identificar, como regra, as suas fontes de informação, e atribuir as opiniões recolhidas aos respectivos autores.

2 - São ainda deveres dos jornalistas:

a) Proteger a confidencialidade das fontes de informação na medida do exigível em cada situação, tendo em conta o disposto no artigo 11.º, excepto se os tentarem usar para obter benefícios ilegítimos ou para veicular informações falsas;

b) Proceder à rectificação das incorrecções ou imprecisões que lhes sejam imputáveis;

c) Abster-se de formular acusações sem provas e respeitar a presunção de inocência;

d) Abster-se de recolher declarações ou imagens que atinjam a dignidade das pessoas através da exploração da sua vulnerabilidade psicológica, emocional ou física;

e) Não tratar discriminatoriamente as pessoas, designadamente em razão da ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual;

f) Não recolher imagens e sons com o recurso a meios não autorizados a não ser que se verifique um estado de necessidade para a segurança das pessoas envolvidas e o interesse público o justifique;

g) Não identificar, directa ou indirectamente, as vítimas de crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, contra a honra ou contra a reserva da vida privada até à audiência de julgamento, e para além dela, se o ofendido for menor de 16 anos, bem como os menores que tiverem sido objecto de medidas tutelares sancionatórias;

h) Preservar, salvo razões de incontestável interesse público, a reserva da intimidade, bem como respeitar a privacidade de acordo com a natureza do caso e a condição das pessoas;

i) Identificar-se, salvo razões de manifesto interesse público, como jornalista e não encenar ou falsificar situações com o intuito de abusar da boa fé do público;

j) Não utilizar ou apresentar como sua qualquer criação ou prestação alheia;

l) Abster-se de participar no tratamento ou apresentação de materiais lúdicos, designadamente concursos ou passatempos, e de televotos.

3 - Sem prejuízo da responsabilidade criminal ou civil que ao caso couber nos termos gerais, a violação da componente deontológica dos deveres referidos no número anterior apenas pode dar lugar ao regime de responsabilidade disciplinar previsto na presente lei.

Portugal é um país fantástico mas está habitado por pessoas que falam de tudo inclusivamente do que não sabem. Quando fazem posts na Internet sob pseudónimos, a coisa, naturalmente passa. Quando estão encarregues de informar a população em geral é um pouco mais complexo.
 


Duarte Sousa

Moderação
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8 Mar 2011
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Loures
paradoxo 1
- o IC8 foi cortado mas não se sabia a direção dominante do incêndio ou essa informação não circulava.
Algumas pessoas dispersaram-se por outras estradas e morreram queimadas.

paradoxo 2
- várias pessoas sairam de casa quando as habitações seriam o local mais seguro. Morreram queimadas.

paradoxo 3
- funcionários de uma fábrica abandonaram as instalações quando o local era perfeitamente seguro. Pelo menos mais seguro que a floresta. Morreram queimados.

é uma série de decisões sem explicação. Umas pessoais, outras coletivas...

É uma série de decisões que infelizmente não vamos saber o porquê de terem acontecido (em relação aos pontos 2 e 3).

Acredito que as pessoas ao verem as suas casas prestes a serem tomadas pelo fogo (mesmo que estas consigam resistir às chamas, provavelmente os proprietários desconheciam), o 1º pensamento seja fugir. São decisões que têm de ser tomadas rapidamente e nestes casos foram as piores decisões. Mas suponho que se fugiram é porque não sabiam que o seu local de fuga estaria pior, que seria mortal. Acho que ninguém é burro (desculpem-me o termo) a ponto de fugir, sabendo que seria a pior opção.

Somos todos animais e temos instinto de sobrevivência. Apesar de sermos dotados de racionalidade, em situações de pânico por vezes tomamos decisões quase que automaticamente e raramente racionais.
 

lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
Tá visto que foi tudo um mal entendido e uma precipitação por ambas as partes... acho que não vale a pena estar agora a apontar o dedo a quem quer que seja. Foram nada mais, nada menos do que Humanos... foi mau? Foi... mas concentramo-nos agora no tema do tópico... incêndios e não jornalismo...


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dahon

Nimbostratus
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1 Mar 2009
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Viseu(530m)
paradoxo 1
- o IC8 foi cortado mas não se sabia a direção dominante do incêndio ou essa informação não circulava.
Algumas pessoas dispersaram-se por outras estradas e morreram queimadas.

paradoxo 2
- várias pessoas sairam de casa quando as habitações seriam o local mais seguro. Morreram queimadas.

paradoxo 3
- funcionários de uma fábrica abandonaram as instalações quando o local era perfeitamente seguro. Pelo menos mais seguro que a floresta. Morreram queimados.

é uma série de decisões sem explicação. Umas pessoais, outras coletivas...

Aconselho ver o programa prós e contras de ontem onde estiveram os principais especialistas em incêndios florestais e comportamento de fogo.
A certa altura o Professor Domingos Xavier Viegas fez uma descrição, a possível, com os dados que obteve até ao momento, onde disse que com as características dos ventos produzidos por uma célula convectiva e do terreno a propagação do fogo foi em varias direcções e com uma velocidade muito acima do normal. Além das projecções a centenas de metros também elas em várias direcções. Daí as opções que agora sabemos que foram erradas, mas que na altura dada a situação poderiam parecer as mais indicadas.
 

Zarb

Cumulus
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20 Jun 2017
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Mas tenho esperança que haja uma mobilidade e ativismo nacional contra o eucalipso! Veremos.

De certeza que haverá... até Setembro/Outubro. E depois novamente em Junho de 2018...

No entretanto, os cientistas e engenheiros florestais deste país continuaram nas universidades e gabinetes técnicos a escrever sobre o tipo de culturas que devem ocupar a floresta portuguesa...

No entretanto as sociedades de gestão florestal estarão aptas a assumir a gestão das propriedades dos privados para plantar o eucalipto com floresta ordenada e remoção de biomassa (que podem vender à VISABEIRA). Pois, certamente que numa floresta ordenada os fogos (número de ignições) irá diminuir muito. Aliás, as empresa de celulose têm nos seus eucaliptais planos de gestão florestal que demonstram isso. O problema é que a erosão dos solos, a biodiversidade, o tipo de humidade que se conservam, etc, etc, etc, (situações sobre os quais ainda não ouvi ninguém com poder político falar) não matam ninguém de forma a que apareçam durante 5 dias na TV...
 

Orion

Furacão
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5 Jul 2011
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Açores
Acho que ninguém é burro (desculpem-me o termo) a ponto de fugir, sabendo que seria a pior opção.

Pedir desculpa por 'burro'? :confused: Há pior que isso.

Mas burro não é o termo certo. As pessoas certamente fizeram o que lhes pareceu melhor. É como a malta que mete-se debaixo da ponte quando vem um tornado. Cientificamente é uma má decisão mas quem as pode culpabilizar? Quando as chamas estão a algumas dezenas de metros são poucos os que pensam na direção do vento, distância de segurança... Alguns fogem de casa e sobrevivem. Outros ficam dentro de casa e morrem.

incêndios e não jornalismo...

Yap. Os termos são fait-divers nesta altura. Por mim até podiam ser palhinhas de nuvens em vez de tufões.
 

Zarb

Cumulus
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20 Jun 2017
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2 - São ainda deveres dos jornalistas:

a) Proteger a confidencialidade das fontes de informação na medida do exigível em cada situação, tendo em conta o disposto no artigo 11.º, excepto se os tentarem usar para obter benefícios ilegítimos ou para veicular informações falsas;


Obrigado, disse tudo: dever de confidencialidade (que aliás existe noutras profissões) preceituado pelo art.º 14.º, n.º 2, alínea a) da Lei 1/99 (Estatuto do Jornalista)

Mas já agora, agradecendo o teu trabalho, permite que o complete:
"Sem prejuízo do disposto na lei processual penal, os jornalistas não são obrigados a revelar as suas fontes de informação, não sendo o seu silêncio passível de qualquer sanção, directa ou indirecta" - cfr .art.º 11.º, n.º 1 da mesma Lei 1/99.

A menos que quem no Comando tenha passado essa informação incendiária de queda de um avião quisesse tirar benefício ilícito com essa informação (não acredito que isso tenha acontecido mas apenas que a confusão mor reina) o jornalista não deve partilhar a sua fonte, o que aliás é também de conhecimento geral para quem não anda neste mundo a fazer os restantes lamber gelados com a testa.

Infelizmente a confusão é grande. O facto de não terem capacidade de armazenamento das doações com algo tão simples como aproveitar armazéns ou pavilhões em vilas próximas e cujo transporte se faria posteriomente para os locais onde seria necessário a reposição dos stocks que se vão esgotando é claramente uma demonstração dessa confusão-mor.

Mas a confusão-mor é normal e habitual quando quem comanda não é comandante mas sim apoiante.
 

ClaudiaRM

Furacão
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2 Dez 2009
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Tá visto que foi tudo um mal entendido e uma precipitação por ambas as partes... acho que não vale a pena estar agora a apontar o dedo a quem quer que seja. Foram nada mais, nada menos do que Humanos... foi mau? Foi... mas concentramo-nos agora no tema do tópico... incêndios e não jornalismo...


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Não discordo. Mas não me venham é dizer que nunca se viu coisa como jornalistas a revelarem fontes quando o código que os guia os incentiva a fazer isso mesmo quando são enganados! É que para nós isto foi apenas um engano mas os seres humanos que pilotam os Canadair têm amigos e família e não devem todos viver em grutas sem acesso a tvs, rádios e Internet. Da mesma forma que para quase todos, ontem, na TVI, não passava de um cadáver tapado por um lençol, mas havia seres humanos a questionar-se se não seria um pai, uma filha ou um irmão. Conheço o caso de um senhor que sofreu um enfarte fulminante e mortal quando o informaram que o seu filho, trabalhador da construção civil, havia tido um acidente de trabalho e não tinha sobrevivido. O pai morreu e o filho, felizmente, ainda cá anda. Escapou com uns ossos partidos e uma breve perda de consciência que alguém sem más intenções fez passar por morte. Poucas coisas na vida não têm consequências.
 
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Zarb

Cumulus
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20 Jun 2017
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Pedrógão Grande, 1198 operacionais
Gòis, 1136 operacionais

Felizmente a noite deverá ajudar e penso que no máximo amanhã devemos ter os incêndios controlados... pelo menos assim espero

Estes... infelizmente é mais do que natural que algo do género (sem vítimas humanas espera-se) irá repetir-se muito em breve.

No estado em que se encontra, não me admirava que o PNSSM fosse o próximo a arder em grande área.
 

Zarb

Cumulus
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Não discordo. Mas não me venham é dizer que nunca se viu coisa como jornalistas a revelarem fontes quando o código que os guia os incentiva a fazer isso mesmo quando são enganados! É que para nós isto foi apenas um engano mas os seres humanos que pilotam os Canadair têm amigos e família e não devem todos viver em grutas sem acesso a tvs, rádios e Internet.

No momento em que estava a sair do trabalho li a notícia no site da SIC Noticias. O primo da pessoa que trabalha à minha frente está neste momento nos comandos de uma aeronave ligeira em Góis (na altura ainda não se falava em Canadair). Imagine a minha expressão... digo, não digo. Não tive coragem de dizer.
 
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Agreste

Furacão
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29 Out 2007
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Armando Casinhas tentou fugir do fogo em Pobrais para a Estrada Nacional 236. Quando lá chegou vários carros estavam já em chamas. Voltou para trás e conseguiu salvar-se.
 

Zarb

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Foram nada mais, nada menos do que Humanos... foi mau? Foi... mas concentramo-nos agora no tema do tópico... incêndios e não jornalismo...

certíssimo e eu próprio peço desculpa pelo off-topic. Mas a verdade é que venho a este fórum há mais de seis anos e nunca fiz o registo.

Hoje decidi fazê-lo porque não compreendo como é que há pessoas (estas, ao contrário de outras, admito que não sejam pagas para o fazer) que vêem para um fórum de meteorologia explanar a sua "camaradagem"... ainda por cima, de forma tão básica.
 

ClaudiaRM

Furacão
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2 Dez 2009
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Obrigado, disse tudo: dever de confidencialidade (que aliás existe noutras profissões) preceituado pelo art.º 14.º, n.º 2, alínea a) da Lei 1/99 (Estatuto do Jornalista)

Mas já agora, agradecendo o teu trabalho, permite que o complete:
"Sem prejuízo do disposto na lei processual penal, os jornalistas não são obrigados a revelar as suas fontes de informação, não sendo o seu silêncio passível de qualquer sanção, directa ou indirecta" - cfr .art.º 11.º, n.º 1 da mesma Lei 1/99.

A menos que quem no Comando tenha passado essa informação incendiária de queda de um avião quisesse tirar benefício ilícito com essa informação (não acredito que isso tenha acontecido mas apenas que a confusão mor reina) o jornalista não deve partilhar a sua fonte, o que aliás é também de conhecimento geral para quem não anda neste mundo a fazer os restantes lamber gelados com a testa.

Infelizmente a confusão é grande. O facto de não terem capacidade de armazenamento das doações com algo tão simples como aproveitar armazéns ou pavilhões em vilas próximas e cujo transporte se faria posteriomente para os locais onde seria necessário a reposição dos stocks que se vão esgotando é claramente uma demonstração dessa confusão-mor.

Mas a confusão-mor é normal e habitual quando quem comanda não é comandante mas sim apoiante.


"excepto se os tentarem usar para obter benefícios ilegítimos ou para veicular informações falsas"

É tão simplesmente isto. Não querem passar por profissionais incompetentes e irresponsáveis, divulguem quem os induziu em erro. Se não o fizerem serão dados como responsáveis por esta salganhada de mau gosto. Até porque se, de facto, alguém os induziu em erro, tem de ser responsabilizado. O comando é como a polícia, os bombeiros, o governo, a equipa e outras entidades colectivas: não têm cara e dá imenso jeito.
 
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