Não importa apenas a continentalidade. A proveniência dos fluxos importa por vezes mais do que a própria continentalidade e da sua influência. O vento de NE tem feito o ar atravessar todo esse pedaço continental até chegar a zonas relativamente litorais, e vai aquecendo ao longo do seu percurso. Por isso, em dias de proveniência de Leste ou NE, não é raro vermos algumas cidades do Litoral com valores de temperatura bastante elevados.
Claro que cada caso é um caso, e nunca Torres Vedras, por exemplo, terá o potencial térmico de Évora ou Santarém, mas em situações de Lestada, cenários especiais de aquecimento adiabático e ventos fracos, poderá ter uma ou outra ocasião para, num dia específico, poder ter um momento em que até possa ter temperaturas semelhantes às cidades atrás referidas.
Isto ocorre não só com este exemplo, mas com muitos outros, onde, nestas condições específicas, se geram oportunidades de aquecimento para essas regiões e locais mais abrigados, especialmente os de altitude mais baixa, mais sujeitos a grandes aquecimentos por serem os menos atingidos pelo efeito de arrefecimento imediato do vento, depositando-se nessas depressões ar bastante quente, transportado desde o Interior, que se vai fixando até à chegada da nortada, com a descida gradual das temperaturas a partir dessa altura, isto, claro, em condições já muito gerais, que logicamente variam bastante de local para local, direcção do vento e a sua exposição aos diversos fluxos.