Jonas, parece que a ser para alguém... será para ti... aqui já não tenho esperanças...
Alguém consegue explicar porque sistemáticamente as celulas estacionam ali, não avançam e acabam na maioria das vezes por morrer, restando para nós "cadáveres"...?
É uma boa questão, a resposta infelizmente é complexa, mas espero conseguir fazer-me entender
No mar a atmosfera tem um fluxo tendencialmente laminar, ou seja, não há topografia nem rugosidade que façam turbulencia nas varias camadas.
No caso presente, temos ar muito quente e instavel á superficie, ar mais seco que actua como uma tampa nos niveis médios, e em altura há um ramo do jet com uma ondulação a entrar vinda de W.
Estas camadas movem-se laminarmente...escorregam umas por cima das outras..
O efeito do ar seco nos niveis médios concentra toda a humidade e calor á superficie, dai os valores de CAPE modelados serem enormes sobre o mar.
A convecção no mar tem surgido ao longo de linhas de convergencia á superficie, e por auxilio do forçamento dinamico ( ar divergente em altura) que ocorre na frente da ondulação de niveis altos...
Ao contrario do que se passa em terra, onde tens montanhas, topografia irregular, forte aquecimento diurno, no mar há poucos fenomenos que induzem turbulencia vertical...e portanto crescem muito menos células que só sobrevivem dentro das areas onde há forçamento quer por convergencia á sfc ou divergencia em altura.
Assim que a célula que está no mar foge para longe dessas areas favoraveis, ela tende a morrer..a causa da morte está relacionada com a camada de ar seco...se a celula foge para longe do forçamento dinamico, entra numa area onde o ar seco nos niveis médios não está sob efeito de mecanismos que o dispersem, e assim a camada de ar seco tende a ser mais forte dificultando penetração dos updrafts.
Por outro lado, a concentração de energia abaixo do ar seco ( efeito panela de pressão) significa que qualquer celula que fure o ar seco é potencialmente muito mais forte porque conseguiu apanhar mais energia...e assim que rompe o ar seco,acima deste encontra condições favoraveis para poder desenvolver-se por vezes explosivamente.
Assim...em resumo, a convecção sobre o mar tende a ser menor em numero mas mais forte.
Em terra...voces já devem ter reparado que os modelos tiram muito cape...ou seja, o cape que está a oeste não passa para terra.
A razão é simples...a topografia e o aquecimento diurno geram muito mais turbulencia vertical no interior ...isso mistura o ar seco nos niveis médios com o ar humido á superficie a uma escala muito mais extensa do que aquela que sucede no oceano, o que dá cabo da camada de ar humido e instavel...dissipando muito do cape.
Idealmente, para haver boas trovoadas severas são necessarias condições de fluxo mais laminar e menos turbulento, dai que sejam as grandes planicies aquelas que geralmente teem trovoadas mais severas com capes mais altos.