Bragança com água para 20 dias
Câmara acciona plano de emergência para garantir abastecimento
Por causa da falta de chuva, a Câmara de Bragança acaba de accionar um plano de emergência para garantir o abastecimento de água à cidade. Desde ontem que camiões cisterna estão a transportar água do concelho vizinho de Macedo de Cavaleiros, a 45 quilómetros. A Barragem de Montesinho, que abastece 30 mil habitantes, só já dispõe de água para pouco mais de 20 dias.
Falta de água em Bragança
PLAYAutarquia acciona plano de emergência para abastecimento
Desde Julho que praticamente não chove no Nordeste Transmontano: os últimos cinco meses de seca não permitiram repor as reservas de água da cidade de Bragança gastas durante o Verão.
A barragem de Montesinho, que abastece mais de 30 mil habitantes, dispõe de água para pouco mais de 20 dias.
Os sistemas de captação alternativos, que estão a ser utilizados há dois meses, estão praticamente esgotados.
A câmara de Bragança, em articulação com a Protecção Civil, acaba de accionar um plano de emergência.
Há dois dias que camiões cisterna estão a transportar água tratada do concelho vizinho de Macedo de Cavaleiros, a 45 quilómetros, para os depósitos de Bragança.
"Preparamo-nos para o cenário mais adverso que é transportar 160 camiões cisterna por dia, envolvendo meios significativos na estrada e muitos recursos humanos, numa operação extremamente difícil", admite o Presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes.
Apesar dos custos não estarem ainda avaliados, o autarca garante que esta é uma operação muito dispendiosa que implica para já sete camiões cisterna dos bombeiros de toda a região a circularem 18 horas por dia. Cada deslocação demora pelo menos três horas.
Economizar é preciso
A par de todas estas medidas, a autarquia enviou uma carta aos munícipes sensibilizando-os para a necessária urgência de economizarem nos consumos, situação que está a ser bem acolhida.
"Desde que a Câmara alertou, comecei logo a fazer restrições", afirma um habitante de Bragança.
"Eu até aproveito a água de lavar os legumes e outros alimentos para deitar na sanita", refere outra habitante de Bragança.
Esta não é a primeira vez que Bragança atinge o limiar da ruptura no abastecimento de água. De acordo com o Presidente da Câmara a situação só ficará resolvida com a construção de uma segunda barragem, em Montesinho, como reforço da já existente.
Este é um processo que se arrasta há mais de 20 anos por oposição do Ministério do Ambiente.
"Se uma situação destas ocorresse em Lisboa era o pânico total. Havia decisões logo no dia seguinte, mas aqui há 20 anos que andamos nisto. Parece que os bragançanos não são portugueses e que Bragança não é Portugal", lamenta Jorge Nunes.
A autarquia quer evitar cortes no abastecimento que poderiam provocar danos elevados na rede, por perda da pressão.
Esse será o último cenário a colocar-se, na esperança que a chuva regresse rapidamente ao Nordeste Transmontano.