Mau Tempo: Prejuízos ultrapassam meio milhão de euros no Alentejo
A destruição de estufas em Castelo de Vide e estradas e caminhos municipais danificados são alguns dos prejuízos do mau tempo, que chegam às centenas de milhares de euros no Alentejo.
O proprietário das estufas atingidas por um deslizamento de terras em Castelo de Vide (Portalegre), no sábado, devido ao mau tempo, disse hoje à Agência Lusa que "75 por cento da produção ficou totalmente destruída".
De acordo com João Sequeira, a cultura de alface que explorava nas estufas ficou em "75 por cento perdida".
O proprietário das estufas ainda não contabilizou, na totalidade, os prejuízos causados pelo mau tempo, mas assegurou que a estrutura que suporta as estufas está "totalmente danificada".
"O sistema de rega pode ser recuperado, mas ainda não fiz a avaliação completa dos danos. Ainda é muito cedo para avaliar a totalidade dos prejuízos", declarou.
Ainda ao âmbito agrícola, o presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Évora, Francisco Carolino, disse hoje à Agência Lusa que a água que tem caído nos últimos dias "traz poucas vantagens, porque, à exceção de montados, começa a ser incómoda ao nível dos trabalhos agrícola".
"Há adubações que não se conseguem fazer, porque na maioria dos sítios é impossível entrar com as máquinas", explicou.
Francisco Carolino indicou ainda que o pastoreio dos animais, que nesta altura do ano já deviam estar no campo, "está comprometido, porque os solos estão bastante alagados".
Mais a sul, no distrito de Évora, uma família foi realojada numa casa da Câmara de Montemor-o-Novo, depois da sua habitação ter sofrido danos na sequência do mau tempo.
O forte vento provocou o desabamento, sábado, de uma parede de uma casa desocupada e em ruínas, no centro histórico da cidade, o que causou danos estruturais numa moradia contígua, pertencente a uma família de cinco pessoas, que foi retirada da habitação por precaução.
A família foi realojada provisoriamente numa casa municipal.
Além de suportar o realojamento desta família, a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo confronta-se com prejuízos em infraestruturas do concelho.
O presidente do município, Carlos Pinto de Sá, disse hoje à agência Lusa que as obras de reparação dos danos em arruamentos, estradas e caminhos municipais do concelho deverão custar "cerca de 500 mil euros".
Devido à intensidade do vento, no fim de semana, caíram centenas de árvores no Alentejo, deixando algumas estradas cortadas temporariamente, além de terem desabado barracões agrícolas.
Maior horticultor de Ponte da Barca ficou sem as 12 estufas
O mau tempo do último fim de semana destruiu as 12 estufas do maior horticultor de Ponte da Barca, provocando um prejuízo superior a 30 mil euros, disse hoje à Lusa o proprietário.
"Foi praticamente tudo pelos ares e, sinceramente, já nem sei se vale a pena continuar", referiu José Manuel Dias.
Este horticultor tem 5600 metros quadrados de estufas, onde cultiva "pimentos padrón", alface, tomate e feijão verde.
"Não tenho seguro, porque me pedem valores elevadíssimos e isto não dá para esses luxos", acrescentou.
Há seis anos, as estufas de José Manuel Dias, situadas na freguesia de S. Martinho de Crasto, já tinham sido destruídas por um tornado, provocando prejuízos avaliados em 35 mil euros.
"Desta vez, ainda não fiz as contas, mas penso que não deverá andar longe dos 30 mil euros", disse ainda.
José Manuel Dias mostra-se cético em relação a eventuais ajudas do Governo, pelo menos a avaliar pela experiência anterior.
"Na altura, também por cá passou muita gente, com promessas e mais promessas, mas a verdade é que, até hoje, não chegou cá nada", criticou.
Com 38 anos de idade e pai de um filho menor, José Manuel Dias sempre retirou das estufas o sustento para a família, mas agora não esconde o desânimo. "Sinceramente, não sei se tenho forças para continuar", rematou.