Chile: Forte sismo provocou pelo menos um morto e cem feridos
O Chile foi hoje abalado por um forte sismo de magnitude 7,7 na escala de Richter que provocou pelo menos um morto e uma centena de feridos e foi sentido no Peru, Bolivia e Brasil.
O jornal El Mercurio, de Antofagasta, noticiou no seu «site» na Internet que uma mulher de 88 anos morreu ao ser atingida por uma parede de um edifício que se desmoronou, quando circulava no centro daquela cidade situada a 1.556 quilómetros a norte da capital, Santiago do Chile.
Os media chilenos dão também conta de pelo menos 100 feridos, dois dos quais se encontram em estado grave, segundo disse o director do hospital de Antofagasta, Juan Urrutia.
Segundo o serviço sismológico da Universidade do Chile, o forte sismo ocorreu cerca das 12:43 locais (15:43 em Lisboa), com epicentro a 35 quilómetros a leste de Tocopilla, cerca de 1.630 quilómetros a norte da capital, Santiago do Chile.
O Gabinete das Situações de Emergência chileno (Onemi) anunciou que pelo menos 20 pessoas ficaram feridas na cidade de Maria Elena, cujo presidente da câmara, Eduardo Ahumada, deu conta de estragos em alguns edifícios.
O vice-ministro do Interior chileno, Felipe Harboe, disse que «algumas pessoas ficaram feridas, aparentemente nenhuma com gravidade», na cidade portuária de Tocopilla, onde algumas casas ficaram danificadas.
As primeiras informações davam conta também de danos materiais nas cidades de Calama e Arica.
Em Antofagasta, onde se registaram cenas de pânico, a pala da entrada de um hotel ruiu e destruiu algumas viaturas que estavam estacionadas nas proximidades.
O aeroporto de Antofogasta foi evacuado, depois de ter sofrido alguns estragos.
Noutras localidades, registaram-se interrupções no fornecimento de energia eléctricas e cenas de pânico da população.
Face à magnitude do sismo, as autoridade chilenas fizeram um alerta de tsunami, que anularam algumas horas depois.
«Descartamos o risco de um tsunami», disse a directora do Onemi, Carmen Fernández.
O sismo também foi sentido em Santiago do Chile, segundo disseram à Lusa duas funcionárias da embaixada de Portugal na capital chilena.
«Todos na embaixada sentiram bastante. As portas, as secretárias e os computadores abanaram e algumas pessoas ficaram um pouco tontas, mas tirando isso não houve mais nada nas nossas instalações», disse uma das funcionárias contactadas telefonicamente a partir de Lisboa.
«Pensei que me estava a sentir mal», contou à Lusa outra funcionária da embaixada portuguesa.
A representação diplomática de Portugal iniciou de imediato contactos com os poucos portugueses que vivem no norte do Chile e ao fim do dia não havia notícias de que algum deles tivesse sido afectado pelo sismo.
Segundo a embaixada de Portugal em Santiado do Chile, cerca de 200 portugueses residem actualmente no Chile, maioritariamente concentrados na região da capital e Valparaíso.
O sismo, que foi seguido de algumas réplicas, duas das quais com magnitude superior a 5 na escala de Richter, também foi sentido no Peru, Bolívia e Brasil.
Em várias cidades do estado de São Paulo, a protecção civil e os bombeiros foram alertados por residentes que sentiram o abalo, mas não há notícias de vítimas.
A geofísica brasileira Tereza Yamab considerou normal a preocupação da população com o sismo, que foi sentido em diversos edificios altos da Avenida Paulista, no centro de São Paulo.
«O terremoto no Chile libertou ondas de energia que 'caminham' por debaixo da terra em todas as direcções e apenas uma parte chega à superficie e a sorte é que essa energia vai enfranquecendo», declarou ao «site» G1.
O Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS) também emitiu um alerta de tsunami para as costas do Chile e do Peru, que foi retirado algumas horas depois.
«Se nenhuma vaga significativa é observada duas horas após a hora estimada de chegada, as autoridades locais podem supor que a ameaça passou», refere o USGS, em comunicado.
John Bellini, do USGS, disse que o epicentro do sismo foi pouco profundo, cerca de 60 quilómetros, e que um abalo com esta magnitude poderia ter consequências muito graves se ocorresse perto de zonas mais densamente povoadas e desenvolvidas.
«Se um sismo com esta magnitude e com a mesma profundidade ocorresse perto de Santiago, haveria muito mais estragos e vítimas», afirmou.
Bellini acrescentou que o sismo ocorreu «numa das regiões de maior actividade sísmica do mundo», onde a placa tectónica Nazca se desloca para debaixo da placa sul-americana.
Em 1939, um simo matou 28.000 pessoas no Chile.
Em 1960, um terramoto com magnitude 9,5 na escala de Richter - o maior registado no século XX - provocou 5.700 mortos no país.
Mais recentemente, a 13 de Junho de 2005, um sismo de magnitude 7,8 próximo de Tarapaca, norte do Chile, provocou 11 mortos e milhares de desalojados.